15 de janeiro, de 2019 | 18:00
Presidente do Social afirma que clube irá se licenciar do profissionalismo
Chico Simões elenca dívidas, informa que quitou prestação do Profut com seu próprio dinheiro e diz que medida é para salvar o patrimônio de R$ 60 milhões do Saci
Wôlmer Ezequiel
Simões afirmou que a decisão é para evitar insolvência do clube e preservar um patrimônio invejável de R$ 60 milhões

Numa longa entrevista na noite da última segunda-feira ao apresentador Fabrício Pereira do programa "Bola na Área", exibido pela TV Cultura Vale do Aço e pela Rádio Vanguarda AM, o presidente do Social Futebol Clube, Francisco Simões, confirmou publicamente o que era cogitado há alguns meses nos bastidores: o clube irá se afastar do futebol profissional. O dirigente, também ex-prefeito de Coronel Fabriciano por três mandatos, afirmou que dentro em breve irá oficiar à Federação Mineira de Futebol (FMF) esta decisão, por considerar insustentável o futebol profissional para a agremiação. O clube está na Terceira Divisão do Campeonato Mineiro, após ser rebaixado na temporada passada como último colocado do Módulo B.
Segundo afirmou Simões durante a entrevista, "todos sabemos da importância da camisa do Social para o futebol do Vale do Aço, porém devemos ter juízo. O momento é de insistir no profissionalismo ou manter o patrimônio do clube".
O presidente, cujo mandato se estende até novembro de 2020 (sucedeu Djalma Rodrigues, que renunciou), afirmou que futebol profissional para clubes do interior "só serve para enriquecer e sustentar as entidades que comandam, no caso a Federação Mineira de Futebol". O custo, de acordo com Simões, é absurdo e a arrecadação está longe de cobrir qualquer despesa. "Para se ter uma ideia, ano passado, no primeiro jogo (do Mineiro do Módulo B de 2018) em que éramos mandantes e não pudemos receber a torcida porque não estávamos com os laudos em dia, ainda assim tomamos um prejuízo de mais de R$ 7 mil".
Origem da dívida
Segundo Chico Simões, as dívidas do Social datam de longa data, desde o tempo em que houve a realização de um Bingão de Carros sob a chancela do clube, no qual não houve o recolhimento de impostos federais e gerou uma inadimplência com a Receita Federal, que culminou, em 2015, com a renegociação via Profut (o programa criado pelo governo federal para socorrer os clubes de endividados em até 240 meses) de um valor que já chegava a mais de R$ 15 milhões. O dirigente citou nominalmente o presidente à época, Adílio Coelho, e o hoje vice de futebol do Cruzeiro, Itair Machado, como os responsáveis pelo evento que gerou a dívida em questão.
Na renegociação, o Social assumiu o compromisso mensal de mais de R$ 50 mil, porém, segundo o presidente, paga 75% deste valor atualmente, o que é permito por lei, algo em torno de R$ 42 mil. E disse mais: a última parcela foi quitada com recursos do seu próprio bolso, pois há um bloqueio judicial vigente nas contas do clube em razão de uma execução trabalhista. Esta dívida junto à Receita Federal estaria atualmente em torno de R$ 10,8 milhões, segundo última estimativa do dirigente.
Outras dívidas
O presidente socialino listou, ainda, diversas outras dívidas que tornam o clube inviável de ser administrado "tocando" o futebol profissional, cuja temporada, ainda que seja na Terceira Divisão do Mineiro, não custa menos do que R$ 400 mil.
Chico Simões informou, dentre outros compromissos pendentes: R$ 140 mil com o ex-presidente Djalma Rodrigues, mais de R$ 600 mil junto à Receita Estadual, dívidas ao conselheiro e ex-vice-presidente Antônio Eugênio, também junto à Cremac Madeireira, um parcelamento de empréstimo do ex-presidente Tasso Carvalho (que chegava a mais de R$ 1 milhão e foi negociado por R$ 300 mil em mais de sessenta prestações), parcelamento de dívida trabalhista do ex-jogador Joilson, dívida junto ao ex-presidente Ivan Medeiros, além de uma renegociação junto à Agfer Ferro e Aço e também contas em atraso à Copasa, Cemig e serviços de internet. Ele informou que "as contas estão abertas para quem quiser ver e conferir, não há nenhum segredo, não".
Diante da situação, Simões afirmou que "enquanto eu for presidente, até novembro de 2020, não vejo condições de tocar o futebol profissional". E disse ainda que "se alguém do meu conselho deliberativo tiver uma solução e me apresentar, estarei pronto a ouvir, mas não vejo viabilidade alguma de tocar futebol profissional, que, repito, é caro e inviável aos clubes do interior e só serve para sustentar as entidades e a TV Globo". E completou: "Não iremos nem falar em profissionalismo nos próximos anos, o juízo nos manda assim proceder".
Preservar o patrimônio
Chico Simões disse que o patrimônio do Social Futebol Clube (o estádio Louis Ensch) está em sério risco. Informou que trata-se de um área de 16 mil metros quadrados no centro de Coronel Fabriciano, um terreno que ainda não é legitimado. "É uma área legalizada, porém não legitimada". Segundo consta, foi uma permissão de uso da Igreja Católica - via Diocese de Mariana, em acordo que envolveu também a companhia Vale (à época a estatal Vale do Rio Doce), porém não homologada em cartórios, portanto uma posse frágil sob o ponto de vista legal.
Chico Simões estimou que essa área vale algo em torno de 50 a 60 milhões de reais e que está tomando a decisão para preservar tal patrimônio, que abriga um clube que é o símbolo de Coronel Fabriciano, cidade que completará no próximo domingo 70 anos de emancipação político-administrativa. O Social Futebol Clube foi fundado em outubro de 1944.
Categorias de base
O dirigente afirmou que, entretanto, o Social não irá fechar as portas ao futebol. É sua pretensão ativar as categorias de base, com a montagem de equipes Sub- 15 e Sub-17, de forma a oferecer oportunidades aos jovens talentos de Coronel Fabriciano e do Vale do Aço. "Montaremos esta base e iremos disputar torneios em diversas localidades, seja aqui ou até no Rio Grande do Sul, para mostrar a nossa vocação de oferecer oportunidade e revelar talentos, que eu acho que deve ser a nossa principal preocupação neste momento", pontuou o presidente do Saci.
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Cão Azul
16 de janeiro, 2019 | 11:13Uma pena, um clube tradicional que representa nossa região fora do cenário estadual do futebol.
Estar fora do profissionalismo = ficar praticamente sem renda. Tenho algumas perguntas...
Como vai quitar as dívidas sem fazer dinheiro?
Sem dinheiro e com dívidas, não aumentará as dívidas?
Existe algum plano de quitação ou algum incentivo para eliminar as dívidas? Quanto tempo fora?
Até concordo com a eliminação das dívidas mas o ideal é apostar em jogadores da região, pelo menos neste momento. Tenho certeza que muita gente jogaria até de graça no profissional ou senão, com um salário compatível com o mercado do vale do aço.”
Pedro
16 de janeiro, 2019 | 10:59Gente pelo amor de DEUS o que precisa e pegar todo este patrimônio e vender, olha não sei se uma cidade como Coronel Fabriciano tem condições de ter time profissional, o que precisa e criar um time para representar todo o vale do aço e mesmo assim ainda sera difícil a sobrevivência.
Esta área nobre onde fica o clube podere ser uma grande centro comercial com mtas lojas e apartamentos,ai fica esta encrenca deste campo no meio do centro, uma área nobre pouco utilizada, ISTO SÓ SERVE PARA CORRUPÇÃO.
O QUE PRECISA TER E UM PLEBISCITO ONDE A POPULAÇÃO DECIDA O QUE FAZER COM ESTE ELEFANTE BRANCO.
VENDA JÃ DESTA ÁREA, fabri precisa e de emprego no comercio e não um time de futebol para tirar dinheiro da cidade que esta sem recurso.”
Vanderlei Alves
15 de janeiro, 2019 | 19:20Social não pode para de disputar o profissional, presidente Sr tem que pedir demissão e deixa clube, as dívidas e de mal gestor , temos muitos talentos e nossa região, que dá para monta time bom, vamos para de gastar dinheiro do clube atoa .”