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01 de novembro, de 2018 | 14:05

Automedicação para dormir causa dependência química

Glaucilene Campos Godinho *

“7,6% da população fazem uso de medicamentos para dormir sem prescrição medica”

“Um medicamento e sua dosagem são adequados para tratar somente esse paciente”

A insônia é o distúrbio do sono mais frequente entre a população que frequenta os consultórios médicos. De acordo com a Associação Mundial do Sono, a insônia é uma epidemia que compromete a saúde, a qualidade de vida e do sono de 45% da população mundial. No Brasil, por meio de um levantamento realizado pelo IBGE, dentro da Pesquisa Nacional de Saúde, foi comprovado que mais de 11 milhões de brasileiros, o equivalente a 7,6% da população, faz uso de medicamentos para dormir sem prescrição medica. A Associação Brasileira do Sono acredita que esses números estão relacionados ao fato da população resolver temporariamente o problema dos sintomas manifestados.

A preocupação que permeia esse comportamento é a desconsideração da importância do diagnóstico do distúrbio, investigar as causas e origens do problema, para então, sob orientação e acompanhamento de um profissional, iniciar um tratamento adequado e específico para o sujeito em questão. A automedicação, além de dificultar o diagnóstico, pode abrir portas para outros distúrbios e patologias.

Os fatores que desencadeiam a insônia são múltiplos, como, por exemplo, a depressão. Os medicamentos indutores do sono mais utilizados no Brasil são os Benzodiazépinicos, que produzem cinco efeitos no organismo: sedativo, hipnótico, ansiolítico, relaxante muscular e anticonvulsivo. Sob o uso desses medicamentos a qualidade do sono é alterada, o paciente passa a dormir mais tempo, porém superficialmente, não atingindo o sono profundo, que é o segundo ciclo, chamado de REM (Movimento Rápido dos Olhos). Nesse momento ocorre o descanso e armazenamento das informações na memória.

A orientação é que esses medicamentos sejam consumidos com prescrição médica e por tempo limitado. Seus efeitos rápidos e atuação sobre o Sistema Nervoso Central estimulam a necessidade de doses cada vez maiores, aumentando a tolerância do organismo ao medicamento e desenvolvendo dependência. Cada paciente possui um quadro clínico com particularidades e, por esse fator, um medicamento e sua dosagem são adequados para tratar somente esse paciente (e não a sua família e amigos). Vale ressaltar que, os medicamentos, assim como as substâncias psicoativas (drogas), atuam no Sistema Nervoso Central alterando o sistema hormonal e interferindo na transmissão dos neurotransmissores.

A automedicação é um problema que atravessa séculos. O médico e físico suiço Phillippus Augustus Paracelso já afirmava que “a dose correta é que diferencia um veneno de um remédio”, logo, uma dose acima da indicada, pode transformar um remédio em um tóxico perigoso. Toda e qualquer dependência, seja ela em substâncias ilícitas ou licitas, deve ser diagnosticada e tratada por especialistas, para evitar maiores danos à saúde do indivíduo.

* Psicóloga da comunidade terapêutica Fazenda Água Viva


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