05 de agosto, de 2018 | 07:45

Moradores em situação de rua dominam arredores da Estação Memória

Com isso, a Estação Memória deverá ser cercada com grades para evitar danos em sua estrutura

Wôlmer Ezequiel
 Após o anoitecer, o espaço e o entorno dele é dominado por moradores em situação de rua Após o anoitecer, o espaço e o entorno dele é dominado por moradores em situação de rua

Considerada um patrimônio histórico, a Estação Memória “Zeza Souto”, no Centro de Ipatinga, que há muito funciona como um espaço cultural, está às voltas com uma situação complicada. Após o anoitecer, o espaço e o entorno dele é dominado por moradores em situação de rua, que se aglomeram ao redor da Estação Memória e praticam diversas atividades. No dia seguinte, comerciantes e lojistas que trabalham nas proximidades, afirmam que encontram restos de comida, dejetos humanos, lixo e outros resíduos no patrimônio histórico e também em frente aos seus estabelecimentos. Com isso, a Estação Memória deverá ser cercada com grades para evitar danos em sua estrutura.

Em entrevista ao Diário do Aço, comerciantes e lojistas das ruas Belo Horizonte e Montes Claros, explicaram a situação que enfrentam no dia a dia e como isso prejudica o seu comércio. De acordo com a vendedora Layse Evangelista Vieira, chega a ser constrangedor falar acerca desse assunto, por envolver atitudes surreais. “Eu abro a loja todos os dias às 8h e, dificilmente, não tem um morador em situação de rua dormindo em frente à porta. Além disso, eles defecam e urinam muito aqui perto. Com isso, todos os dias temos que lavar e esfregar a calçada. Já a praça da estação fica mais suja ainda. Tinha que cercar lá o mais rápido possível”, sugere.

Layse Evangelista acrescenta que já presenciou até cenas de roubo dentro da loja em que trabalha. “Teve um dia que uma cliente foi abrir a carteira para dar um dinheiro para uma moradora em situação de rua. E assim que abriu, a moça tomou a carteira dela e saiu correndo”, conta.

O chaveiro Ivanildo José dos Santos também reclamou da situação ao Diário do Aço. Segundo ele, a Estação Memória foi dominada pelos moradores em situação de rua. “Todo dia de manhã fica uma imundície danada o local. E eles fazem muita sujeira aqui nas proximidades. Muitos até defecam onde eles praticamente dormem. E são muitos que ficam andando no entorno, chega a fazer medo na gente. Alguns são até bem agressivos”, ressalta.

Já um dono de um estabelecimento, que preferiu não ser identificado, afirmou que já sofreu diversos furtos e roubos praticados pelos moradores em situação de rua. “É uma situação difícil. Moradores do Centro e comerciantes estão indignados com essa situação, porque são muitos roubos e furtos, o que acaba desmotivando as pessoas de transitarem aqui perto. Além disso, eles não respeitam nem o patrimônio histórico, que deveria ser bem mais cuidado”, pontua.
Wôlmer Ezequiel
Iris Matilde da Silva informou que, todo dia de manhã, ele encontra lixo e fezes em volta da Estação Memória Iris Matilde da Silva informou que, todo dia de manhã, ele encontra lixo e fezes em volta da Estação Memória

Situação crítica
O gerente da Estação Memória, Iris Matilde da Silva, revelou que sua rotina na parte da manhã é a mesma dos comerciários e lojistas. Todo dia quando chega para trabalhar, ele encontra muita sujeira na calçada e em volta do patrimônio histórico. Dessa maneira, a estrutura da Estação Memória fica sob ameaça, o que exige a implementação de mais segurança. “Nos preocupa muito esses andarilhos que vêm aqui durante a noite e utilizam a área para fazer várias coisas desagradáveis. Infelizmente, nós aqui do Centro estamos em uma situação muito crítica. Todo dia que chego aqui encontro muita sujeira, principalmente, na segunda-feira. Então, é preciso de alguma proteção para conservar a Estação Memória, que é onde está a história de Ipatinga”, explica.

Drama social
Procurada pelo Diário do Aço, a administração municipal de Ipatinga afirmou, por meio de uma nota, que a cidade vivencia o fenômeno da população em situação de rua, assim como em outros lugares. “Um drama social complexo que precisa ter o envolvimento de diversos segmentos da sociedade para encontrar soluções. No município, as pessoas em situação de rua que aceitam a assistência oferecida pelo Poder Público podem contar com diversos serviços, como o Centro de Referência Especializado para a População de Rua e a Casa de Acolhimento Parusia”, ressalta.

A nota também destaca que todos os dias, durante o período noturno, é realizado na Estação Memória o serviço de vigilância para proteção do patrimônio histórico e cultural do município. Nos períodos matutino e vespertino, o local está sob responsabilidade do gerente do setor.

Além dessa vigilância, a Prefeitura de Ipatinga informou que devido aos diversos episódios de arrombamento e depredação ocorridos na Estação Memória, patrimônio histórico do município, está sendo encaminhada uma parceria com a Usiminas, sem custos para o erário público, para implantação de um sistema de proteção junto à edificação. “A medida está em fase final de discussões, sendo debatida pelo Departamento de Cultura, órgão ligado à Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer de Ipatinga, junto ao Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico de Ipatinga (Comphai)”, conclui a nota.

História
A Estação Memória é um marco importante na história do Vale do Aço. No local (entre as ruas Belo Horizonte e Montes Claros) foi construído, em 1930, um novo ponto de embarque e desembarque de passageiros para substituir a Estação de Pedra Mole, o primeiro posto ferroviário de que dispunha o então distrito de Ipatinga, inaugurado em 1922 e que funcionava num ponto hoje encoberto por uma pequena mata, entre os bairros Castelo e Cariru. Atualmente, ainda existem ruínas desta edificação.

Desativada em 1951, as dependências da estação do Centro de Ipatinga foram utilizadas, no período de 1963 a 1964, como sala de aula para os filhos de trabalhadores. Já no ano de 1968, serviu de abrigo para vítimas de enchente que atingiu a área onde se localiza o Novo Centro.

Em 30 de dezembro de 1981, a Estação Ipatinga foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Municipal, por meio do Decreto nº 1.422. Após algumas reformas, em 1992 o local passou a ser um espaço cultural para a divulgação de projetos de artes, abrindo-se à visitação pública e exposições de pinturas, fotografias, vídeos, documentos históricos, além de shows musicais.
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Comentários

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Elizangela

06 de agosto, 2018 | 10:39

“Gostaria muito que essa igreja que traz alimentos para eles aqui no centro de Ipatinga, viessem também no dia seguinte nos ajudar a limpar a sujeira deles em nossas portas, porque eles não comem fazem bagunça com a comida jogando pra todo lado, isso quando não vendem quando é lanche pra comprar drogas, está insustentável essa situação, precisa de uma medida urgente.”

Maria

06 de agosto, 2018 | 10:35

“Realmente já passou da hora de a administração de Ipatinga tomar alguma atitude a respeito, o comércio tem sido muito prejudicado devido a insegurança dos clientes em circular pelas ruas do centro, fora a imundície que eles deixam as ruas, são pessoas que não querem mudanças,precisamos de ajuda com urgência.”

Joao

06 de agosto, 2018 | 10:16

“Deixa os caras... Usuário não fica preso, no máximo assina tco e houve conselho do juiz na audiencia, e outra, todos tem o direito de ir e vir, inclusive eles, então podem ficar a vontade, seja deitados, sentados, agachados, de ponta a cabeça em qualquer lugar onde a lei não proibir... A prefeitura, a policia, vão fazer o que?!.... Prender sem motivos, prender pq são pedintes, internar a força assim como fez a prefeitura de São Paulo?!.... Chama os nobres defensores dos direitos humanos e levem eles até lá, duvido que tenham solução... Problema social que só vai diminuir acabando com a favelinha atrás da delegacia, acabar com a rua do buraco, com o game no Iguaçu com a Amazonita no panorama....fora isso os the walking dead vão se proliferando nas ruas”

Ana

06 de agosto, 2018 | 09:28

“Não creio que cercar seja a solução. Pode até amenizar para a Estação Memória, mas de nada vai adiantar, está de prova o antigo restaurante popular. Cercando a estação memória o que vai acontecer é os moradores de rua se aglomerarem ainda mais nas portas dos comércios e residências. Pra todo lado que vai no Centro você encontra fezes. As ruas cheiram mal.”

Walace Emerich

06 de agosto, 2018 | 08:04

“Neste caso o problema possui muitas frentes a se atuar, primeiro cortar todo e qualquer auxilio que os mantém nessa situação, aqueles que querem ajudar que o façam para instituições que tem capacidade de distribuir o auxilio de forma a organizar e trabalhar a saída desses indivíduos dessa situação.
Segundo criar estratégias e parcerias junto ao policiamento para coibir a criminalidade.
Terceiro eliminar a presença de todo tipo de comércio que os mantém nessa situação de degradação, isso é complicado pois significaria fechar os bares que vendem bebidas alcoólicas do entorno, mas tendo em vista a gravidade da situação não consigo visualizar nenhum beneficio trazido por esses comércios.
Quarto, trabalhar junto com órgãos assistenciais estratégias para ajudar esses indivíduos para ou saírem desta vida ou para retorná los a suas regiões de origem.”

O Rappa

05 de agosto, 2018 | 13:23

“A situação está insustentável! Tenho comércio na rua MONTES CLAROS é meus clientes tem medo de frequentar o local. Mas meus impostos são pagos em dia. Conheço todos que frequentam a ESTAÇÃO MEMÓRIA e a rua POUSO ALEGRE são usuários de drogas e nao querem mudar de vida. Tem uma igreja q faz serviços sociais para o povo de Rua doando cobertores novos na embalagem . Os cracudos tentam e conseguem vender tudo q ganham por até 2,00 e ainda ficam bravos qd a gente recusa. Bando de lixo humano. Estao Ness situação por nao querem nada de nada. Me sentindo de saco cheio.”

Glaussim

05 de agosto, 2018 | 10:35

“Penso que morar na rua é algo doloroso e sub humano, mas a prefeitura pode cercar a Estação Memória e instalar sistema de câmera. Isso é o mínimo que pode fazer, já que alguns escolhem as drogas, perpetuando suas ações desagradáveis.”

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