26 de janeiro, de 2019 | 10:09

Mais do mesmo

Fernando Rocha

Divulgação
A novidade principal no clássico de hoje no Mineirão, entre Cruzeiro e Atlético, é o horário das 11h, queridinho da torcida, mas repudiado pela maioria dos jogadores, técnicos, dirigentes e até a imprensa.
Se considerarmos as altas temperaturas dos últimos dias, o ideal seria não realizar jogos nos horários matutino ou vespertino, mas sim, à noite, porém, vejo muito ‘mi-mi-mi’ desnecessário em torno do assunto.

Afinal de contas, os jogadores recebem todo tipo de cuidados e têm à disposição as mais modernas técnicas da fisiologia e medicina esportiva, então, em tese, deveriam estar preparados para enfrentar adversidades como esta, à exemplo do que acontece quando vão jogar na altitude.

Já tivemos, inclusive, uma final de Copa do Mundo realizada em horário semelhante, em 1994, nos Estados Unidos, num calor de deixar valadarense e nós do Vale do Aço com inveja, que terminou com a vitória brasileira sobre a Itália e a conquista do tetracampeonato mundial. E pelo que eu sei, ninguém se declarou prejudicado por conta da alta temperatura.

O clássico continua também sendo mais do mesmo, aquele minuto de fama do qual nossos cartolas não abrem mão, ensejando bate-boca, acusações de lado a lado, ações na justiça para garantir ingressos, enfim, eles são incapazes de decidir ao menos uma divisão igual de torcidas, como era em passado não muito distante, o que demonstra quanto amadores ainda são, todos eles.

Freio de mão
Muito em razão de terem iniciado a pré-temporada há pouco mais de duas semanas, não dá para esperar um jogo de muita movimentação, mas sim, dois times com o freio de mão meio puxado. Há um equilíbrio também no que diz respeito aos elencos, pois Cruzeiro e Atlético mantiveram suas comissões técnicas e quase a totalidade dos principais jogadores.

Logo no início deste mês o Cruzeiro sofreu com o assédio por Dedé e a venda de Arrascaeta ao Flamengo. Mas conseguiu dar a volta por cima contratando quatro bons jogadores: os laterais Orejuela e Dodô, além do volante Jadson e os jogadores de meio campo, Marquinhos Gabriel e Rodriguinho, suprindo pontualmente as carências do time.

No Galo, a sempre criticada zaga foi o alvo das contratações, com as chegadas do capitão Réver e do jovem Igor Rabelo, além de outros bons nomes como o meia Vinicius e o atacante Maicon Bolt.
A maioria dos recém-contratados de ambos os lados não vão jogar o clássico hoje, mas em breve isso ocorrerá, fazendo com que Atlético e Cruzeiro iniciem a temporada um pouco melhor do que a anterior, em relação aos seus elencos, podendo brigar novamente por títulos em todas as competições que vão disputar.

FIM DE PAPO
A última vez que um clássico entre Atlético e Cruzeiro foi disputado no Mineirão, com as torcidas divididas, foi em 1º de fevereiro de 2017, pelo Grupo C da Primeira Liga. Naquele dia compareceram 41.530 torcedores e a equipe celeste venceu por 1 a 0, com um gol de Arrascaeta.

Depois disso houve vários sinais dos dois lados indicando que poderia haver um acordo, no sentido de preservar a tradição do clássico com torcidas divididas, o que, segundo a PM, facilita muito mais o trabalho da segurança do que quando se tem no estádio apenas 10% da torcida visitante, neste caso, como será hoje com a do Atlético.

A mais recente indicação de que os dois clubes rivais poderiam selar um acordo para que houvesse torcidas divididas nos clássicos foi uma reunião no fim de 2018, entre o vice-presidente de Futebol do Cruzeiro, Itair Machado, e o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara. Foi divulgado pelo Cruzeiro que todos os entraves teriam sido solucionados e que só faltava assinar o acordo oficializando a medida, que agrada a todos. Mas o tempo passou e nada disso aconteceu.

As duas primeiras rodadas do Campeonato Mineiro tiveram como destaque o Tupynambás de Juiz de Fora, que assumiu a liderança após duas vitórias, uma delas a acachapante goleada de 5 x 1 aplicada no Villa Nova, dentro do Alçapão do Bonfim, em Nova Lima. Por conta do melhor saldo de gols, o ‘Baeta’, como é chamado carinhosamente por seus torcedores em Juiz de Fora, e que tem como destaque o artilheiro Ademilson, no ‘auge’ dos 44 anos de idade, virou líder da competição, o que dá muito bem uma ideia do nível técnico da disputa.

Por essas e outras é que assino embaixo do que escreveu no seu blog esta semana o jornalista Renato Maurício Prado: “Os estaduais viraram pré-temporadas para os grandes. Quem ainda dá importância a eles são as carcomidas federações. Um motivo a mais para que elas não tenham relevância alguma”. (Fecha o pano!)
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