20 de novembro, de 2018 | 17:02

Operação La Famiglia combate grupo criminoso no Vale do Rio Doce

Homicídio são deliberados pelo colegiado e as vítimas são os que se tornam inconvenientes para a irmandade”, informa o Gaeco

Carla Barros
Membros do Gaeco detalharam na tarde passada, em Governador Valadares, os resultados da operação La Famigla Membros do Gaeco detalharam na tarde passada, em Governador Valadares, os resultados da operação La Famigla

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou nessa terça-feira (20) a operação La Famiglia, cujo objetivo é desarticular a atuação de uma organização criminosa – estabelecida na região Leste de Minas Gerais há pelo menos 20 anos - composta por fazendeiros, empresários, políticos, policiais militares, policiais civis, agentes penitenciários e civis que praticam crimes diversos, tais como: extorsão; corrupção ativa e passiva; concussão e homicídios por recompensa.

Foram cumpridos 42 mandados de prisão e apreensão, 41 mandados de prisão preventiva em desfavor de 29 pessoas em quatro estados da Federação e um nos Estados Unidos. O trabalho contou com apoio das polícias, Civil e Militar do estado de Minas Gerais, e forças policiais do Maranhão, Ceará e Bahia e representação da Interpol em Minas Gerais, Agência de Imigração Americana (Immigration and Customs Enforcement- ICE).

Foram presas 21 pessoas, das quais, sete policiais militares, dois policiais civis e um agente penitenciário.

O relatório do Gaeco aponta que a organização criminosa Família, criada nos moldes da máfia italiana, deliberava sobre os crimes mais violentos possíveis e procura resolver conflitos por conta própria, sem a intervenção do estado.

Para isso criou uma rede formada por mandantes, financiadores e executores. “Os crimes de homicídio são deliberados pelo colegiado e as vítimas são os que se tornam inconvenientes para a irmandade ou para um de seus membros. A inconveniência pode decorrer de desacertos comerciais; desavenças familiares; desavenças políticas; queima-de-arquivo; infidelidade conjugal; furtos de gado; furtos de armas da Família ou Irmandade”, afirma o Gaeco.


Em entrevista à imprensa na sede do Ministério Público na tarde desta terça-feira, em Goverandor Valadares, os integrantes do Gaeco informaram que, nos últimos seis anos os integrantes da organização criminosa, em seus diversos segmentos, passaram a ser assistidos, em quase todos os procedimentos administrativos ou judiciais, pelo mesmo escritório de advocacia situado no Leste de Minas Gerais.

No total, 18 homicídios qualificados, ocorridos somente na comarca de Conselheiro Pena entre os anos de 2011 a 2014, são atribuídos à ação da organização criminosa.

Impunidade

Conforme o Gaeco, o grupo mafioso atuou por tanto tempo, impune, graças a uma rede de contatos que incluía, inclusive, autoridades. Para a execução dos crimes, todos os detalhes são tratados entre mandantes, agenciadores e executores.

A forma de execução dos homicídios, via de regra, era sempre mediante pagamento ou promessa de recompensa e com uso de recurso que tornava difícil a defesa do ofendido, sendo comuns as emboscadas, sem prejuízo de outras circunstâncias que qualifiquem o assassinato.

Entre as estratégias utilizadas pela organização criminosa para conseguir a impunidade estão o planejamento criterioso da execução do crime para que não ocorra prisão em flagrante delito; acionamento de equipes de apoio logístico no dia do crime; acionamento de equipe para acompanhamento das investigações e fornecimento de informações privilegiadas para impedir o progresso da investigação; coação e eliminação de vítimas sobreviventes, familiares, testemunhas e até mesmo autoridades que estejam atuando na investigação; aproximação das autoridades locais para ganhar confiança, firmando uma autoimagem positiva e desconstruindo a imagem das autoridades que apurava os crimes da organização criminosa, detalha o relatório.

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