19 de janeiro, de 2019 | 10:23
Bola rolando
Fernando Rocha
Bola rolandoFinalmente a bola voltou a rolar com o início de mais uma edição do Campeonato Mineiro. E coube ao campeão, Cruzeiro, estrear fora de casa, ontem, em Divinópolis, contra o Guarani, campeão da 2ª Divisão em 2018.
Carecendo de uma reformulação na sua fórmula de disputa, onde há excesso de jogos sem atrativos, envolvendo equipes muito fracas, sem causar grande interesse nos torcedores, o nosso estadual vai se arrastar até 21 de abril, espremido pelos jogos do Galo na pré-Libertadores, em fevereiro, bem como pela participação do Cruzeiro na fase de grupos da maior competição continental, a partir de março.
A única novidade é que a Rede Globo, patrocinadora do torneio, já deu um sinal no fim do ano passado, indicando à CBF e Federações a necessidade de fazer mudanças no calendário do futebol nacional, o que obviamente passa por uma redução de tamanho dos estaduais, apelidados também de jabuticabas”, por só existirem aqui no Brasil.
Hora de mudar
Além da fórmula imprópria, pesa contra os estaduais a injusta divisão das receitas provenientes dos direitos de transmissão, prejudicial aos clubes do interior, que faz cair o nível técnico das equipes a um patamar pífio.
Como fator positivo, a longa tradição do torneio e sua história de integração entre as várias regiões do nosso vasto território, sendo, em muitos casos, a única oportunidade para milhares de torcedores terem contato direto com os seus ídolos.
Não sou a favor da extinção pura e simples dos estaduais, como muita gente defende atualmente, mas sim, de que se faça uma profunda reformulação em toda a estrutura vigente, com a criação de uma nova competição, em outro formato, regionalizado, que possibilite aos clubes do interior uma agenda para o ano todo. Das disputas por regiões sairiam sete ou oito clubes no máximo, além de um campeão do interior, que se juntariam a Atlético, América e Cruzeiro, para no máximo em oito datas ou um mês, apontar o campeão estadual.
FIM DE PAPO
A grande novidade este ano será a utilização do árbitro de vídeo (VAR), a partir dos jogos das semifinais, o que não deixa de ser uma contribuição importante para diminuir injustiças em razão de erros da arbitragem. Engana-se quem pensa que o VAR irá resolver todos os problemas relativos aos assopradores de apito, mas, certamente, irá minimizá-los ao máximo.
A estreia do América será hoje, às 11h, encarando a Caldense em Poços de Caldas. E a do Atlético será às 17h, no Independência, contra o Boa Esporte. O título em 2018 ficou com o Cruzeiro, que fez melhor campanha na fase de classificação e teve as vantagens do regulamento. Perdeu a primeira partida fora de casa para o rival Atlético, por 3 x 1, mas conseguiu ganhar o segundo e decisivo jogo por 2 x 0, no Mineirão, levantando a taça de campeão.
A divisão desigual do dinheiro da TV - Atlético e Cruzeiro ficam com R$13 milhões cada, América R$ 3 milhões e os nove restantes do interior R$ 1 milhão cada um - só contribui para agravar o desequilíbrio técnico abissal a favor dos três grandes da capital. À exceção de Tupi, Caldense, Boa Esporte e às vezes a URT de Patos de Minas e o Villa Nova, os demais clubes do interior só funcionam mesmo nos três meses em que disputam o Campeonato Mineiro.
Como é comum dizer aqui nos nossos grotões, se a moita estiver verdinha a vaca não sai do lugar”. Neste caso, são quatro vacas representadas pelo Galo, Raposa, Coelho e Federação Mineira, acomodadas na zona de conforto da moita verdinha que significa o dinheiro proveniente das cotas de transmissão pagas pela Rede Globo.
O correto seria a federação promover um grande debate envolvendo todas as regiões do estado, ouvindo opiniões e sugestões de mudanças na fórmula e regulamento da competição, não só dos dirigentes dos clubes, mas dos representantes de toda a comunidade, pois o futebol é parte fundamental na vida cultural e econômica do país.
Outra entidade que poderia alavancar este debate seria a Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE), que completou ano passado 80 anos de fundação, mas há vários anos perdeu espaço e prestígio, ficando isolada e sem estatura para alavancar uma proposta de discussão com tamanha envergadura. (Fecha o pano!)
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