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18 de fevereiro, de 2019 | 14:29

Gaeco explica andamento da Operação Dolos, que investiga vereadores de Ipatinga

No dia da operação, foram cumpridos mandados de prisão, busca e apreensão na Câmara de Vereadores de Ipatinga

Wôlmer Ezequiel
A entrevista contou a participação de Matheus Beghini, coronel Sérvio Túlio, Bruno Schiavo, Gilmaro Alves e Francisco ÂngeloA entrevista contou a participação de Matheus Beghini, coronel Sérvio Túlio, Bruno Schiavo, Gilmaro Alves e Francisco Ângelo
Atualizada às 17h53
Os integrantes do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Ipatinga concederam uma entrevista à imprensa, na sede do Ministério Público, nessa segunda-feira (18), para explicar a Operação Dolos, que foi executada na sexta-feira (15). A operação tem como intuito investigar atos ilícitos praticados por vereadores, envolvendo o recolhimento de parte do salário de assessores, além de outros delitos, como falsificação de documentos.

Participaram da entrevista o coordenador do Gaeco, os promotores de Justiça Bruno Schiavo, Francisco Ângelo e Matheus Beghini, o delegado da PC Gilmaro Alve, e o comandante da 12ª Região de Polícia Militar, Coronel Sérvio Túlio Mariano Salazar.

No dia da operação, foram cumpridos mandados de prisão, busca e apreensão em gabinetes dos investigados, na Câmara de Vereadores de Ipatinga e nas residências deles. Representantes do MP e policiais vasculharam gabinetes de quatro vereadores, em busca de provas dos atos ilícitos.

Conforme o promotor Bruno Schiavo, as buscas e apreensão na Câmara ocorreram após o oferecimento da denúncia à Justiça, ou seja, já existiam provas suficientes e indícios de que as pessoas denunciadas, entre elas, vereadores e alguns assessores, participaram da ação criminosa. “Então, dentro da Câmara, estávamos finalizando a fase investigativa e buscando angariar dentro dos gabinetes materiais que comprovassem aquelas provas que nós já tínhamos até então no procedimento investigatório”, informou.

Início

Ainda segundo Bruno Schiavo, a investigação teve início a partir de outra apuração, que era oriunda de um vereador, até então, assessor parlamentar. Com isso, passou-se a apurar não somente o parlamentar, mas também toda a Câmara de Vereadores. “Nós começamos a investigação em 2016, que envolvia o vereador Rogerinho, que na época, era assessor. Oferecemos a denúncia à Justiça e partir de então pedimos para que houvesse um desmembramento nessa investigação e o juiz autorizou para que nós continuássemos a apurar todas as propinas”.

Foragido

O promotor Schiavo ressaltou que na Operação Dolos houve três mandados de prisão preventiva, desse total, dois foram cumpridos, conforme já noticiado pelo Diário do Aço, contra o vereador Luiz Márcio (PTC) e o assessor Ivan Menezes, do gabinete do vereador Paulo Reis (Pros). “O vereador Rogerinho (PSL) é o único dos denunciados que ainda não foi preso. Estamos procurando, as diligências continuam e para nós ele está foragido, o que só corrobora com um dos nossos pedidos. Falamos que era necessário prendê-lo, para que não houvesse reiteração criminosa, já que ele foi denunciado anteriormente por nós, e agora ele está mostrando para que está foragido da Justiça desde sexta-feira (15), mais um motivo para manter a prisão preventiva dele”, ressaltou Schiavo.

Já publicado:
Assessor de gabinete da Câmara de Ipatinga é preso

Denunciados

O promotor Francisco Ângelo informou à imprensa que ao todo são 12 denunciados, dos quais, três são vereadores, além de assessores parlamentares que se prontificavam a participar do esquema. No entanto, o promotor afirma que nem todos os assessores são envolvidos com os atos ilícitos praticados na Casa Legislativa, já que a maioria é considerada vítima. “Os vereadores já denunciados são o Rogerinho, Luiz Márcio e Paulo Reis. Acreditamos que ainda vamos evoluir mais nas investigações. Essa ainda é a primeira fase da operação, com buscas e apreensão. Nunca vamos conseguir debelar a criminalidade como um todo, principalmente de ‘colarinho branco’, mas acredito que com essa investida e com as demais que virão, permitirá para que isso não continue ocorrendo”.

Outros envolvidos

O delegado de Polícia Civil, Gilmaro Alves, ressaltou que além de vereadores e assessores, há o envolvimento de empresários no esquema de desvio de dinheiro. “Tem empresários que manipulavam os repasses ou escondiam o dinheiro. Há um caso de um dono de empresa de celular que emprestava seu nome e conta bancária para que os empréstimos, que saiam de um banco, fossem direcionados à conta bancária. Assim, ele retirava os valores e devolvia aos parlamentares”, explicou Gilmaro.

Na denúncia também consta um caso de uma funcionária da Secretaria de Saúde de Ipatinga, cuja vaga foi conseguida pelo gabinete de um vereador, e que era coagida a repassar parte do seu salário ao gabinete do vereador que a indicou.

Entenda

Uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Minas Gerais, com participação das polícias Civil e Militar, cumpriu mandados de prisão, busca e apreensão na Câmara de Ipatinga, na tarde de sexta-feira (15). A Casa Legislativa chegou a ficar com as portas fechadas, por algumas horas, no começo da tarde. As buscas foram feitas em quatro gabinetes de vereadores, dos quais foram levados computadores, celulares e documentos.

Em nota, o Gaeco informou que essa foi a sequência da Operação Dolos, que teve como objetivo cumprir três mandados de prisão e sete mandados de busca e apreensão na cidade de Ipatinga. Apenas dois dos envolvidos foram presos, entre eles, um vereador e um assessor parlamentar.

Conforme a nota do Gaeco enviada à imprensa, a investigação teve como finalidade apurar as possibilidades de associação criminosa, organização criminosa e crimes contra administração pública. “As investigações dão conta que alguns vereadores em Ipatinga contratavam pessoas com a finalidade de recolherem parte dos salários. As fraudes consistiam principalmente em três metodologias, a primeira, no recebimento e entrega de valores em espécie ao representante do legislativo, a segunda na retenção do cartão bancário com o repasse de ínfimo valor ao funcionário (que na verdade também não prestava serviço à Câmara Municipal de Ipatinga/funcionário fantasma), com a subsequente manipulação na folha de ponto, enquanto que a terceira, o vereador determinava a realização de empréstimos bancários por parte de servidores com o saque e transferência para contas de interpostas pessoas (laranjas) visando maquiar o real destino dos valores”. Veja vídeo com a entrevista:



Procurador da Câmara de Ipatinga explica procedimento após prisão de vereadores

Na tarde desta segunda-feira (18), o procurador da Câmara de Vereadores de Ipatinga, Adalton Lúcio Cunha, esclareceu em entrevista à imprensa os procedimentos necessários em relação aos vereadores envolvidos na denúncia do Ministério Público, que investiga atos ilícitos contra o poder público.

Conforme o procurador, a polêmica na Câmara não foi uma surpresa, já que poderia ocorrer a qualquer momento, mas lamentou o ocorrido. “É com tristeza que vemos esse capítulo da história da nossa cidade. Mas gostaria de dizer que a Câmara está acompanhando o processo desde quando a investigação iniciou e que está colaborando com o caso”.

Segundo Adalton Lúcio, assim que houve a prisão do assessor Ivan Menezes Teixeira, ligado ao gabinete do vereador Paulo Reis, alvo da Operação Dolos, o presidente do Legislativo, Jadson Heleno, determinou a exoneração do assessor parlamentar. “Em relação aos vereadores Luiz Márcio e Rogerinho, tão logo foram emitidos os mandados de prisão, a Câmara já tomou as providências de suspender seus mandatos. Com isso, os parlamentares não recebem mais subsídios, mas suas assessorias permanecem. E a lei prevê que, se dentro de 30 dias, o vereador continuar preso ou ter em aberto seu mandado de prisão, a lei autoriza a Câmara convocar seus suplentes”, explicou.
Wôlmer Ezequiel
Adalton Lúcio Cunha enfatizou que a abertura de uma CPI não é ideal no momentoAdalton Lúcio Cunha enfatizou que a abertura de uma CPI não é ideal no momento


CPI

O procurador também explicou que a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) não é ideal no momento, já que existe um volume grande de provas e indícios contra os vereadores. “A CPI no momento não viável, porque custa caro aos cofres públicos e para ela chegar a uma investigação tão avançada, como já está o Ministério Público e a Polícia Civil, levaria muito tempo”.

Comissão Processante

Adalton Lúcio ainda informou que a Casa Legislativa aguarda as investigações do Gaeco para que Câmara adote uma atitude em relação aos indiciados, por meio de uma Comissão Processante. “Abrindo um direito de ampla defesa, a Câmara irá poder desenvolver o processo para cassação do mandato do parlamentar, lembrando que em uma Comissão Processante, a lei prevê prazo máximo de 60 dias, ou seja, iniciado o processo de cassação, dentro desse intervalo de tempo já estaria concluído”, disse o procurador.

Wanderson Gandra rebate acusações e afirma que não foi denunciado

O vereador Wanderson Gandra (PSC) se defendeu das acusações por meio das mídias sociais e reafirmou ao Diário do Aço ser inocente. O parlamentar ressaltou que seu nome não consta na denúncia do Ministério Público, apenas seu gabinete foi alvo de mandados de busca e apreensão. “Tudo que temos foi com a força do nosso trabalho, hoje sou vereador, a notícia é que me envolvi com corrupção, centenas me atacando, dizendo que estou foragido, a polícia e MP estão fazendo o seu papel de investigação. O que fiz até hoje é trabalhar afinco, para atender bem a demanda de nossa cidade. Espero que a verdade venha à tona o mais rápido possível. Os que me difamaram terão vergonha pelo que fizeram”, destaca o vereador.

Vereador Paulo Reis ressalta que está à disposição da Justiça

O vereador Paulo César dos Reis (Pros) informou, por meio de nota, que colabora com as investigações e tem dado as informações solicitadas. “Tenho prestado todas as informações necessárias às autoridades competentes no sentido de elucidar os fatos narrados no decorrer do processo investigatório. Todos os esclarecimentos que forem necessários serão prontamente atendidos por mim e pelos servidores desse gabinete. Coloco-me assim à disposição do juízo para apuração dos fatos ocorridos”.



Já publicado:
Gaeco cumpre mandados de busca de apreensão em gabinetes de vereadores em Ipatinga

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Comentários

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Luan

19 de fevereiro, 2019 | 21:46

“Por que não publicam mais os meus comentários?”

Cidadã

18 de fevereiro, 2019 | 21:33

“As investigações devem continuar, essa prática deve estar acontecendo em outros gabinetes de vereadores. Infelizmente muitos veem a carreira política como comércio, negociando vagas em troca de favores pessoais. Se quiserem realmente pegar os demais envolvidos, é só analisar a evolução patrimonial de alguns vereadores que não é condizente com a remuneração de um vereador. Cadeia a quem merece.”

O Cidadão

18 de fevereiro, 2019 | 18:06

“Parabéns ao GAECO.
Esses políticos corruptos envergonham seus eleitores.
Os funcionários que participam dessa safadeza também tem que pagar.
CADEIA NELES.”

Palhaço

18 de fevereiro, 2019 | 17:00

“O chefe de gabinete de um vereador ai, enriqueceu mais ainda, se for olhar no escritório dele então, deve ter trem do arco da velha. Bandido e bandido de terno ou de boné da nike, Policia e o MP de Ipatinga, estão de parabéns, nos enquanto comunidade, população só temos que aplaudir vocês. Esse Dr. Gilmaro veio pra arrebentar, sou teu fã Dr. Continuem assim, por que as nossas cidades vizinhas vão fazer o certo, vendo o errado ir pro Ipaba.”

Rodrigo Graziani Oliveira

18 de fevereiro, 2019 | 16:33

“Da tristeza ver um poder legislativo que consome tanto recurso público e não devolve quase nada pra população.
Vereador não deveria receber salário (apenas uma ajuda de custo) e muito menos ter direito a cabide de empregos.”

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