27 de janeiro, de 2019 | 07:00

Cresce procura por clubes de tiro no Vale do Aço

Na região, foi registrado um aumento do número de interessados em aprender a atirar com uma arma e em fazer a avaliação psicológica, que aponta se o candidato é apto ou não a ter uma arma em casa

Com a assinatura do decreto que flexibiliza a posse de arma de fogo no país, muitos cidadãos têm procurado clubes de tiro esportivo e clínicas de psicologia para se orientarem acerca dos procedimentos para obter o registro de posse de arma de fogo, que permite à pessoa ter apenas o armamento em sua residência. O decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), no dia 15 desse mês, mudou algumas regras como aumentar o prazo de renovação de registro para dez anos e a retirada do poder discricionário da Polícia Federal (PF) em decidir quem pode ter acesso ao armamento.

No Vale do Aço, foi registrado um aumento do número de interessados em aprender a atirar com uma arma e em fazer a avaliação psicológica, que aponta se o candidato é apto ou não a ter uma arma em casa.

Em entrevista ao Diário do Aço, o instrutor e diretor do Departamento de Tiro de um clube localizado em Carantiga, Renato Ferreira, informou que após a assinatura do decreto, dobrou a procura de pessoas querendo treinar. “O clube tem recebido uma procura crescente de interessados em aprender a atirar ou adquirir uma arma, mas ressalto que, mesmo com esse decreto, os requisitos da lei devem ser cumpridos”, esclareceu.

O proprietário de um clube de tiro em Coronel Fabriciano, Ramon Henrique Miranda, também informou ao Diário do Aço que a procura pelo clube subiu 100%. ”A maioria liga para nós com o interesse em aprender a atirar ou querendo saber o procedimento para adquirir uma arma de fogo”.

Exigências

Segundo Renato Ferreira, para obter o registro de posse de arma no país é necessário que os interessados obedeçam algumas exigências. “Conforme a Lei 10.826/2003, é necessário ter no mínimo 25 anos, não estar respondendo a inquérito policial ou processo criminal e não ter antecedentes criminas nas justiças Federal, Estadual, Militar e Eleitoral”, informou.

Avaliações

Se o candidato atender esses requisitos, Renato explica que o próximo passo é procurar uma clínica de psicologia credenciada pela Polícia Federal para aplicar o teste, que apontará se o sujeito é apto ou não para ter a arma. “Depois disso, a pessoa terá que buscar um clube de tiro, também credenciado pela PF, para fazer uma avaliação teórica, que aborda questões acerca dos componentes da arma de fogo, procedimentos de segurança, técnica de manuseio e legislação. Essa prova é composta por 20 questões e o candidato precisa acertar no mínimo 60% das perguntas”.

Após a parte teórica, o candidato deve fazer o teste prático com 20 disparos, usando o modelo de arma que ele deseja adquirir. “Nesse teste, os disparos são feitos conforme determinado pela PF, ou seja, são 10 disparos em uma distância de cinco metros e 10 em uma distância de sete metros. Isso para arma pequena. E o candidato precisa ter um índice de 60% de aproveitamento para aprovação no teste. Vale ressaltar que todas essas avaliações (psicológica, teórica e prática) são exigidas para quem for obter ou renovar o registro”, salientou Renato.

Conforme a psicóloga Jamile Borges, que aplica testes de aptidão para registro de arma de fogo em Ipatinga, a procura em seu consultório também aumentou consideravelmente após a assinatura do decreto. “Surgiu muitos interessados em conhecer o teste psicológico, que envolve uma entrevista estruturada e semiestruturada, avaliação psicológica da personalidade projetiva e expressiva, teste de atenção e teste de memória. Isso tudo demora no mínimo uma hora e meia, mas depende muito da pessoa”, explicou.

Unidade da PF

Se o candidato for aprovado em todos os testes, Renato explica que a pessoa terá que se dirigir a uma unidade da PF e apresentar os documentos exigidos pela lei. A lista desses documentos pode ser encontrada no próprio site da PF. “Após isso, a Polícia Federal irá conferir se tudo foi preenchido corretamente e se todos os requisitos determinados pela Lei 10.826/2003 foram cumpridos, para deferir o processo”.

Gastos

O instrutor também detalhou os valores para obter o registro de posse e comprar uma arma de fogo. “Os gastos iniciais são com o teste psicológico, que custa cerca de R$200; a avaliação técnica de tiro varia entre R$150 e R$220; a guia de recolhimento da União tem um valor de R$88; e por último a arma de fogo, que poderá custar cerca de R$5 mil, caso seja um modelo mais curto, de calibre 38”, enumerou Renato.

Caso o interessado queira praticar antes de fazer o teste de disparos, Renato explica que ele pode fazer um curso num clube de tiro esportivo, sendo que um curso básico, de 100 disparos, poderá custar cerca de R$300.

Arma em casa

Para o instrutor, se a pessoa for ter uma arma de fogo em casa, ela precisa ter muito cuidado com o local em que for guardá-la, para que ninguém despreparado e sem experiência tenha acesso. “Primeira coisa que a pessoa precisa ter é responsabilidade, não com os requisitos da legislação, mas o cuidado com a arma. Ela precisa guardar a arma em um ambiente seguro e que seja inacessível às outras pessoas, principalmente, para crianças. E que só o proprietário da arma tenha acesso à mesma para caso de uma eventual necessidade de uso de defesa”, concluiu.



Repórter: Tiago Araújo