31 de janeiro, de 2019 | 06:55
Rogério Henrique se diz preparado e com entusiasmo para levar Ipatinga à elite e sua carreira bem mais longe
Em meio à pré-temporada, técnico do Ipatinga conta a sua história de paixão e de dedicação ao futebol, sua maneira de trabalhar e como está montando o elenco para o desafio de retornar o Tigre à elite quase uma década depois da última queda
Anderson Figueiredo
Trabalho com transparência e apostando num time sem grandes estrelas e baladeiros: a receita de Rogério para o Tigre subir de divisão em 2019

Próximo de completar 40 anos (dia 21 de março), o técnico do Ipatinga Futebol Clube, Rogério Henrique Alves, é um desses entusiastas do futebol, porém uma pessoa que se prepara e segue se preparando para dar cada passo em sua carreira, que tende a ser promissora na divisão de elite mineira e de outros grandes centros do futebol brasileiro.
Ele chegou a Ipatinga há quase um mês, depois de trabalhos bem sucedidos em clubes do "outro lado do estado" e, com a disposição de um iniciante, tem dado mostras de que irá montar um time forte no Módulo B do Campeonato Mineiro para tentar, quase uma década depois, voltar o Tigre à elite do futebol no estado (caiu pela última vez em 2011 e, desde então, amargou toda espécie de agruras, chegando inclusive à Terceira Divisão, de onde saiu em 2017).
Ele já subiu de divisão com a Patrocinense, de Patrocínio, em duas oportunidades, e com o Abecat, de Goiás. Além de "bater na trave" duas vezes em 2018, uma com o Uberaba e outra com o Araxá, ambas situações com polêmicas decisões das arbitragens em lances em favor dos adversários.
Para contar a sua história, seus métodos de trabalho e principalmente a confiança em tudo que faz, Rogério Henrique, um ex-volante que deixou a carreira de jogador logo no primeiro ano de profissional, deixou o sol causticante no campo de treino do Centro de Treinamentos do Ipatinga por algum tempo para atender a reportagem do Diário do Aço e deixar bem evidente que o clube conta com um profissional comprometido com o objetivo de subir de divisão, começando pela montagem de um elenco de jogadores que "falam e ouvem a sua língua", os ditos atletas que "correm pelo treinador".
"Namoro antigo"
De acordo com Rogério, a vinda para o Ipatinga foi a consumação de um namoro antigo de dirigentes do clube em relação ao seu trabalho. "Havia uma possibilidade de eu ir trabalhar mais uma vez fora do país, na Malásia, porém o campeonato por lá só começaria em fevereiro e ainda estávamos em novembro de 2018. Houve algum entrave em relação à expedição do visto de trabalho naquele país, então decidi aceitar o desafio de vir para o Ipatinga", afirmou.
De acordo com o treinador, além do Ipatinga, houve outros sete convites de clubes integrantes do Módulo B desta temporada, o que o deixou extremamente satisfeito e certo de que tem pautado a sua carreira pela coerência e seriedade, que têm sido alicerces de bons resultados.
"Conheço o nome, a camisa e a tradição do Ipatinga e agora estou satisfeito com a estrutura de trabalho que é oferecida, em se tratando de um clube de Módulo B do Campeonato Mineiro", pontua o treinador, que faz das repetições e do diálogo franco e aberto pontos importantes da sua rotina de trabalho.
Não aos esquemas
Rogério Henrique toca num assunto muito comum de ser abordado no meio do futebol, especialmente em relação aos treinadores: a pressão externa para escalar este ou aquele jogador em troca de vantagem financeira.
"Não faço esquema com quem quer que seja; nunca fiz e nem vou fazer para manchar a minha reputação. Isto é da minha formação, não vou mudar a minha índole", enfatiza. E não foi falta de oportunidade. Segundo ele, chegou a ser sondado por empresário de determinado jogador pedindo a sua escalação para que ele pudesse estar na "vitrine" e ser negociado com o futebol internacional.
Outro aspecto enfatizado pelo próprio treinador é em relação ao seu jeito direto de ser. "Não levo desaforo para casa, está em mim. Sou da roça e esses princípios éticos e morais meus pais me passaram e os levo comigo sempre, ou seja, respeitar a todos da mesma forma e ser receptivo, porém não aceito ser desrespeitado nem sacaneado", fala com firmeza.
"Elenco tem o meu perfil"
Contratado em novembro passado, Rogério Henrique iniciou, juntamente com o diretor de futebol Altamiro Gomes, o Tamirirm, e o presidente Cristiano Araújo, a montagem do elenco ipatinguense. Com total liberdade da diretoria, indicou a grande maioria dos atletas e sentencia: "Este elenco aqui montado tem o meu perfil".
Segundo o treinador, "dificilmente estes jogadores do Ipatinga de 2019 vão dar problema aqui. Eles têm fome de conquista, a torcida pode acreditar", frisou.
Outro aspecto apontado pelo novo técnico ipatinguense é o fato de maioria dos jogadores contratados para este Módulo B ainda não ter disputado esta divisão de acesso em Minas Gerais. De acordo com ele, isto pode fazer a diferença em relação ao desafio que todos terão pela frente, se transformando numa sede a mais de conquista, um desafio para enriquecer o currículo de cada um.
"Tivemos a preocupação de que fossem contratados jogadores com postura ética dentro e fora de campo e que tinham um histórico vencedor no último semestre e com fome de vitórias", afirmou Rogério Henrique.
Sem estrelas
Outro aspecto pontuado pelo treinador em relação ao elenco do Tigre para 2019 é o fato de não ser um elenco de estrelas. "Nosso elenco não é de jogadores baladeiros, nem de estrelas. Temos jogadores experientes, acostumados a desafios, que têm o histórico de deixar portas abertas nos clubes por onde passaram", destacou.
Rogério faz questão integrar a todos - são quase trinta - nos trabalhos cotidianos, em atividades físicas, técnicas, táticas e coletivas, além dos jogos-treino que têm sido realizados ao longo da pré-temporada. O objetivo é oferecer oportunidade a todos e, principalmente, prepará-los para que estejam em forma em qualquer momento de um campeonato cuja primeira fase é muito curta - apenas onze jogos, sendo seis fora de casa. Estar com elenco em plena forma é outra característica do treinador.
Formação
Rogério Henrique é formado em Educação Física pela Faculdade de Pouso Alegre. Possui a Licença A de treinador nos Estados Unidos e está cursando para tirar a Licença A na Argentina. Recentemente, concluiu a graduação para a Licença A da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e pretende, em julho, obter a conhecida "Licença Pro", a principal para técnicos no Brasil, pela qual pode trabalhar em qualquer divisão das competições organizadas pela CBF.
Carreira curta de jogador e duas décadas como treinador
Rogério Henrique Alves nasceu em Borda da Mata, próximo a Pouso Alegre, no Sul de Minas, numa região rural, faz questão de pontuar. O futebol sempre foi a sua paixão, algo que veio do berço, pois seu pai, João Valeiro, era o "tomador de conta" e o faz tudo no time amador da comunidade em que vivia. Sua mãe, dona Ana Matias, também sempre o apoiou no sonho de vencer no futebol. Foi um volante razoável, conforme ele mesmo se autoavalia. Jogou inicialmente no infantil e no juvenil do Goiás. Em seguida, peregrinou por Grêmio Maringá-PR, Sinop-MT, Portuguesa de Desportos, Monte Azul-SP. E, em todos os times, a marca da liderança: era o capitão do time.
"A transição do campo para a beirada dele", conforme define, começou aos 21 anos, quando atuava pelo Brasilis, clube empresa do ex-zagueiro Oscar Bernardi em Monte Sião, na divisa de Minas com São Paulo. Neste clube, ficou por seis anos, iniciando como treinador do Sub-15, seguindo para o Sub-17, sempre disputando o Campeonato Paulista destas categorias.
No exterior
Aos 26 anos, teve uma experiência na Coréia do Sul, trabalhando com uma equipe Sub-23. Retornou ao Brasil e surgiu outra proposta de seguir a carreira de técnico de futebol fora do país. Foi para os Estados Unidos, onde trabalhou por cinco anos num projeto de clínica de futebol para menores, ligado a uma universidade que tinha sua sede em Baltimore, no estado de Maryland e em Virgínia Beach, estado da Virgínia. O projeto era coordenado pela empresa denominada "Tetra Brasil".
"Fui para ficar um ano e acabei ficando cinco", afirmou Rogério Henrique. A vontade de construir uma carreira de treinador de futebol no Brasil o fez retornar, pois achava que, aos 32 anos, era o momento de iniciar, sob pena de nunca ter oportunidade num mercado tão competitivo.
Reprodução
Na Patrocinense, dois acessos e sedimentação de uma carreira que tende a ser vitoriosa em grandes clubes do país e do exterior

Trabalhos desafiadores no interior mineiro
Mesmo vivendo no primeiro mundo e com a perspectiva de seguir a carreira em clínicas de futebol e ter uma vida estável que qualquer pessoa que trabalha nos Estados Unidos tem, Rogério Henrique enxergou que sua carreira de técnico profissional de futebol só tinha lugar e possibilidades no Brasil.
Logo ao retornar, assumiu o Jacutinga, da cidade de mesmo nome, na categoria Sub-15 e acabou em 4º lugar no Campeonato Mineiro. Em seguida, em 2013, assumiu o Sub-17 do mesmo clube e acabou em quinto lugar no Estadual. Em seguida, em 2014, foi para o Santarritense, de Santa Rita do Sapucaí, onde comandou a equipe no Mineiro desde a 2ª Divisão desta categoria. Chegou ao hexagonal final, já na divisão de elite.
Em 2015, retornou ao Jacutinga, também no Sub-20. Continuou no clube do Sul de Minas em 2016, onde o comandou na Terceira Divisão do Campeonato Mineiro, sua primeira experiência numa competição profissional, classificando-se para o hexagonal final, quando acabou convidado para deixar o clube.
Aí surgiu o primeiro trabalho bem sucedido na Patrocinense, que estava nesta mesma fase da Terceirona. Já era quinta rodada e o clube era o último. Com uma arrancada espetacular, o time não só subiu ao Módulo B como foi o campeão. Na Patrocinense seguiu em 2017, quando subiu para a elite do Estadual, onde o clube encontra-se até então. No mesmo ano, teve a passagem pelo Abecat, de Catalão-GO, tirando o clube da 3ª Divisão e o classificando para a 2ª Divisão. Em 2018, trabalhou na Patrocinense no Mineiro da elite, no Uberaba no Módulo B e no Araxá, na Terceira Divisão.
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Rafael Pinto Filho
01 de fevereiro, 2019 | 07:59Trabalhando com categorias de base em Caxambu e pos graduado em psicopedagogia como instrumento de trabalho na formacao de trabalho acompango p maravilhoso trabalho do Rogerio e sou consciente de que treinadores como ele podem mudar o carater do nosso futebol que perdeu a hegemonia no mundo.
Deus te abencoe, meu amigo.”