12 de janeiro, de 2019 | 17:00
Diabetes não tira férias! Desafios da insulinização aumentam no período
Adolescentes estão entre os que mais têm dificuldade
Reprodução
Boa alimentação e prática de exercícios devem continuar, assim como o uso de medicamentos e a insulinização
Boa alimentação e prática de exercícios devem continuar, assim como o uso de medicamentos e a insulinização
Se seguir a dieta durante o ano inteiro já é difícil, durante as férias essa tarefa fica ainda mais complicada. Seja em casa ou viajando, as tentações são mais frequentes assim como as pequenas escapadas. Porém, para os 13 milhões de brasileiros que têm diabetes, a atenção precisa ser redobrada, a fim de manter os índices glicêmicos adequados e controlar a doença: por isso, boa alimentação e prática de exercícios devem continuar, assim como o uso de medicamentos e a insulinização.
Insulinoterapia é considerada a alternativa mais difícil de ser aderida pelo paciente, pois demanda aprendizado quanto ao seu preparo, técnica para aplicação e monitorização do açúcar no sangue. Toda a rotina que envolve sua administração pode ser deixada de lado nos dias de relaxamento; mas, Fernando Valente, médico endocrinologista e Coordenador de Comunicação da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), orienta: O diabetes não tira férias! É importante carregar a insulina em um estojo que a mantenha em temperatura adequada, além das agulhas, seringas ou canetas de insulina, aparelho para medir a glicose (glicosímetro), lancetas para furar o dedo e fitas para a medição”.
Adolescentes estão no grupo de pessoas que mais apresentam dificuldade, já que o jovem passa por sentimentos de rebeldia, necessidade de autoafirmação e períodos de desleixo. Para que o diabetes não saia do controle, o apoio da família e dos amigos, assim como boa relação entre médico e pacientes, são fundamentais para superar os desafios e fornecer o suporte para resistir às tentações não só nas férias.
Ainda há muita resistência à insulinização, especialmente pelas ideias errôneas que a associam com a proximidade da morte, aparecimento de complicações do diabetes e dor. O especialista da SBD conta que a aplicação é bem tolerada e quase indolor se for feita corretamente. No entanto, pode transformar-se em algo muito complicado se a mente cria uma expectativa de dor. Alguns erros de aplicação podem torná-la dolorosa, como injetar insulina ainda gelada, aplicar no músculo ao invés de na gordura subcutânea, usar agulhas grandes sem fazer prega na pele, reutilizar agulhas, e aplicar quando se está tenso. Contudo, atualmente, existem agulhas muito finas e curtas que minimizam o desconforto. A sensibilidade para dor de cada pessoa é diferente, mas a prática diária e o entendimento de que o tratamento é necessário certamente tornam as coisas mais simples”.
Indicações
O médico endocrinologista explica que insulinoterapia é indicada quando o pâncreas não produz insulina, ou a produz em quantidade insuficiente para manter os níveis de açúcar no sangue normais apenas com comprimidos. Sua prescrição é imediata quando o diagnóstico é de diabetes tipo 1, inclusive para evitar complicações agudas da doença. Já no tipo 2, essa terapêutica pode demorar para ser proposta ou aceita, o que faz com que o início do processo sofra atraso médio de sete anos.
Essa inércia terapêutica deixa o indivíduo exposto a níveis elevados de açúcar no sangue por anos, aumentando muito o risco de desenvolver complicações crônicas da doença, como insuficiência renal, infarto, derrame, problemas na visão e nos nervos, que podem resultar em amputação. Estudos mostram que, no Brasil, cerca de 90% das pessoas com diabetes tipo 1 e quase 75% dos com tipo 2 estão com os níveis de glicose acima dos valores ideais”, ressalta Valente.
Para diabetes tipo 1, a insulinoterapia é para a vida inteira; fato que não se repete, necessariamente, no tipo 2 da doença. A insulina é o tratamento mais potente para controlar o açúcar no sangue. No tipo 2, quando a glicose está muito elevada, o pâncreas não consegue secretar insulina mesmo que ainda tenha uma boa reserva desse hormônio, fenômeno conhecido como glicotoxicidade. Muitas vezes, as aplicações de insulina são necessárias para tirar a toxicidade provocada pelos altos níveis de açúcar no sangue para que o pâncreas volte a funcionar suficientemente a ponto de se obter um bom controle apenas com medicamentos orais”, conclui Fernando Valente.
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