19 de maio, de 2018 | 10:24

Sem polêmicas

Divulgação
Desde a Copa de 1990, a década que marcou de forma definitiva a abertura da porteira para os nossos craques, cada vez mais jovens e precoces, irem jogar no exterior, as convocações da seleção já não causam mais polêmica. Os motivos são vários, mas o principal deles, a meu juízo, seria o distanciamento da população em relação aos jogadores convocados, cuja maioria absoluta atua em outros países, sem possuir vínculos maiores com nossos clubes e, obviamente, com suas torcidas.

Quem já entrou na fase dos “enta” há de se lembrar das discussões intermináveis sobre qual clube cederia mais jogadores à seleção, ou do personagem de Jô Soares, insistindo, clamando ao técnico Telê Santana, para escalar pontas autênticos na seleção.

Então, na última segunda-feira, sem maiores contestações no rádio, nas tevês, nos bares, o técnico Tite convocou os 23 jogadores para tentar apagar a má impressão deixada pelo time em 2014, sobretudo o vexame de 7 x 1 sofrido na semifinal para a Alemanha, no Mineirão.

Considero Tite um técnico competente, capaz de levar a seleção ao hexa na Rússia, mas será preciso que tenha também sorte, pois como escreveu Nelson Rodrigues, “sem sorte um sujeito não chupa nem picolé. Morre antes, atropelado pela carrocinha de sorvete”.

Sorte x Azar
E parece que a sorte do Tite, aquela que ele tanto vai precisar na Copa, deu lugar ao azar neste começo, ou ao acaso, pois primeiro foi Neymar, nosso maior e talvez único craque de verdade, que se contundiu gravemente e, agora, às vésperas da convocação, foi a vez de Daniel Alves, que foi afastado do Mundial exatamente numa posição em que as opções de reserva são, digamos assim, bem mais modestas.

A convocação de Fagner, por exemplo, só se justifica pela relação de amizade e confiança com o treinador, que foi seu comandante no Corinthians, ou se Tite achar necessário escalar alguém com a missão precípua de dar pontapés e pancadas nos adversários, uma especialidade deste limitado lateral.

A presença de Neymar na Copa, para alívio não só de Tite, mas dos brasileiros, brasileirinhos e brasileirinhas, está sob a égide da incerteza, pois não se sabe ao certo como estará sua forma física e técnica até o início da Copa, daqui a um mês, depois de tanto tempo inativo.

FIM DE PAPO
• Vou aproveitar e arriscar um palpite, que vem a ser o meu time titular favorito para a estreia da seleção na Copa, daqui a alguns dias: Alisson, Danilo, Thiago Silva, Miranda e Marcelo; Casemiro, Paulinho e Philippe Coutinho; Willian, Gabriel Jesus e Neymar. Pode haver uma polêmica aqui, outra ali, em relação a este ou aquele jogador para ser o titular, mas nada que desqualifique o bom trabalho realizado até aqui por Tite e sua comissão técnica.

• Outra decisão acertada de Tite foi incluir o zagueiro Dedé, do Cruzeiro, na lista de espera, ou seja, a lista dos jogadores que poderão ser chamados para substituir colegas contundidos etc. Eis aí um caso em que não tenho dúvida: não fosse a contusão que o afastou dos gramados por quase dois anos, Dedé mereceria não só estar na lista dos 23 que irão à Copa, mas a titularidade na zaga.

• A grande virtude da seleção, que a torna uma das favoritas ao título, são os jogadores do meio para a frente. Nenhuma seleção no mundo possui tantos meias ofensivos e atacantes com o brilhantismo dos nossos atletas. Temos também ótimos volantes para marcar e iniciar, como Casemiro e Fernandinho, embora ainda falte um craque do tipo “camisa 10”, ou seja, aquele jogador que faça a rápida transição da bola em direção ao gol, o tal do “articulador”.

• O que se nota na imprensa, não só aqui, mas no mundo todo, é que Brasil, Alemanha, França e Espanha, não necessariamente nessa ordem, estão sendo apontados, e de fato são, os mais fortes candidatos ao título desta Copa na Rússia. Fora essas quatro seleções, acho que a Argentina, apesar da má campanha nas eliminatórias, pode surpreender mais do que todas as outras e por um só motivo: Lionel Messi.

• Se é para arranjar assunto ou o que discutir sobre a seleção nesta Copa, vale lembrar que apenas três jogadores que atuam no Brasil foram chamados por Tite: Cássio e Fagner (Corinthians), e Pedro Geromel (Grêmio). Dois são nascidos aqui nos nossos grotões: Danilo (Manchester City), revelado no América, nasceu em Bicas, cidade de apenas 13.653 habitante, lozalizada na microregião de Juiz de Fora, na Zona da Mata; e o volante Fred (Shakhtar), revelado pelo Galo, é de Belo Horizonte. Há ainda, na lista do técnico Tite, nove paulistas, quatro cariocas, quatro gaúchos, dois paranaenses, um catarinense e apenas um do nordeste, Roberto Firmino (Liverpool), que é de Alagoas.

• “No prédio da CBF, onde foi feito o anúncio da convocação, está escrita a frase: “Casa do futebol brasileiro”. Nosso futebol, tão reverenciado em todo o mundo, gostaria de viver em uma casa mais arejada, limpa, transparente e em que as pessoas tivessem orgulho de seus dirigentes, em vez de vê-los investigados, condenados pela justiça ou banidos pela Fifa”. Tostão, em sua coluna na “Folha de SP”. (Fecha o pano!)
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