21 de novembro, de 2018 | 16:16

Os prejuízos à saúde com o uso do álcool e outras drogas

Marisa Pinto Coelho *

Considerada um transtorno mental, além de ser um problema social, a dependência química é tida como doença crônica, que comumente atinge indivíduos que fazem o uso constante de determinadas drogas. O conceito é estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O entendimento é que o uso abusivo de substâncias psicoativas representa um sério problema de saúde pública causando um impacto significativo na sociedade levando o sujeito a sérios problemas psicológicos, físicos e sociais podendo levá-lo ao óbito.

Ao analisarmos o número de óbitos maternos por complicações devido ao uso e abuso do álcool e outras drogas no Estado de Minas Gerais, nos anos de 2012 a 2016 por meio do portal Data SUS, no Sistema de Informações sobre Moralidade (SIM) foram obtidos os seguintes dados:

De 647 óbitos maternos, 22 (3,4%) estavam relacionados às complicações devido ao uso abusivo de álcool e outras drogas conforme o Código Internacional de Doenças (CID 10 – F00-F99); cerca de 50% das pacientes que morreram se encontravam na faixa dos 30 a 39 anos; 36% não completaram o ensino fundamental e 36% eram solteiras.
No que tange aos transtornos mentais e comportamentais, foi significativa a prevalência: 50% tinham transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de álcool e 45% transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de fumo.

Independentemente da faixa etária, o uso indevido de álcool e tabaco tem a maior prevalência global, trazendo também as mais graves consequências para a saúde pública. Segundo a OMS, o tabagismo é considerado a principal causa evitável de morte e, no que tange ao álcool, estudos conduzidos pela Universidade de Harvard e instituições colaboradoras estima que a droga seria responsável por cerca de 1,5% de todas as mortes no mundo.

Pensando no resultado de 22 mortes maternas (3,4%), aparentemente parece não ser um dado significativo em um universo de 100, mas, a alta prevalência desses óbitos associados ao uso de álcool e tabaco nos faz refletir e pensar em propormos estratégias de promoção da saúde bem como fortalecer a implementação de políticas públicas levando em consideração os determinantes sociais no território onde essas gestantes estão inseridas bem como o seu acolhimento, acompanhamento e até mesmo o encaminhamento para serviços especializados nesse tipo de atendimento.

Então, faz-se necessário que, tanto o profissional quanto o serviço de atendimento ou tratamento, sejam mais humanizados tendo conhecimento a variedade de apresentações sintomáticas gerados pelo uso abusivo e pela dependência de substâncias psicoativas, uma visão menos negativa sobre o paciente e perspectiva evolutivas frente ao problema, o que impede uma atitude mais produtiva dos profissionais.

Desta forma, a prevenção precoce e intervenções breves podem ter efeitos benéficos podendo promover a reversão deste panorama que tanto atinge a população de um modo geral.

* Psicóloga - supervisora da equipe de psicologia da Comunidade Terapêutica Fazenda Água Viva.
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