27 de setembro, de 2018 | 09:00
Jornalista mineira é atacada após ser confundida com repórter da Folha de São Paulo
Empregada de revista em Belo Horizonte foi duramente atacada nas mídias sociais e recebeu ameaças; agressores a confundiram com repórter que escreveu sobre a mulher de Bolsonaro
A jornalista Marina Dias, que trabalha na Revista Encontro há seis anos, em Belo Horizonte, foi vítima de ataques cibernéticos a partir madrugada desta quarta-feira. Ela é homônima da repórter da Folha de S. Paulo que é uma das co-autoras de uma reportagem sobre o candidato à presidência Jair Bolsonaro divulgada no portal Uol e no site do jornal. A matéria afirma que a ex-mulher de Bolsonaro teria sofrido, em 2011, ameaça de morte por parte do capitão reformado do Exército.Reprodução
Caçada a autora de reportagem resultou em ataque a jornalista que nada tinha a ver com o trabalho da Folha
Caçada a autora de reportagem resultou em ataque a jornalista que nada tinha a ver com o trabalho da Folha
Desde a madrugada do dia 25, uma série de perfis divulgaram a foto e diversos dados pessoais de Marina Dias, associando-a à reportagem da Folha. "Acordei com uma mensagem de um amigo me avisando do que tinha acontecido. Fiquei atônita”, diz Marina. Ele me enviou vários prints de tuítes com minha foto e xingamentos. Quando fui ver até meus dados pessoais, e-mail e telefones estavam na rede".
"Duas coisas me deixaram muito triste: como algumas pessoas não têm nenhum apreço pela verdade e como o ódio está disseminado na internet, pois o teor das mensagens era injustificável".
O importante é ressaltar que tanto quem disseminou a mentira como quem a compartilhou comete crime. A internet e as redes sociais são instrumentos importantes de informação, mas sem o devido cuidado podem se transformar em armas contra a reputação de pessoas. "Nós, jornalistas, estamos passando por um momento desafiador, e o meu é só mais um exemplo de como o combate às fake news precisa ser constante", diz Marina.
A confusão começou quando o apresentador Danilo Gentili publicou um post em que defendia "essa jornalista tem que ser identificada". Logo depois um seguidor postou o perfil da jornalista mineira, que tem o mesmo nome da jornalista da Folha.
Alertado do equívoco, o apresentador, que se declara apoiador de Bolsonaro, apagou o post e publicou outro, alertando que não era a mineira a autora da notícia. Tarde demais. Dados pessoais, endereços, telefones, da residência e do trabalho da jovem em Belo Horizonte alastrou-se nas mídias sociais e a revista na qual ela trabalha passou a receber ligações com eleitores proferindo xingamentos. O caso foi parar na Delegacia de Policia Civil e as mensagens com ameaças serão analisadas, uma a uma.
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