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12 de fevereiro, de 2019 | 15:30

Valentines Day: O amor e a comercialização pelo capitalismo

Mauro Felippe *

A data celebrada em 14 de fevereiro, no exterior, é uma grande manipulação para incentivar o comércio. Será que a população esqueceu do verdadeiro significado da comemoração? Supostamente, o Valentine’s Day (Dia de São Valentim) foi criado para homenagear um santo católico, que viveu no século III. Entretanto, na época, existiram três santos com esse nome: um em Roma, outro em Terni (Itália) e o terceiro em uma Província Romana no Norte da África. Comemora-se a data em homenagem ao primeiro.

A celebração, no entanto, é um pouco macabra. O dia 14 de fevereiro foi marcado por sua decapitação, e há centenas de contradições sobre mártires da Igreja na época, pois haviam muitas pessoas chamadas Valentius (que significa valente, destemido), e talvez as histórias tenham se mesclado.

A própria Igreja Católica possui dúvidas sobre o São Valentim e seus feitos em vida. A lenda que é repassada, no entanto, é que São Valentim unia jovens em matrimônio, em uma época que os romanos caçavam os cristãos e os impediam de casar pois queriam que continuassem solteiros e servissem ao exército. Porém, a data do dia 14 de fevereiro foi escolhida pelo Papa Galásio I para substituir a Lupercália, festival pagão celebrado pelos romanos em homenagem à fertilidade, aos deuses Lupercus e à loba-mãe Lupa.

Mas, quando que o Dia dos Namorados (ou Dia de São Valentim) ganhou os contextos galanteadores que possui atualmente? O poeta Geoffrey Chaucer é creditado como sendo um dos incentivadores, com alguns se seus textos românticos creditando São Valentim. Charles d’Orléans também incitou que amantes denominassem uns aos outros como Meu Valentim (My Valentine).

Então, no Século XIX, grandes empresas perceberam o potencial que a data trazia em relação ao comércio ao lançarem os cartões para presentear o respectivo interesse amoroso. Esse processo se expandiu durante o século XX, com ainda mais produtos ‘específicos’ para amantes, como chocolates, flores, presentes, joias, e tantos outros itens de consumo que movimentam o mercado.

Já no Brasil, a data do dia 12 de junho foi estipulada em uma ação de João Dória (pai do atual governador de São Paulo), quando estava à frente de um projeto de publicidade da Exposição Clíper, uma conceituada loja da década de 1940. A data escolhida, segundo ele, antecede a comemoração do Dia de Santo Antônio, considerado pela população brasileira o Santo Casamenteiro.

Com tantas formas de demonstrar o amor, gastar dinheiro como representação disso é um grande golpe. Não vejo mal em demonstrações de afeto, carinho ou amor. Ao contrário. Quero que sejam cada vez mais verdadeiras, em um mundo que dá mais valor ao bem material do que os reais sentimentos. E também não pense acumular toda manifestação desse carinho em apenas uma data, quando ainda temos outros 364 dias ao ano para provarmos que o sentimento é verdadeiro.

* Advogado. Autor das coletâneas poéticas Nove, Humanos, Espectros e Ócio
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