03 de junho, de 2018 | 21:54

Projeto viário para ciclovias é urgência em Ipatinga

Adeliane Coelho e Marcelo Mota *

Muito se falou sobre a questão da mobilidade urbana em Ipatinga nos últimos anos. Termos de compromisso assinado, projetos de lei e inúmeras promessas sobre ciclovias e melhorias nas vias foram feitas aos grupos de ciclistas da cidade, mas até hoje nada se fez. E esse é um problema que necessita ser resolvido com urgência prezando assim, a segurança de todos. Do gestor eleito nesse domingo em Ipatinga esperamos um novo posicionamento diante do fato que o número de pessoas em bicicletas, seja no lazer, esporte ou a trabalho aumentou e essa situação não pode mais ser ignorada.

Bom, em se tratando de ciclovias, sabemos que Ipatinga conta com apenas uma via em condições humanas de uso, a qual se encontra localizada no canteiro central da avenida Selim José de Sales, entre os bairros Canaã e Bethânia. As demais são apenas calçadas compartilhadas por onde transitam, no mesmo espaço, sem demarcações, pedestres, ciclistas e corredores. Estas, além de serem compartilhadas, em sua maioria encontram em péssimas condições sendo às vezes mais seguro pedalar fora delas, pois não possuem sinalização e iluminação adequada. Algumas são realmente muito escuras à noite e apresentam muitas deformações no piso, o que facilita danos nas bicicletas, quedas dos ciclistas e desconforto ao pedalar. Um exemplo desses problemas pode ser encontrado na calçada compartilhada que liga os bairros Iguaçu/Ferroviários/Horto, visto que neste trecho há pouquíssimo policiamento e apresenta grande índice de assaltos. Existem também os pontos de ônibus que ocupam grande parte dessas vias, aumentando assim os riscos de acidentes entre ciclistas e pedestres.

Outro grande problema relacionado a estas calçadas compartilhadas é o fato de que a maioria não possui rampas de acesso adequadas e em locais apropriados. A maioria delas começa do nada e termina sem mais nem menos, jogando os ciclistas diretamente nas ruas, avenidas e até na contramão de direção, sem nenhuma placa que alerte sobre o risco que isso representa. Um exemplo dessa situação é a calçada compartilhada construída recentemente na avenida Maanaim, entre os bairros Jardim Panorama/Cidade Nobre/Caçula. Essa via ficou sem rampas de acesso para quem vai atravessar sentido Cidade Nobre e vice-versa, tendo o ciclista que pular o meio fio para atravessar a via.

A calçada compartilhada da avenida Londrina, no bairro Veneza, está em situação precaríssima. Não bastasse o desgaste, raízes de plantas danificaram o concreto do piso e as intervenções nas redes de serviços como água, telefonia, energia e esgoto nunca são reparadas de forma a deixar o piso em perfeito estado.

Ao senhor gestor alertamos que o número de ciclistas no Vale do Aço aumentou consideravelmente nos últimos anos, principalmente no que diz respeito ao uso da bicicleta como um esporte ou mesmo uma forma de lazer pela busca de melhor saúde e qualidade de vida. Isto sem falar das inúmeras pessoas que fazem da bicicleta o seu meio de transporte para outros fins, inclusive o trabalho. E, ao pensar nessa mudança de comportamento dos cidadãos de nossa cidade e região, é preciso que se invista na melhoria das vias e que verdadeiras ciclovias sejam construídas para trazer assim, uma maior segurança para os amantes da bicicleta.

Muitos criticam os ciclistas que transitam fora destas calçadas compartilhadas, buzinam e até xingam, mas quando tiverem a necessidade de usar a bicicleta para ir ao trabalho ou como meio de lazer, compreenderão as nossas queixas diante das vias totalmente degradadas.

Dessa forma, faz se necessário que a nova administração municipal tenha um olhar mais crítico, cuidadoso e direcionado, repensando as formas de construção e manutenção destas calçadas compartilhadas, contribuindo para uma maior harmonia e segurança no trânsito. Outro fato a se repensar é sobre a Educação para o Trânsito na grade curricular das escolas. O assunto é levado à sala de aula apenas na Semana do Trânsito, quando deveria ser um tema tratado com frequência maior. As pessoas precisam ser educadas – desde bem pequenas - de como comportarem-se no trânsito respeitando o espaço de cada um, pois é mais fácil educar uma criança que reeducar um adulto.

* Cicloativistas