Expo Usipa 2024 02 - 728x90

02 de fevereiro, de 2019 | 09:59

De mal a pior

Fernando Rocha

Divulgação
Os principais campeonatos estaduais na região Sudeste do Brasil, entre eles o Mineiro, entram hoje na 5ª rodada das fases classificatórias, de todo enfadonhas. E vão de mal a pior, sem nenhum atrativo, como diria o mestre José Rodrigues do Amaral, o ‘Carioca’, comentarista e um ícone dos anos de ouro do rádio no Vale do Aço nas décadas de 1980/90: “insosso, inodoro e incolor”.

Vemos times do interior cada fez mais fracos, um jogo atrás do outro sem nenhuma qualidade técnica, inclusive o clássico entre as duas maiores forças, Atlético e Cruzeiro, disputado domingo passado sob um sol escaldante, no horário esquisito das 11h, com os dois rivais ainda em ritmo de pré-temporada, além de uma arbitragem bisonha, digna da carcomida federação que temos, a grande e maior interessada em tudo isso.

A TV Globo paga caro para transmitir os Estaduais, e sentiu no bolso o desinteresse do público com a queda da audiência e vendas do “pay-per-view”, o que a fez exigir mudanças no calendário do futebol nacional, gerando uma discussão nos bastidores da CBF e federações, contrários a qualquer reforma na atual arcaica estrutura do velho esporte bretão.

Para despistar e dar uma satisfação à Globo, principal força do mercado que defende a reforma, os cartolas criaram uma “comissão” para discutir mudanças no calendário, que passaria obviamente pela redução dos estaduais, mas os trabalhos estão estagnados, claro, porque se a moita é verdinha, a vaca não sai do lugar.

Boicote do assinante
Para chegar ao ponto que chegou, é preciso entender os motivos que estão levando a Globo a jogar a toalha em relação aos estaduais. Para fazer girar a roda do futebol nacional, três linhas irrigam o faturamento bilionário da emissora do clã Marinho.

Na TV aberta, ganha com publicidade e os Estaduais estão inseridos no pacote do ano, que prevê transmissões em até 100 dias da sua grade; na TV fechada, durante este período, o Sport TV segue faturando, recebendo de assinantes que compram os jogos através do pay-per-view, seu principal produto, com faturamento atual estimado em cerca de R$ 1,5 bilhão só nesta temporada.

O problema é que esta receita tem caído ano a ano no período dos estaduais, pois os assinantes preferem manter o pacote de maio a dezembro, período que coincide com o Brasileirão, uma vez que os Estaduais perderam o interesse por uma série de motivos, mas, sobretudo, pelas fórmulas ruins e a má qualidade técnica das equipes participantes.

E ainda tem o fato do início do ano coincidir com os jogos de campeonatos importantes na Europa, como o espanhol, inglês, alemão etc, além da Liga dos Campeões, que atraem cada vez mais os torcedores.

FIM DE PAPO
Na terceira linha, a Globo está agora seguindo uma tendência mundial com o lançamento de pacotes online no estilo Netflix, em paralelo ao pay-per-view, que demandam cada vez mais atrações de qualidade. A solução, na avaliação dos executivos globais, seria estender para dez meses a competição mais importante do calendário, que é o Brasileiro, encolhendo os campeonatos estaduais.

Mas os presidentes das carcomidas federações não querem largar a rapadura de jeito nenhum. Em ‘off’, os cartolas dessas federações estão discutindo o assunto e traçam estratégias de resistência, caso a Globo cumpra mesmo a ameaça de não investir nos Estaduais, na medida em que os contratos forem se encerrando. No caso do Mineiro, isso seria em 2021. Uma coisa é certa: sem o dinheiro da TV Globo, a mamata acaba e as competições se tornam inviáveis financeiramente.

Formalmente criada pela CBF, a comissão encarregada de discutir o assunto ainda não deu sinal de vida. E chega a ser hilário, o argumento primordial dos presidentes de federações para se oporem à ideia de reduzir os estaduais, dizendo que isso “mataria a formação de talentos dos times pequenos do interior”. Aqui nos nossos grotões, há pelo menos uma década, não se tem notícia de um único jogador que tenha sido revelado pela vitrine do Estadual.

O resumo dessa ópera bufa sobre o futuro dos Estaduais é que, onde há ganância do empresário, a solução só aparece quando mexem no bolso dele. Neste caso, o agente da mudança é o consumidor de futebol, que compra os pacotes e não está mais disposto a pagar caro por um produto de má qualidade. Mesmo contra a vontade da cartolagem, mais dia menos dia isso vai acontecer, pois, afinal de contas, sendo o futebol um negócio, um tipo de comércio, “o freguês tem sempre razão”. (Fecha o pano!)
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
MAK SOLUTIONS MAK 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário