08 de outubro, de 2018 | 16:21

Vavá, legado de amor ao Vale do Aço

Margarida Drumond de Assis *

“Pessoa de capacidade e de iniciativa, em 1962 Vavá fez ecoar em Minas Gerais o topônimo Vale do Aço”

Na vida de um povo, pessoas há que se destacam por seu dinamismo, capacidade de liderança, por sua vida respeitosa, sempre buscando se posicionar pelo bem geral de todos, dando bons testemunhos. Assim ocorre na querida região do Vale do Aço, que engloba as três cidades irmãs, Coronel Fabriciano, Timóteo e Ipatinga. Ao se pensar na história das pessoas daquela região, logo se vê o nome de um comerciante que ali viveu por 44 anos, o Sr.

Waldetaro Vitorino Dias, estimado Vavá, que faleceu quinta-feira (4), aos 91 anos, e sepultado hoje, em Timóteo, na presença de grande número de amigos locais e também de Coronel Fabriciano, cidades nas quais ele morou tantos anos. E se ressalte, também outras tantas presenças de pessoas oriundas de Ipatinga e de toda a região que ele tanto amou.

Mineiro de Dionísio, nascido em 1927, filho de Alvim Vitorino Dias e Carlota Vasconcelos, Vavá era casado, desde setembro de 1952, com Glória Moreira Dias, a Glorinha, com quem partilhou seus sonhos e luta por uma vida melhor, também para o povo do Vale do Aço, região pela qual ele lutava, querendo-a como "metropolitana”.

Vavá muito se destacou como comerciante, mostrando-se, em seus mais de noventa anos de vida, ser pessoa preocupada com a situação dos moradores do Vale do Aço, termo aliás do qual ele salientava, orgulhoso, ter sido o criador.

Pessoa de capacidade e de iniciativa, em 1962 Vavá fez ecoar em Minas Gerais o topônimo Vale do Aço para a então região do Rio Doce, conforme ele próprio contou à época da entrevista que me concedeu para a biografia Dom Lara: vida de vida de amor testemunho de caridade.

Com a papelaria Tabajara, de sua propriedade no centro de Coronel Fabriciano, o pioneiro que tanto trabalhou na Associação Comercial do município, fazia questão de ressaltar nos convites e mensagens que o Vale do Aço constituía-se de um Polo Regional Siderúrgico e que englobava três núcleos urbanos – Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo". Quando da constituição do antigo Clube de Diretores Lojistas (CDL) Coronel Fabriciano, Waldetaro Vitorino Dias contou com a adesão do então presidente Expedito Marcolino, de saudosa memória, e, de fato, o termo se propagou tornando as cidades do Aço conhecidas no Brasil e mesmo no exterior.

Por haver chegado à região quando ainda tinha 22 anos de idade, Vavá foi logo dos primeiros funcionários da antiga Companhia Acesita, e, jovem inteligente e curioso, de imediato tomou gosto por sugerir coisas, fazer projetos, escrever artigos para jornais. Assim, conforme recordou em seu depoimento, sugeriu aos seus chefes na Acesita, que no desfile de 7 de Setembro, colocassem devidamente uniformizados, a desfilar, apresentando o resultado de suas atividades, os trabalhadores rurais, iniciativa que foi um sucesso.

Bem lembrou o Diário do Aço ao registrar o falecimento do Vavá, quando salientou tratar-se de uma pessoa idealista. Portanto, era comum vê-lo defendendo a necessidade de se criar a Região Metropolitana do Vale do Aço, sonho que ele não viu se realizar integralmente. Há uns oito meses Vavá fez questão de me pedir para escrever um livro. "Você é quem escreverá sobre o nosso Polo Industrial, nossa Região Metropolitana”, logo me passando algumas pastas com várias anotações e documentos - meu Deus, que responsabilidade.

O mesmo podemos dizer do desejo que ele tinha de ver toda a comunidade regional servida por vias férreas, não rodoviárias, apenas. "Urge a implementação urbana ferroviária", defendeu Vavá em um de seus artigos publicados, em cujo espaço ainda recordava que, no início dos anos 1970, os problemas que mais assolavam a região eram o analfabetismo, saneamento básico, segurança pública, atendimento na saúde pública e o combate à poluição desenfreada.

E, agora, ao lhe reverenciarmos o nome, cumpre-nos ainda dizer que além de todo esse legado de amor ao Vale do Aço, fica-nos de Waldetaro Vitorino Dias também o seu amor à Igreja Católica, respeitoso que era em seu fiel exemplo de dedicado vicentino. Cumpriu, pois, com louvor sua missão nesta terra.

* Jornalista, professora e autora de diversos livros entre romances, poesias e outros gêneros literários. Com 41 anos de literatura e jornalista experiente, Margarida foi recentemente empossada, em Fortaleza/CE, Presidente coordenadora da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - AJeb/DF

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