15 de maio, de 2018 | 09:17
Câncer de bexiga: conheça os sinais de alerta e alternativas de tratamento
Tratamentos com imunoterapia, que estimulam as defesas naturais do corpo, abrem novas possibilidades para o controle de tumores em estágio avançado
Reprodução
O carcinoma de células transicionais é o tipo de tumor mais comum, com mais de 90% dos casos segundo o INCA

Embora ainda pouco divulgado, o câncer de bexiga está entre os tumores que mais acometem os brasileiros. Segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), são estimados 9.480 mil novos casos, sendo que é o sétimo tumor que mais acomete os homens¹. No mundo, são mais de 430 mil casos atualmente.
O carcinoma de células transicionais é o tipo de tumor mais comum, com mais de 90% dos casos segundo o INCA, e afeta as células do tecido interno da bexiga. De acordo com o Dr. André Fay, Chefe do Serviço de Oncologia do Hospital São Lucas da PUCRS, esse tipo de câncer é mais frequente em homens, sendo que o principal fator de risco é o tabagismo, responsável por 65% dos casos².
O tabagismo aumenta em três vezes a chance de desenvolver um tumor de bexiga” comenta o especialista. Após inaladas, as substâncias químicas presentes no cigarro entram na corrente sanguínea e são filtradas pelos rins. Quando a urina chega à bexiga, alguns componentes químicos do cigarro ainda estão presentes, contribuindo para danificar as células da região” explica.
O Dr. Fay destaca ainda que os principais sintomas de alerta são sangue e espuma na urina, dor ao urinar e episódios frequentes de infecção urinária. É importante salientar que os sintomas do câncer de bexiga podem ser confundidos com outras enfermidades menos graves, por isso todos os sinais de alerta não devem ser ignorados e investigados por um especialista” afirma.
Reativando o sistema imune
Segundo o Dr. André Fay, a maior parte dos pacientes é diagnosticada quando a doença já está localmente avançada, o que traz diversas limitações ao tratamento. Em tumores de bexiga, a média de idade para o diagnóstico é de 70 anos, faixa etária em que o tratamento tradicional com quimioterapia por vezes não é considerado mais uma opção segura, seja pela idade avançada, ou outras condições clínicas associadas” explica. Nesses casos, o tratamento com imunoterápicos vêm se mostrando uma alternativa promissora. Em linhas gerais, essa vertente de tratamento estimula o próprio sistema imunológico do paciente a atacar as células cancerosas.
Para entender melhor o mecanismo de funcionamento da imunoterapia neste tipo de tumor, é importante saber o papel da proteína PD-L1 nessa história: O ligante PD-L1 está presente na superfície das células cancerosas, e seu papel é inibir as células imunes que atacariam as células tumorais. Imagine que o tumor é um soldado”, que libera proteínas, ou ligantes, que se encaixam aos receptores dos linfócitos T que integram o sistema imune e impedem que eles iniciem um ataque. A ação dos imunoterápicos bloqueia os ligantes da doença. Consequentemente, o sistema imune se vê livre para começar a combater as células cancerosas” explica o Dr. Fay.
A análise da proteína PD-L1 ajuda os especialistas a identificar quais pacientes podem se beneficiar desse tipo de terapia. Estudos clínicos tem demonstrado que a expressão de PD-L1 pelos tumores de bexiga pode estar associado a um maior benefício clínico dos pacientes³. Nesse contexto, especialistas enxergam com otimismo os desafios para o tratamento do câncer de bexiga. A última década tem sido a mais promissora em avanços para esse tipo de tumor. Estamos observando ganhos que eram impensáveis algumas décadas atrás, com tratamentos que demonstram maior precisão e eficácia relacionada a uma incidência menor de reações adversas, o que é um ganho importante para o bem-estar do paciente” finaliza o especialista.
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