09 de fevereiro, de 2019 | 15:00

Coisas do Ipatinga antiga

José Edélcio Drumond Alves *

Ipatinga de antigamente era distrito de Coronel Fabriciano, isso nos idos de 1950. A maior autoridade policial era sempre um delegado calça curta, um civil que era nomeado pelo governador do estado.

Uns poucos nomeados sentiam-se honrados com a nomeação. Mas a maioria queria e lutava politicamente pelo cargo com o objetivo de vingar-se do adversário político. Quando era da UDN vingava-se do pessoal do PTB e quando era petebista vingava-se dos udenistas.

Nesse rol de cidadãos, foi nomeado o Sô Barreto, que era fanhoso e bem tranquilo, mas um medroso de marca maior. Todos eles andavam sempre acompanhados dos “bate paus”, que eram civis, e umas das condições era ser bem truculento, mau, e temido pelo pessoal da Vila.

Um fato aconteceu durante o tempo que o Sr. Barreto era delegado: O Nezito era um bêbado enjoado, destes de fazer bagunça e insultar os outros. Um dia os “bate paus” prenderam ele e o levaram para a cela da cadeia, e avisaram à “ortoridade”.

O delegado foi sozinho lá para ver a situação do Nezito, filho de uma sua comadre. As boas línguas falavam que ele foi oferecer um prato de comida. Quando o sô Barreto estava chegando, o preso deitou fingindo de machucado, e gritava por socorro e chorava alto. De fora das grades o delegado mandava ele se levantar e ele respondia que não aguentava.Condoído e com paixão do preso, o delgado abriu a porta da cela deixando-a aberta e entrou.

Foi só chegar perto do preso que este deu um pulo de gato e correu para fora, trancando o Sô Barreto na cela, pois este havia deixado a chave no cadeado. E lá o delegado ficou preso por muito tempo. Quando os dois “bate paus” chegaram trazendo preso outro bêbado, o Neguinho e soltaram o velho delegado.

Eles ficaram tristes, pois o sô Barreto que era fanho, de tanto pedir socorro perdeu a voz. O Nezito se escondeu durante dias no colonião que havia nas redondezas da Vila, e quando saiu foi preso de novo e levou uma surra que teve de tomar banho numa agua com sal. Mesmo assim continuou bebendo e enchendo o saco de todo mundo.

* Advogado e empresário
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