10 de março, de 2019 | 09:00

Pedintes incomodam no comércio em bairro de Ipatinga

Os empreendedores do bairro Cidade Nobre alegam que o número de pedintes e moradores em situação de rua tem aumentado a cada dia

Wôlmer Ezequiel
Os estabelecimentos comerciais do bairro Cidade Nobre se tornaram locais preferidos de moradores em situação de rua e, principalmente, de pedintes Os estabelecimentos comerciais do bairro Cidade Nobre se tornaram locais preferidos de moradores em situação de rua e, principalmente, de pedintes

A situação criada com a presença de pessoas que pedem nas ruas, para os comerciantes no bairro Cidade Nobre, em Ipatinga, tem se tornado insustentável. Os empreendedores alegam que o número de pedintes e moradores em situação de rua que ocupam as proximidades dos estabelecimentos tem aumentado. Conforme os comerciantes, muitos pedem dinheiro ou comida para os clientes e funcionários, mas quando não são atendidos, costumam ficar agressivos.

O lojista Frederico Borges, que possui estabelecimento comercial na avenida Monteiro Lobato, explica que a situação envolvendo os pedintes ficou crítica após a liberação da avenida Maanaim, que interligou as principais vias do Cidade Nobre a outros bairros. “Houve uma migração dos pedintes para o Cidade Nobre. Tenho loja no Centro e posso afirmar que várias pessoas que ficavam pedindo dinheiro no Centro foram para o Cidade Nobre. Lá parece que conseguem arrecadar mais esmola. O comércio já está ruim atualmente e essa situação está atrapalhando as vendas. Tive que até contratar um segurança”, observa.

O proprietário de uma sorveteria na avenida Carlos Chagas, Sérgio Bacelar, ressaltou que muitos clientes dão esmola por ficar com medo dos pedintes, que costumam ficar rodeando o estabelecimento durante o dia. “Muitos ficam pedindo dinheiro ou comida aqui nas proximidades. Eles até costumam trocar os alimentos por droga depois. Os funcionários já até contaram que, em apenas um dia, uns quatro pedintes passam em frente à sorveteria cerca de 10 vezes”.

Agressivos

Sérgio Bacelar também destacou que os pedintes entram na sorveteria e ficam coagindo os clientes e funcionários até conseguirem um dinheiro. “Já tive dois empregados que pediram demissão por causa disso. Já teve caso de os pedintes entrarem para fazer ameaças, jogar refrigerante no chão, esmurrar a porta e falar que vai pegar o funcionário depois do expediente, ou seja, eles são bem agressivos. Uma vez, uma cliente minha até pediu para acompanhá-la até o seu carro de tanto medo que estava. Então, nesse momento estou analisando a possibilidade de contratar um segurança”, contou o comerciante.

Políticas públicas

Na avaliação da presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública (Consep), setor 7, Maria Julia Bomfim, a maioria das pessoas que pede dinheiro no Cidade Nobre não é formada por moradores em situação de rua. “São pessoas que possuem residências e famílias, mas como são usuárias de drogas, preferem ficar na rua, pedindo dinheiro. E os parentes dessas pessoas não têm condições financeiras para internações. Então faltam mais políticas públicas para melhorar essa situação no bairro e município”, acrescenta.

Aumento de reclamações

A sargento da Polícia Militar, Simone Valentim, que atua nas proximidades do Cidade Nobre, relatou que houve um aumento de reclamações por parte dos comerciantes em relação à perturbação e ameaças de pedintes. “Como trabalho nas proximidades do bairro, tenho contato direto com os comerciantes. Os pedintes perturbam muito, principalmente, quando é menor de idade, porque se sentem impunes. A situação está ficando insustentável, alguns ainda são agressivos. Muitos pedintes ganham até sete marmitas e trocam depois em pedra de crack. Outros já ficam zoando até os funcionários dos comércios, falando que ganham mais dinheiro do que eles”, disse.

A policial militar também acrescentou que, por enquanto, não houve um aumento do número de furtos nos comércios do Cidade Nobre, porém, percebe-se que nas proximidades do bairro passou a ter mais casos de furto e roubo. “Depois da liberação da avenida Maanaim, foi registrado um aumento do número de casos de furtos e roubos de bicicletas e celulares nas áreas mais escuras do bairro. Já nas proximidades do comércio, fica difícil disso ocorrer, porque os pedintes chamam atenção das pessoas quando se aproximam, aí elas já ficam alertas”.

Resistência

Procurada pelo Diário do Aço, a administração de Ipatinga informou, por meio de nota, que Ipatinga, assim como outros municípios, vivencia o fenômeno da população em situação de rua, que é um drama social complexo que precisa ter o envolvimento de diversos segmentos da sociedade para encontrar soluções.

“A administração de Ipatinga informa que diariamente uma equipe de abordagem social da Secretaria Municipal de Assistência Social realiza o atendimento aos moradores em situação de rua. Esse procedimento já é realizado sistematicamente em diversas áreas da cidade, e o grande obstáculo para o êxito das ações é a resistência do público-alvo a se submeter a qualquer convenção ou formas de organização, como horários e outros limites, elegendo pontos preferenciais e teoricamente mais vantajosos para a mendicância e financiamento de substâncias químicas, em muitos casos”, destaca a nota.

A administração municipal acrescenta que não existe uma legislação que proíba a permanência dessas pessoas na rua. Elas estão resguardadas pelo direito de ir e vir, como qualquer cidadão. “Já as pessoas em situação de rua que aceitam a assistência oferecida pelo poder público podem contar com os seguintes serviços: o Centro Pop - Centro de Referência Especializado para a População de Rua, situado na rua Pouso Alegre, 34, no Centro. E a Casa de Acolhimento Parusia, que fica na avenida João Valentim Pascoal, 40, no Centro, que acolhe para pernoite”, concluiu a nota.
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Comentários

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Guilherme

12 de março, 2019 | 09:29

“O Brasil ficou 14 anos nas mãos do PT. O Bolsonaro (eleito democraticamente) está no governo há menos de 3 meses. E a culpa pelo aumento da pobreza é dele? Canalhas!!! Torcer para que um governo dê errado é o mesmo que torcer para o seu prédio desabar porque você não gosta do síndico. Canalhas!!!”

Boneca

12 de março, 2019 | 08:46

“Não e so la que e bairro de classe media alta, ou se não alta. Pedinte tem em todos os lugares, qualquer lugar tem um. Domingo almoçando com minha família, em uma churrascaria no Veneza 1, surgiu um que me jogou tanta praga devido eu não ter dinheiro no momento ( uso cartão) que eu quase dei meu carro e minha família pra ele, desejava tudo da morte e uma doença as crianças, se você não da corre risco. Olhem o bairro dos ricos, mais os mais simples também fazem parte da cidade.”

Messias Bozo Mito

11 de março, 2019 | 21:53

“Parabéns aos envolvidos. Colocaram um mentecapto mitomaniaco no poder. .. Pediram liberalismo na economia. Esqueceram que para existir um rico, outros têm de comer lavagem. Peçam socorro ao deus mercado. Mas se bater panela fazendo arminha e dançando com a camisa verde e amarela e bico de pato, as coisas voltam como era antes do golpe. Todo castigo para corno é pouco!”

Joao Ferreira

10 de março, 2019 | 23:38

“Crack, com ele ninguém pode... NINGUÉM”

Guilherme

10 de março, 2019 | 22:16

“Situação difícil! Pena dos comerciantes do bairro. Quem é comerciante sabe das dificuldades que passamos. Geramos empregos, ajudamos no sustento de nossa família e de nossos colaboradores. Pagamos impostos altíssimos, independente se a empresa gera lucro ou não. O crescimento do números de usurários de droga no Brasil vai contra uma tendência de estabilização nos outros países, segundo a ONU. O aumentos desses números, na minha opinião é uma questão de responsabilidade do Estado. Estado que está quebrado, pela má gestão.”

Maria Lima

10 de março, 2019 | 20:49

“Que os mesmos moradores que se vestiram de verde amarelo e pediram o país de outrora de volta, batam suas panelas, façam sinal de arminha que tudo passa.”

Cid

10 de março, 2019 | 12:09

“A mendicância é o reflexo dessa sociedade hipócrita e desigual. A ganância e a exploração da força de trabalho a fim de obter lucro e acumular bens é uma das causas dessa situação. Não há eqüidade social. Não há compaixão. Mendigos nas portas de comércios é apenas uma amostra da "Lei do Retorno". E todos os que condenam os pedintes têm seus momentos de mendicância, principalmente quando levam suas demandas aos políticos em troca de apoio. É a miséria da vida humana se mostrando como resultado da mediocridade dos cidadãos.”

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