Camara Ipatinga Radio 728x90

28 de janeiro, de 2019 | 14:00

A tragédia de Brumadinho não pode virar mais uma

Celinho Sinttrocel*

As consequências imediatas do rompimento das barragens da Mina Córrego do Feijão deixam evidente o tamanho da tragédia de Brumadinho. Este já é um dos maiores acidentes de barragem do mundo.

Suas dimensões podem ser medidas pelo anúncio crescente de vítimas fatais, de famílias que perderam parentes e amigos, da angústia daqueles que esperam por notícias e das incertezas que rondam os atingidos.

Todas as vítimas têm de ser socorridas, amparadas e apoiadas pela empresa e pelos poderes públicos. Devemos solidariedade a todas as pessoas e ajudar para diminuir suas dores. Este é o mínimo que se pode fazer por nossos irmãos neste momento.

As grandes mineradoras, como a Vale, lucram bilhões, mas recusam outras tecnologias de estoque ou tratamento de rejeitos. E investem muito pouco na saúde e segurança de seus trabalhadores e das populações do entorno, bem como na preservação, proteção e melhoria do meio ambiente.

Ao mesmo tempo, os órgãos reguladores e de fiscalização e licenciamento são sucateados e negligenciados. E a legislação protetora é atacada: como foi na lei trabalhista e agora nos anúncios de uma nova flexibilização ambiental.
Portanto, a Vale, o estado brasileiro e o estado Minas Gerais são os responsáveis pela tragédia de Brumadinho.

O acidente é um crime. Apesar das evidências do alto impacto em caso de ruptura, dos reiterados alertas, denúncias e relatórios; a empresa não vem cumprindo a legislação e as normativas de segurança no trabalho, não garante a segurança da população do entorno e não protege o meio ambiente.

Os sete grandes casos de rompimento de barragens no estado de Minas Gerais ocorridos nos últimos 17 anos não serviram de lição. Nem mesmo a tragédia de Mariana foi capaz de ensinar alguma coisa à Vale, como reconheceu o seu presidente, Sr. Fábio Schvartsman.

Alertas não faltaram: vieram dos trabalhadores, dos sindicatos, da sociedade civil, dos movimentos populares, da academia, da Comissão de Barragens da ALMG e tantos outros.

A indignação tem que virar mobilização de toda Minas Gerais por justiça, por condições dignas de trabalho para todos e por uma mineração segura e que beneficie o povo. Nenhum trabalhador, nenhum produtor rural, nenhuma família, nenhum atingido pode ficar desamparado.

Como se não bastasse o quadro atual, a destruição deixada pelos rompimentos na Mina do Córrego do Feijão vai refletir em toda a região e atingir a economia.

Será preciso defender direitos elementares como o emprego, o salário, o trabalho, o acesso à terra, renda, assistência, saúde, melhores condições de vida e um ambiente saudável. Os trabalhadores da Vale, diretos e indiretos, da mineração, da construção, do transporte, do comércio, dos bancos, do turismo, dos serviços privados e dos serviços públicos, os autônomos, os produtores rurais e as famílias envolvidas não podem ser esquecidos.

Para tanto, o movimento sindical e suas entidades terão um papel fundamental: organizar e mobilizar os seus trabalhadores e as suas categorias na defesa de seus legítimos direitos e anseios.

O povo mineiro não pode pagar por mais um crime do capital financeiro. Nas atividades sindicais, na mobilização popular, na Comissão de Trabalho e na Assembleia estamos juntos nesta batalha.

*Deputado estadual de Minas Gerais
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Francisco

31 de janeiro, 2019 | 11:16

“Lamentável o que ainda estamos assistindo!
Até quando iremos conviver com inversão de valores de nossos gestores e legisladores?
A vida ; O ambiente; O desenvolvimento precisa precisa ser repensado antes que seja muito tarde.”

Ane Caroline

29 de janeiro, 2019 | 10:42

“De tudo o que o Mauro Falou VALE destacar esse trecho, em especial (Isso porque a reforma trabalhista determinou que as indenizações na área trabalhista estão limitadas a 50 vezes o salário dos funcionários, estabelecendo valores diferentes para vítimas da mesma tragédia. Para as outras vítimas, não há limite). E você, leitor desse conceituado jornal, entendeu agora, de que lado a reforma trabalhista e a reforma da previdência está?”

Mauro Costa Assis

29 de janeiro, 2019 | 10:23

“A tragédia de Brumadinho deve ser o maior acidente de trabalho da história do país. As oito primeiras vítimas identificadas entre os 37 mortos são funcionários da Vale ou de terceirizados a serviço da mineradora. Portanto, com esse número de desaparecidos, deve ser o maior acidente de trabalho da História do Brasil. De acordo com o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury, a Vale não assinou termo de ajustamento de conduta para resolver administrativamente as questões levantadas pelos procuradores do trabalho no caso de Mariana. Uma das medidas que a empresa deveria cumprir era instalar um controle sísmico, que, ao captar qualquer movimentação da barragem, acionasse os alarmes automaticamente. Pelo que vimos, isso não foi feito. As sirenes sequer tocaram. Ainda se espera que a mineradora entregue o plano de emergência: Um dos pontos de qualquer plano de emergência de uma barragem é deixar desobstruído o caminho da lama, sem edificações (como a administração e refeitório da empresa), se houver rompimento. O maior número de vítimas deve ser de trabalhadores da Vale ou de terceirizadas. A família desses funcionários deve receber uma indenização menor que as famílias das vítimas da comunidade. Isso porque a reforma trabalhista determinou que as indenizações na área trabalhista estão limitadas a 50 vezes o salário dos funcionários, estabelecendo valores diferentes para vítimas da mesma tragédia. Para as outras vítimas, não há limite.”

Envie seu Comentário