21 de janeiro, de 2019 | 15:50
Vitória e alívio
Fernando Rocha
Finalmente a bola voltou a rolar pra valer de Norte a Sul do país, com as rodadas inaugurais dos campeonatos estaduais. Aqui nos nossos grotões, o Cruzeiro, atual campeão, passeou em Divinópolis e derrotou o Guarani por 3 x 1, com dois gols de Raniel e um de Robinho.Apesar do calor infernal de sábado à tarde no Farião”, estádio acanhado onde o banco de reservas do visitante fica atrás de uma das metas, prejudicando o trabalho do treinador cruzeirense, e do gramado duro e lento, nada conseguiu impedir a vitória fácil do time celeste.
Dois fatos extracampo foram mais relevantes do que o jogo em si, em minha opinião: primeiro, o mal súbito sofrido pelo colega radialista e amigo de priscas eras, Alberto Rodrigues, 79 anos, que o impediu de narrar a partida pela Rádio Itatiaia.
Felizmente o atendimento dado ao Albertinho pelos médicos do SAMU no estádio foi muito bom, o mesmo acontecendo no hospital da sua cidade natal, para onde foi levado e onde não se constatou nada de mais grave, o que, para todos nós, foi um alívio.
Mesmice de sempre
Depois do jogo, nas entrevistas feitas pelo repórter Thiago Reis, da mesma emissora da capital onde Alberto Rodrigues atua, um animado torcedor do Guarani disse: Nosso craque Ewerton Maradona vai arrebentar e vamos dar a volta por cima”.
Aos 36 anos de idade, 26 clubes na carreira, Ewerton Maradona é mesmo o craque que será o salvador da pátria do Guarani? Ademilson, o eterno artilheiro, 44 primaveras no lombo, fez dois gols pelo Tupynambás de Juiz de Fora, que detonou o queridinho Villa Nova por 5 x 1 em pleno Alçapão do Bonfim; além de Ricardo Oliveira, 38 anos, autor de três dos cinco gols do Galo na goleada de 5 x 0 sobre o Boa Esporte.
Este é o nosso Campeonato Mineiro, que entra ano e sai ano é a mesmice de sempre, nada de revelar jogadores, nenhuma novidade, os times grandes” e a Federação acomodados na zona de conforto graças à boa grana que recebem da TV, enquanto os coitados do interior morrem à míngua.
Este ano, a julgar pelo que se viu nesta primeira rodada, o nível técnico será ainda mais baixo, pela ruindade dos times do interior. E pensar que teremos de aturar isso pelos próximos três meses.
FIM DE PAPO
Em Nova Lima, onde o Villa Nova foi massacrado em campo pelo Tupynambás, mais um fato lamentável mostrou a precariedade da estrutura dos estádios no interior de uma maneira quase geral. Por conta de uma contusão grave do zagueiro villanovense Gabriel, foi preciso que a única ambulância posta à disposição para o jogo tivesse que ir ao hospital mais próximo em socorro ao jogador.
Com isso, a partida ficou paralisada durante aproximadamente 35 minutos até que o veículo com a equipe médica retornasse, uma vez que o regulamento proíbe ao árbitro autorizar o início da partida sem o serviço médico ao lado do campo. Várzea total!
No Estádio Independência, com mais de 21 mil pagantes, a reclamação dos torcedores, que também é recorrente, diz respeito aos preços praticados pelos bares dentro do estádio sobre os produtos colocados à disposição da torcida, onde um copinho de água mineral é vendido a R$ 4, entre outras aberrações.
Em campo, o melhor disparado foi Luan, autor de duas assistências para gols de Ricardo Oliveira (que fez três) e uma para Elias, além de uma atuação impecável que botou mais pilha na discussão sobre uma possível transferência sua para o Corinthians. Claro que a maioria absoluta da torcida considera inoportuna qualquer negociação neste momento envolvendo o jogador.
Em Poços de Caldas, Caldense e América jogaram às 11 horas da manhã e sem poder reclamar do calor, pois a temperatura, que é sempre amena na bela cidade turística do Sul do estado, esteve nos 24°graus com sensação térmica de 30° na volta do meio-dia, com direito até a uma chuvinha durante o primeiro tempo para refrescar. O jogo é que foi péssimo, dois times com um futebol horroroso, que mereceram o empate de 1 x 1.
Muito blá blá blá com relação à marcação do clássico de domingo entre Cruzeiro x Atlético para as 11h, no Mineirão. O sol é um para todos e ninguém vai ser beneficiado. Além disso, os jogadores são muito bem pagos e assistidos para desempenhar o seu ofício nessas circunstâncias, portanto, não podem reclamar.
Até uma final de Copa do Mundo, em 1994, nos Estados Unidos, foi disputada neste horário, com um calor de fritar ovos no asfalto. Vale lembrar um bordão do saudoso narrador da Rádio Vanguarda, Jonas Conti, que costumava dizer nas transmissões: - Quem tiver fôlego que nos acompanhe!” (Fecha o pano!).
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