23 de fevereiro, de 2019 | 16:11

Ajuda humanitária cruza fronteira de Brasil com Venezuela, diz Araújo

A fronteira do lado venezuelano foi fechada na quinta-feira à noite pelo regime do presidente Nicolás Maduro.

Um dos dois caminhões com ajuda humanitária enviado pelo Brasil e pelos Estados Unidos para a Venezuela cruzou a fronteira em Pacaraima (RR), neste sábado (23), e encontra-se em território venezuelano, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

“Poucos minutos atrás tivemos a notícia de que o primeiro caminhão com ajuda humanitária brasileira e americano cruzou a fronteira e entrou no território venezuelano e agora está se vendo como vai ser o descarregamento do caminhão”, disse Araújo em um vídeo publicado por volta das 14h45 no perfil oficial do Itamaraty. “Esperamos que essa ajuda chegue efetivamente ao povo venezuelano”, acrescentou.

Os dois caminhões com ajuda humanitária, com placas e motoristas venezuelanos, partiram na manhã deste sábado, percorrendo os 214 quilômetros até Pacaraima, onde a fronteira do lado venezuelano foi fechada na quinta-feira à noite pelo regime do presidente Nicolás Maduro.

Poucos minutos após o anúncio de Araújo, o presidente Jair Bolsonaro publicou em seu perfil oficial no Twitter uma mensagem em espanhol de apoio ao povo venezuelano: “Fuerza a nuestros hermanos venezolanos! ¡Dios al mando!”, escreveu.

O Governo de Bolsonaro está armazenando alimentos e remédios em uma base aérea de Boa Vista, capital de Roraima, um dos Estados mais pobres do país. Lá aterrissou nesta sexta-feira um avião de carga C-767 da Força Aérea Brasileira carregado de arroz, açúcar e leite em pó doados pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês), informou ali mesmo seu representante no Brasil, Michael Eddy.

O carregamento também incluía várias caixas de medicamentos entregues pelo Governo do Brasil. Segundo o representante norte-americano, até este sábado devem chegar a Boa Vista 178 toneladas de ajuda humanitária. O Governo não detalhou qual será sua contribuição total.

O governo de Nicolás Maduro considera a insistência da entrega de doações uma provocação "patrocinada" pelo governo estadunidense de Donald Trump.

Em agosto de 2017, Trump impôs sanções ao que chama de "ditadura" na Venezuela com a intenção de "restabelecer a democracia" no país sul-americano.

"A nova medida do presidente proíbe realizar transações com títulos da dívida venezuelana e comprar bônus de sua empresa estatal petroleira (PDVSA)", diz o comunicado da Casa Branca.

A medida foi um golpe nas finanças do país sulamericano que arrecada, com a exportação de petróleo, US$ 96 de cada US$ 100 em divisas e que, por causa da necessidade de importar alimentos, medicamentos e bens de primeira necessidade, depende muito do desempenho do petróleo no exterior.

Ricardo Moraes
Limite da barreira dos militares venezuelanos na fronteira entre Brasil e VenezuelaLimite da barreira dos militares venezuelanos na fronteira entre Brasil e Venezuela


Tensão na fronteira

Nos arredores da fronteira, o clima é de tensão, com o registro de manifestações de populares que defendem a entrada da ajuda humanitária na Venezuela. Imagens de TV mostraram o uso de gás lacrimogêneo pelas forças de segurança venezuelana para dispersar manifestantes.(Felipe Pontes – Repórter da Agência Brasil Brasília)

Como resultado da presença de militares, soldados venezuelanos abriram fogo contra compatriotas indígenas em Kumarakapay, a 80 quilômetros da passagem de Pacaraima. Dois civis morreram e pelo menos 12 ficaram feridos, confirmaram líderes indígenas à imprensa.

O incidente entre os soldados venezuelanos e os indígenas ocorreu do lado venezuelano da fronteira com o Brasil quando estes tentavam impedir que os militares avançassem por seu território, que é também um parque natural, afirmaram fontes ligadas a Guaidó em Boa Vista. Os feridos foram levados para um hospital desta cidade.

O caso foi no lado venezuelano da fronteira com o Brasil. O venezuelano Salomón Pérez, de 45 anos, chegou nesta sexta-feira ao hospital de Boa Vista na mesma ambulância em que transferiram seu irmão Alfredo, de 48 anos, ferido de bala. Dois de seus sobrinhos, de vinte e poucos anos, também são admitidos junto com seis outros indígenas Pemón-Taurepan.

O incidente ocorreu no início da manhã em sua comunidade, Kumarakapay, a cerca de 80 km da fronteira. "O Exército, a Guarda Nacional, chegou para proteger a fronteira. Os indígenas saíram na estrada para conversar com o general e começaram a atirar ", explica este membro da comunidade indígena. Os feridos conseguiram atravessar a fronteira de ambulância, embora a Venezuela tenha decretado o fechamento na quinta-feira.

Presidente autoproclamado chama militares para o seu lado

Em pronunciamento conjunto na fronteira da Colômbia com a Venezuela, o presidente colombiano, Ivan Duque, e o autoproclamando presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, apelaram às Forças Armadas venezuelanas, fieis a Nicolás Maduro, para que desertem e “fiquem do lado certo da história”.

Pouco depois do pronunciamento, dez caminhões com ajuda humanitária se dirigiram para a fronteira da Colômbia com o objetivo de atravessá-la. Imagens de TV a partir de Ureña, no lado venezuelano, mostram os militares dispersando manifestantes com gás lacrimogêneo e uso da força. Guaidó tem apoio de Donald Trump.
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