10 de maio, de 2018 | 08:56

Presos de Pará de Minas produzem cerca de 40 mil cigarros de palha por mês e preparam mais de 2 milhões de palhas

O trabalho manufaturado de fabricação dos tradicionais cigarros de palha emprega 53 detentos e reúne duas empresas do ramo em uma única unidade prisional

Divulgação Seap
Duas empresas de cigarros de palha instalaram na unidade prisional parte da sua produçãoDuas empresas de cigarros de palha instalaram na unidade prisional parte da sua produção

Uma tradição caipira e bem brasileira se tornou trabalho para 53 presos do Complexo Penitenciário Doutor Pio Canedo, em Pará de Minas. Duas empresas de cigarros de palha instalaram na unidade prisional parte da sua produção. De segunda à sexta-feira, das 8h às 17h, 39 detentos cortam e chapam a palha para a marca Adão Ribeiro e outros 14 presos e presas enrolam, preparam e embalam os cigarros para a companhia Rarys Cigarros de Palha.

Além da remição da pena, na qual a cada três dias trabalhados, um é reduzido da pena, os detentos são remunerados de acordo com a sua produtividade. Para o diretor-geral do complexo, Marcelo de Carvalho, as empresas contribuem substancialmente para o bom funcionamento da unidade.

"A parceria com as empresas é algo extremamente positivo: ocupa a mente dos presos, coopera para a segurança e para o processo de ressocialização. Além disso, proporciona aos sentenciados oportunidade de inserção no mercado de trabalho”, disse.

A firma homônima do empresário Adão Ribeiro está na unidade há quase seis anos. Nessa época ele estava à procura de mão de obra e não encontrava. Foi então que a antiga diretora-geral do complexo penitenciário, Sara Simões, sugeriu que ele levasse o trabalho para os presos da unidade prisional.

“Estou satisfeito com o resultado. Essa parceria não é importante só para mim e para minha empresa. Ela é importante porque damos a essas pessoas oportunidade diária de mudança de vida. É uma grande recompensa poder ajudar e contribuir com a causa”, ressaltou Ribeiro.

A preparação da palha da empresa Adão Ribeiro, utilizada na fabricação dos cigarros, também é realizada no Presídio de Pitangui, localizado na mesma região, onde uma fábrica de cigarro também está instalada e emprega dez presos. Cerca de 90% da palha usada pela empresa é preparada dentro da unidade prisional pelas mãos dos detentos. No galpão que ocupa em Pará de Minas, são 160 mil palhas preparadas por dia, dando um total de dois milhões por mês. O trabalho, que começou com dez presos, já chegou a 180 detentos contratados e é uma das parcerias que mais emprega mão de obra prisional na unidade.

Já a marca Rarys conta com salas dentro do pavilhão e está instalada na Pio Canedo desde maio de 2016. Seis detentas e oito detentos estão empregados no local. Patrícia Amaral Corrêa, de 49 anos, é uma delas. Desde o seu primeiro ano no complexo ela foi selecionada para o trabalho.

“São enormes os benefícios que eles nos dão, como remição em nossa sentença e remuneração. Mas, o mais importante é que nos trazem dignidade e a confiança de que, mesmo estando aqui presas, podemos acreditar que somos capazes de nos redimir e, quem sabe no futuro, vivermos como cidadãos dignos, prontos para viver do nosso suor e melhorar nossa qualidade de vida”, disse Patrícia.

Ressocialização – mais de 1/3 dos presos do Complexo Penitenciário trabalham
Desde a inauguração do complexo, presos do semiaberto trabalham em instituições públicas do municípioDesde a inauguração do complexo, presos do semiaberto trabalham em instituições públicas do município

Além da produção de cigarros de palha, o Complexo Penitenciário Doutor Pio Canedo também se destaca pela quantidade de presos trabalhando. Cerca de 1/3 de seus custodiados exerce alguma atividade laboral interna ou externa. No total, a unidade prisional possui oito parcerias com instituições públicas e privadas. O contrato com a Prefeitura Municipal é o mais antigo. Desde a inauguração do complexo, presos do semiaberto trabalham em instituições públicas do munícipio.

As atividades são diversas: auxiliar de cozinha, artesanato, limpeza urbana, fabricação de azulejos e pisos, fabricação de blocos de concreto, confecção de roupas, manutenção e limpeza da unidade.

Há três anos como diretora de Atendimento e Ressocialização, Sandra Adriana Ferreira, destaca o empenho da sua equipe em buscar cada vez mais parcerias que auxiliem o cumprimento de pena mais humanizado.

“O trabalho e a educação são essenciais para um bom funcionamento da unidade prisional. Estamos sempre tentando levar essas oportunidades para um número maior de presos. Vemos isso como um grande processo de ressocialização no qual eles vão retornar preparados para a sociedade, com qualificações e capacitação para conseguir um novo emprego e mudar de vida”.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
MAK SOLUTIONS MAK 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Luana

10 de maio, 2018 | 19:59

“Realmente temos que parabenizar a iniciativa!! Presos trabalhando com cigarro de palha e fumo...só o sistema...”

Envie seu Comentário