12 de agosto, de 2018 | 10:19
O desafio do vegetarianismo
Empresas de alimentos e hotéis procuram produtos para atender a um público especial
A busca por uma alimentação saudável, potencializada pela preocupação com o meio ambiente e a exploração animal, tem levado várias pessoas a optar por formas de eliminar carnes e derivados do cardápio. No Brasil, 14% da população acima de 16 anos se declara vegetariana, segundo pesquisa feita em 2018 pelo Ibope Inteligência.O fato de mais de 28 milhões de brasileiros terem optado por esse tipo de alimentação estabeleceu um novo desafio para restaurantes, bares e até panificadoras, que tiveram que começar a se preocupar com as opções de cardápio, divulgando com mais clareza os ingredientes utilizados nos produtos disponíveis.
Os hotéis, locais que recebem hóspedes com perfis variados, também tiveram que se adaptar: segundo a nutricionista responsável pelo cardápio saudável do Marriott São Paulo Airport, Glenda Cristina de Souza, o hotel verificou nos últimos anos um aumento na procura por pratos que não levam carne.
Já tínhamos algumas opções, mas, com a demanda cada vez maior, desenvolvemos desde sanduíches a pratos principais sem carne”, relata. Ela revela ainda que a preocupação não é só com opções vegetarianas, mas também com a origem dos alimentos: Normalmente, quem opta por excluir alimentos de origem animal também se preocupa mais com a saúde. Por isso trabalhamos com frutas, verduras e legumes frescos, dando preferência aos alimentos orgânicos e sem agrotóxicos”, complementa.
Dentre as escolhas disponíveis destaca-se o sanduíche vegetariano, com pão integral, berinjela, abobrinha grelhada e tomate; o palmito grelhado com aspargos frescos ao molho holandês e o risoto de legumes com queijo brie.
Como também temos clientes veganos, aqueles que não consomem nenhum derivado de origem animal, adaptamos cada um dos pratos disponíveis conforme a necessidade, retirando itens como queijo e manteiga, por exemplo. Esse cuidado também é tomado com hóspedes com restrições alimentares, como intolerância à lactose e ao glúten”, finaliza Glenda.
Cuidados
Eliminar do cardápio itens oriundos de animais faz com que a pessoa se torne vegetariana, mas isso não é sinônimo de saúde. A carne vermelha, por exemplo, é uma importante fonte de proteína e de um tipo de ferro de fácil absorção pelo corpo humano (o ferro de origem vegetal demanda cuidados para melhor assimilação).
Para garantir a mesma quantidade de nutrientes, é necessário substituir. Muitas pessoas trocam a carne por carboidratos, o que pode levar a um aumento de peso e à deficiência de ferro e vitamina B12,”, exemplifica a nutricionista.
Há três tipos de vegetarianismo mais comuns. Um corresponde à eliminação de qualquer tipo de carne, mas ovos e leite permanecem. Muitas pessoas começam com a retirada de carnes vermelhas, evoluindo para excluir carnes brancas e frutos do mar. Várias optam por esse tipo de alimentação, que permite o consumo de itens como manteiga, leite e queijos, além de ser uma dieta mais fácil de seguir”, diz Glenda.
Em outra forma comum, leites e seus derivados fazem parte do cardápio, mas ovos são eliminados. E há ainda o veganismo, que, além de abolir o consumo de alimentos de origem animal, prega o fim da exploração animal. É possível se alimentar bem só com alimentos de origem vegetal. Mas o acompanhamento de um especialista é essencial para que haja o equilíbrio dos nutrientes essenciais, assim como a complementação, se necessário”, conclui Glenda Cristina.
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