20 de fevereiro, de 2019 | 16:30

Ser voluntário é se ajudar ajudando aos outros

Marcolino Ferreira Ramalho *

A cidade de Brumadinho é hoje o centro das atenções no país e no mundo. O trágico acontecimento do rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão mobilizou a opinião pública, as autoridades, a mídia, e um número crescente de voluntários. Pessoas anônimas que não têm no anonimato um impeditivo para se colocarem a serviço e auxílio ao outro. Pessoas que embasadas em uma vontade de amparar a necessidade do outro que precisa, movendo-se com um gigantesco bom senso de disponibilidade, que não visa remuneração, mas o serviço espontâneo dirigido ao que dele carece, ofertam o conhecimento, a força e os bens, para ajudar.

Mas, chama-nos a atenção o fato da ação desses voluntários ser amplamente reconhecida. São voluntários de uma tragédia que poderia ter sido evitada e que se desdobram na incansável corrida pela vida. Muito embora, em grande número, seja uma corrida tomada pelo horror da morte constatada quando mais um corpo é localizado.

Da busca aos sobreviventes do desastre, à busca por corpos dos desaparecidos, estão eles, os voluntários, compondo uma força a mais no amparo aos familiares. Mas não falaremos daqueles voluntários, porém, dos voluntários que estão perto de nós. Pessoas também anônimas para a grande maioria, mesmo que, intensamente conhecidas pelos que delas muito necessitam.

E porque não nos chama, com tanta intensidade, a atenção estes voluntários que travam incansável corrida pela vida? Pessoas que com grande interesse social solidário, empenham-se em ações para facilitar o acesso a direitos, promoção de saúde, tratamento e recuperação, desenvolvimento humano, apoio e suporte à pessoa, a um grupo de pessoas, à entidade pública, à instituição privada sem fins lucrativos, etc.

As cidades do Vale do Aço detêm um grande número de entidades que funcionariam melhor se mais pessoas dispusessem seu conhecimento e força para ajudá-las a cumprir seu papel social.

Tais voluntários, pessoas simples, que, sem apoio logístico do Estado ou de qualquer empresa, deslocam-se por longas distâncias para se colocarem a trabalho, a serviço de outros anônimos. Existem muitas instituições (asilos, creches, comunidades terapêuticas, hospitais, etc.), grupos comunitários que demandam a ajuda de pessoas dispostas. Pessoas que se voluntariam a abraçar pessoas institucionalizadas que há muito tempo não vêm seus familiares, pessoas que leem livros e brincam com crianças abrigadas, pessoas que sensibilizadas com o desamparo de alguns, distribuem alimentos. Muitas formas simples de ajudar, de se voluntariar.

Em Ipatinga funciona há 30 anos uma dessas entidades que dedica seus esforços ao cuidado de anônimos. Enaltecemos o trabalho de voluntários dedicados há muitos anos ao resgate de pessoas através da Comunidade Terapêutica Fazenda Água Viva. Voluntários na aprendizagem, na espiritualidade, no apoio psicológico. Individualmente ou em grupos estão neste trabalho de salvar vidas, auxiliar famílias, orientar para a prevenção a sociedade acerca dos riscos do uso de drogas lícitas ou ilícitas. Pessoas que abrem mão de estar ao lado de seus familiares, pessoas que poderiam estar sendo remuneradas por aquele trabalho, pessoas que só se preocupam em se doar para o bem do outro.

Um trabalho pelo próximo, feito a muitas mãos, havendo muitas formas de compreender a necessidade, muitas formas de propor ajuda, mas, contudo, um só sentimento e um só coração, um só olhar solidário que oferta entendimento de que se for difícil fazer sozinho, juntos nós conseguimos melhor.

Solidarize-se com alguma forma de ação social, voluntarie-se ao cuidado de alguém. Faz bem: primeiro a você, depois ao outro.

Os voluntários da Fazenda Água Viva tem sido referência em dedicação e comprometimento como voluntários. E aprendemos com a fala deles: " são vidas salvando vidas. Principalmente as nossas."

* Psicólogo da Comunidade Terapêutica Fazenda Água Viva, pós-graduado em Dependência de Drogas.
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