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23 de fevereiro, de 2019 | 10:49

Facada certa

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
O torcedor do Galo ficou preocupado, e com razão, depois da notícia de que, por conta de um atraso no envio da inscrição dos jogadores, o clube poderia ser punido e até mesmo perder a classificação para o Defensor do Uruguai na fase de grupos da Libertadores.

O processo burocrático de inscrição de jogadores nessas entidades donas das competições de futebol é complexo, caro, pois o clube paga por atleta inscrito e, no caso da Conmebol (Confederação Sul-Americana), paga em dólares.
O presidente do Galo, Sérgio Sette Câmara, tão logo soube da denúncia, ainda no Uruguai, envolvendo 21 clubes, entre eles oito do Brasil, disse que o Galo enviou a lista 24h antes do prazo à CBF, transferindo a batata quente para o colo da entidade.

Esta, por sua vez, disse em nota que os procedimentos adotados foram corretos e que “há possibilidade de falha na autenticação do sistema eletrônico Comet, da Conmebol”. Afirmou, ainda, que, na sua visão, a falha “não configura irregularidade na inscrição das equipes, podendo resultar, no máximo, em aplicação de multa”.

Ah! Bom. Agora eu entendi! Vocês também? Afinal de contas, Federações, CBF, Conmebol e tribunais esportivos adoram aplicar multas, cuja grana ninguém sabe, ninguém vê para onde vai, ou melhor, dá para imaginar.
Os clubes chilenos já foram punidos com uma multa de aproximadamente R$ 55 mil cada um, então, vamos ver quanto será que o Galo e os demais irmãos brasileiros vão ter que pagar.

Certo é que já podem ir se preparando para enfiar a mão no bolso, pois a facada é inevitável e dela ninguém escapa. Ou paga, ou cai fora.

Até que enfim
Chamou a atenção na última semana uma greve dos jogadores do Fluminense, que se recusaram a treinar cobrando salários e gratificações atrasadas pelo clube, desde novembro do ano passado.
Quanta irresponsabilidade da diretoria do tricolor carioca, que dias atrás havia repatriado Paulo Henrique Ganso, com status de ser uma das mais altas transações do futebol nacional nesta temporada.

Cartolas tipo este Paulo Abad, presidente do Fluminense, existem aos montes por aí, muito em função da legislação do futebol brasileiro ser fraca, omissa, no que tange ao controle financeiro dos clubes.
Agora, finalmente, a CBF está acenando com medidas como a criação do chamado “fair-play” financeiro, nos moldes do que já existe na Europa, que pode colocar um freio ou dar um basta nesta farra da cartolagem nacional com o dinheiro dos clubes, salvo raríssimas exceções.

FIM DE PAPO
Para implantar o chamado “fair-play” financeiro, a CBF contratou o economista César Grafietti, ex-executivo do Itaú/BBA, que há pouco liderou uma equipe responsável por levantar a capivara financeira completa dos clubes brasileiros. Considerado referência nacional no assunto, Grafietti já teria iniciado conversas com diretores e vice-presidentes financeiros dos principais clubes para ouvir suas opiniões. Esta semana ele viaja para a Europa, onde pretende se reunir com Sefton Perry, responsável pela criação do “Fair-Play” financeiro da União Europeia de Futebol.

A fórmula para barrar a farra financeira dos clubes já existe na Europa, possibilitando um equilíbrio para que os cartolas não façam loucuras, gastando mais do que arrecadam, sobretudo com salários e contratações de jogadores. O problema é conseguir aprovar as medidas e colocá-las em prática aqui neste país, onde há sempre um “jeitinho” para burlar as leis e viver sob o manto da impunidade. É como diz o mineiro Beto Guedes em “Sol de Primavera”, clássico da MPB: “A lição sabemos de cor/ Só nos resta aprender”.

A CBF apresentou na quinta-feira, em uma reunião com os representantes de clubes da série A, algumas novidades para a atual temporada, entre elas a adoção do árbitro de vídeo (VAR) nos 380 jogos do Brasileirão, cuja despesa será custeada por ela, o que já deveria ter sido feito ano passado. Mas boa nova mesmo foi a proposta de que os clubes só possam trocar o treinador uma vez por ano.

Então, aí é que a porca torce o rabo. O que os cartolas mais gostam de fazer é mandar o treinador embora, tão logo surjam as primeiras turbulências pela falta de resultados, como forma de encobrir seus próprios erros e acalmar o ânimo dos torcedores. Por outro lado, os treinadores também gostam desta ciranda, pois ficam pulando de galho em galho, às vezes recebendo salários de até três clubes diferentes no mesmo ano, graças à quebra de contratos. A máxima do mestre Telê Santana nos anos 1990 continua em alta: “O futebol brasileiro não é para gente séria”. (Fecha o pano!)
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