31 de maio, de 2018 | 14:00

Salah: craque em driblar preconceitos

Ali Zoghbi*

O atacante egípcio Mohamed Salah, atacante do Liverpool de 25 anos, não vem ganhando fama apenas por ter feito mais de 40 gols em 52 jogos da Champions League. Tampouco por ter chegado à final deste que é o melhor campeonato interclubes do mundo ou por ter conseguido a classificação de seu país para a Copa do Mundo da Rússia após 28 anos. Não são apenas seus dribles dentro de campo, as cabeceadas e chutes certeiros que vêm mexendo com as pessoas de todo o mundo. Ele é mais do que isso: tornou-se um símbolo contra aqueles que insistem generalizar e discriminar os seguidores do Islam.

Sim, Salah é muçulmano. Mora em Liverpool, na Inglaterra, e segundo declarou recentemente Abdul Hamid, um dos curadores da restauração da mesquita mais antiga do Reino Unido, ele frequenta várias mesquitas da cidade, sempre de forma discreta. Comemora seus gols ajoelhando-se e apontando para o céu, em sinal de devoção. E segundo reportagens publicadas em jornais ingleses, seguirá normalmente o jejum neste mês sagrado para os muçulmanos, o Ramadan, que recorda a revelação feita por Deus ao profeta Muhammad.

Hamid, de 42 anos, nascido e criado em Londres, lembrou de um amigo de escola que era negro e muçulmano. Ele jogou no West Ham nos anos 80, mas sofreu tanto racismo e preconceito da própria torcida do time que deixou o clube. Era uma época em que muçulmanos tinham de evitar os arredores de West Ham, Chelsea e Millwall, declarou.

Com Salah é diferente ... São matérias na imprensa não só sobre o seu talento no futebol, mas também, sobre as ações sociais que promove em sua cidade natal, Nagrig, que fica a 130 km do Cairo. Ele iniciou a construção de um hospital e de uma escola para meninas. Em outra escola do centro da cidade, agora rebatizada com seu nome, financiou a construção de um campo que de futebol e equipou a academia. Doou mais de R$ 4,7 milhões em equipamentos médicos para o Hospital Universitário de Tanta, localizado no norte do país.

Este jovem muçulmano conseguiu atrair mais de 11 milhões de seguidores no Instagram e outros 5 milhões no Twitter. Por meio do futebol, vem mostrando que somos todos iguais e que a religião não pode ser uma barreira para separar pessoas. Muito menos um rótulo.

Como brasileiro, muçulmano e amante do futebol, confesso que fico feliz ao ver Mohamed Salah mudando o conceito que as pessoas têm do Islam. Fico mais feliz ainda, quando a fanática torcida do Liverpool entoa o canto que já se tornou mundialmente conhecido: "Se ele é bom o suficiente para você / Ele é bom o suficiente para mim / Se ele fizer mais alguns gols / Então eu serei muçulmano também / Ele está sentado em uma mesquita / É lá que eu quero estar".

Obrigado, Salah!



*Ali Zoghbi é jornalista, vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil – FAMBRAS.
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Comentários

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Cesar Kaab

14 de outubro, 2020 | 08:24

“Triste ler comentários aqui de pessoas tão desinformadas, que associam a paz ao terror, poderíamos julgar que no nosso país 99% dos estupradores e assassinos que se encontram encarcerados são cristãos, então por esse motivo devem julgar a todos os outros que proferem a mesma religião ? No Egito tem igrejas aos montes, tanto evangélicas como católicas, em uma ocasião muçulmanos e cristãos juntos fizeram um abraço ao redor da igreja pra extremistas das duas partes não fizessem mal aos que eram contrário a eles. Vos faltam conhecimento, e tudo que rodeia Mo Salah não é porque prega sua religião, é por sua conduta com os seus iguais, o respeito e carinho que demonstra com seus pares, vcs falam de Jesus mas nada entendem sobre sua real e verdadeira essência, que era amor ao próximo. Assalam Aleikum (Que a paz esteja com vcs).”

Renato

24 de junho, 2018 | 00:30

“Pra ele provar que é diferente mesmo, tem que pedir publicamente para seus compatriotas pararem de matar e perseguir a minoria cristã do seu país. Ser muçulmano em Londres é fácil. Difícil é ser cristão no Cairo.”

Marcelo Luciano da Costa Santos

31 de maio, 2018 | 19:01

“Interessante, "né"! O cristão quando faz tudo isso que o Salah faz é tido como fanático e a Fifa, a UEFA e outras entidades ficam em cima para que ele não expressem sua fé e religiosidade, bem como é policiado em todos os gestos em nome da pseudo respeitabilidade aos outros.
Mas ao muçulmano, que não perde a chance de massacrar um cristão quando tem essa oportunidade - matando, perseguindo e fazendo toda sorte de coisas - tudo é permitido e considerado lindo.
Entendo que ele possa sim fazer tudo que o artigo diz que ele faz mas por favor, se querem se respeitados, respeitem as outras religiões, também!
Maranata! Vem Senhor Jesus! Volta logo!”

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