28 de janeiro, de 2019 | 16:08
Cruzeiro e Atlético: Clássico quente
Fernando Rocha
Enquanto dezenas de milhares de pessoas choravam seus mortos, outros lamentavam os ainda desaparecidos ou não encontrados, por conta de mais um crime ambiental no estado, desta vez em Brumadinho, a bola rolou para mais um clássico entre os dois maiores rivais esportivos no estado, Cruzeiro e Atlético, que levaram mais de 45 mil pessoas ao Mineirão, mesmo no horário esquisito de 11h, em pleno sol escaldante de verão.
Até pelas circunstâncias de um domingo triste, por ser início de preparação dos dois times para a maratona de jogos da temporada, o jogo não foi de todo ruim e vai dar o que falar durante um bom tempo por conta da arbitragem péssima, que acabou influenciando no resultado final, 1 x 1, desagradando os dois lados.
Falta de solidariedade
Para muita gente, foi uma estupidez realizar o clássico, anteontem, não só pelo horário das 11h em pleno sol escaldante de verão, mas também pela falta de solidariedade da Federação Mineira de Futebol, que se mostrou incapaz de tomar uma decisão sensata, que seria o adiamento do jogo, em razão do drama vivido pela população de Brumadinho e região, vítima de mais um crime ambiental praticado pela mineradora Vale, com a complacência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, resultando na morte de dezenas de pessoas, além dos danos ambientais, após o rompimento de mais uma barragem com rejeitos de minério na ultima sexta-feira.
E apenas pra variar, veio a lambança do assoprador de apito, ao não marcar um pênalti a favor do Galo, feito por Léo em Igor Rabello, logo no começo da partida. O primeiro tempo terminou com o placar de 0 x 0, mas com um ligeiro domínio do Cruzeiro, que criou ao menos três chances claras de gol, uma delas a cabeçada de Thiago Neves que obrigou o goleiro Victor a fazer uma bela defesa.
O segundo tempo começou com o domínio azul, até que o assoprador de apito viu um pênalti inexistente de Igor Rabello em Fred, aos 13 minutos, convertido pelo artilheiro. Afinal, Fred havia tropeçado nas próprias pernas, segundo as imagens da TV.
Como se fosse castigo, logo depois de marcar a penalidade inexistente a favor do Cruzeiro, o péssimo assoprador de apito, que antes havia sofrido uma contusão muscular, precisou deixar o gramado e ser substituído pelo quarto assoprador.
O Galo teve que sair para o jogo e deu espaços ao Cruzeiro, que acertou a trave de Victor através de Rafinha. Mesmo superior em campo, o Cruzeiro não tinha a vitória como justa, fruto de um pênalti inventado e de outro não dado ao Galo.
FIM DE PAPO
O Cruzeiro poderia até ter feito 2 x 0 e matado a partida, se o assoprador de apito tivesse visto, aí sim, um pênalti de verdade, cometido por Igor Rabelo, ao puxar a camisa de Fred na área. Vida que segue, pois aos 35 minutos da segunda etapa, o zagueiro Léo recuou uma bola para Dedé na fogueira, e ele, sem ver alternativa, derrubou Chará na área, pênalti claro a favor do Galo. Dedé foi expulso e Fábio Santos empatou para o Galo, sem comemorar, como fez Fred no gol celeste, mas sim, desejando Força Brumadinho diante de uma câmera da TV.
Pouco depois Cazares ficou frente à frente com Fábio e o goleiro defendeu espetacularmente, salvando o Cruzeiro da derrota. O jogo terminou empatado em 1 x 1, sem festa para nenhum dos lados, combinando com o clima de luto que hoje vivemos, de muita tristeza, comoção e ao mesmo tempo esperança que a tragédia de Brumadinho não passe em branco, sem punição aos culpados, embora tantas outras ameaças semelhantes existam em nosso estado, como bombas relógios prestes a explodir.
Mais cedo ou mais tarde, certamente, a lógica do Campeonato Mineiro vai voltar, com a polarização da disputa entre os chamados grandes”. Raríssimas vezes algo diferente aconteceu, tal como ocorreu em 2005, quando o Ipatinga atropelou todos e ficou com o título. O América teve um início lento, mas reagiu e, após duas vitórias consecutivas, assumiu a liderança, à frente do Cruzeiro pelo saldo de gols. Falta agora a reação do Galo, que após as três primeiras rodadas, ocupa o modesto 6º lugar na tabela, com 4 pontos ganhos.
Quem tropeçou feio nesta terceira rodada foi o estreante Tupynambás, de Juiz de Fora, goleado em casa por 5 x 0 pelo Boa Esporte, depois de vencer pelo mesmo placar o Villa Nova, em Nova Lima, e ganhar do rival Tupi no clássico local. Oito times vão se classificar para a fase de mata-mata e, se a disputa terminasse agora, estariam rebaixados o Tupi e o Villa Nova, que vão se enfrentar nesta quarta-feira, em Juiz de Fora. Mas ainda é muito cedo para prever o que irá acontecer neste campeonato, até aqui de alguns resultados bem malucos. (Fecha o pano!)
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