29 de outubro, de 2018 | 15:56
Futebol bonito
Fernando Rocha
Se não é neste momento o melhor time do Brasil, há um consenso de que o Grêmio joga o futebol mais bonito, o que só aumenta os méritos do trabalho executado por Renato Gaúcho, bem como o da diretoria gremista, que conseguiu mantê-lo no comando nestes dois anos, apesar do assédio de outros clubes, sobretudo o Flamengo.O tricolor gaúcho será a atração mais uma vez hoje, jogando pelo empate contra o River Plate, em casa, para chegar à disputa de mais uma final da Copa Libertadores e tentar o segundo título consecutivo - ou o quarto de sua exitosa história.
Renato Gaúcho é a antítese do treinador moderninho dos tempos atuais, aquele que anota tudo no caderninho e usa a prancheta para se comunicar com seus jogadores. Sua virtude principal é a intuição, a mesma que o transformou num dos maiores atacantes da sua época no futebol brasileiro, e que está agora ainda mais aguçada na função de treinador, capaz de buscar e recuperar jogadores problemáticos em outros clubes, além de priorizar a parte ofensiva sem abrir mão de uma organização defensiva eficiente.
Num cenário pobre que inclui a constante interrupção de trabalhos de técnicos, troca de jogadores, excesso de jogos, redução do tempo para treinar, ver o Grêmio de Renato Gaúcho exibir um futebol ofensivo e, ao mesmo tempo, prático e eficiente defensivamente, chega a ser algo raro e prazeroso.
Bom exemplo
Com este calendário maluco, se sai melhor o clube que reconhece não ser possível conquistar todos os títulos que disputa, pois nem mesmo o Palmeiras, com dinheiro suficiente para montar dois elencos de qualidade, conseguiu se impor - como pretendia - nas três competições que disputou simultaneamente.
Assim, foi eliminado na Copa do Brasil e está perto de fracassar também na Libertadores; derrotado pelo Boca Juniors por 2 x 0 na Argentina, terá uma difícil missão nesta quarta-feira para reverter a vantagem portenha, mesmo jogando em casa, restando-lhe agora o Campeonato Brasileiro, onde lidera com certa folga e, caso não haja um acidente de percurso, caminha para conquistar o título.
O Cruzeiro é um exemplo de planejamento realístico bem sucedido. A atual diretoria teve o mérito de manter a base do time e o técnico Mano Menezes, herdados da gestão passada, mesmo após um processo eleitoral turbulento.
Entre os titulares, contratou apenas Barcos e Egídio, conquistou o Campeonato Mineiro, deixou o Brasileirão em terceiro plano, e o resultado foi o bicampeonato consecutivo da Copa do Brasil, tornando-se o maior ganhador da competição, com seis títulos no total.
Já garantido na fase de grupos da Copa Libertadores de 2019, onde vai tentar o tricampeonato para disputar o Mundial de Clubes, a diretoria celeste tem pela frente o desafio de renovar o elenco contratando jogadores mais jovens, mas o foco nas competições de mata-mata não deve mudar na próxima temporada. Afinal de contas, em 10 jogos p clube ganhou R$ 62 milhões e a taça, ao passo que, no Brasileirão, com 38 rodadas e jogos desgastantes, a premiação é bem menor.
FIM DE PAPO
A CBF tem a obrigação de zelar pelo produto eu gerencia, mas este ano não fez isso e manteve, no Campeonato Brasileiro, os mesmos valores de premiação da temporada passada. As cifras são baixas em relação a outras competições, principalmente se comparadas com a Copa do Brasil, que chega a pagar no acumulado R$ 68,7 milhões ao campeão, tornando-se a competição mais rentável do nosso continente.
No Brasileirão serão distribuídos R$ 63,7 milhões, provenientes da divisão do valor pago pela TV. O campeão levará para casa pouco mais de R$ 18 milhões, enquanto o vice embolsará R$ 11 milhões. O sistema adotado pela entidade premia os clubes que ficarem até a 16ª colocação, deixando de fora os rebaixados para a Série B do próximo ano.
A explicação da CBF para repetir os valores de premiação do ano passado no atual Brasileirão é que os novos contratos firmados com a televisão só passarão a valer a partir de 2019. Por isso, a CBF diz que só deve aumentar as cotas de modo mais significativo no próximo ano, já que houve quebra no monopólio da Rede Globo/SporTV com a chegada da Turner, que também transmitirá os jogos pelos canais pagos Space e TNT.
No atual Brasileirão da Série A, 16 dos 20 clubes já trocaram seus treinadores pelo menos uma vez. É difícil de imaginar que não haja mais demissões e trocas até a última rodada, mas o que chama a atenção no momento são as muitas reclamações contra os erros da arbitragem, que de fato é muito ruim.
Recentemente vimos alguns dos principais personagens do atual futebol brasileiro, como o diretor de futebol e o técnico do Palmeiras, Alexandre Mattos e Luiz Felipe Scolari, além dos colorados Rodrigo Caetano e o jogador DAlessandro, dizendo ou insinuando em entrevistas que eventuais erros contra seus times eram fruto de alguma teoria de conspiração.
Nada mais antigo e retrógrado do que isso, algo que só fica bem na boca do torcedor, jamais dito por alguém que tem a responsabilidade de zelar pelo bem dos seus clubes e, consequentemente, do produto futebol que representam. (Fecha o pano!)
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