01 de maio, de 2018 | 17:34
Temer é hostilizado e deixa às pressas local de desabamento em SP
Presidente deixou o local rapidamente, protegido por escudo humano de seguranças. O carro em que estava foi chutado e atingido por objetos arremessados por populares

O presidente Michel Temer (MDB) foi ao largo do Paissandu, no centro de São Paulo, onde um prédio ocupado por movimento de sem-teto desabou nesta terça-feira (1º), depois de um grande incêndio.
Hostilizado, ele deixou o local rapidamente. O carro em que estava o presidente foi chutado e atingido por objetos arremessados por moradores e deixou o local às pressas. "Não poderia deixar de vir, sem embargo dessas manifestações, a final estava em São Paulo e ficaria muito mal não comparecer", disse Temer, sob gritos de golpista.
Segundo o presidente, as cerca de 150 famílias que moravam no prédio destruído receberão ajuda."Serão tomadas providências para dar assistência não só aqueles que perderam seus entes queridos, mas também a quem perdeu sua residência", afirmou ele, que ficou cerca de cinco minutos no local.
Temer deixou o local às pressas e na saída dos dois carros da comitiva do presidente uma jornalista chegou ser prensada entre os veículos. Ela, porém, não se machucou.
Ainda durante a madrugada, o governador de São Paulo, Márcio França (PSB) também foi ao local e disse que as famílias desabrigadas serão cadastradas e levadas para abrigos, e também podem se candidatar a receber aluguel social para procurarem um novo lugar para viver. Ele também chamou o caso de "tragédia anunciada".
"Não tem a menor condição de morar lá dentro. As pessoas habitam ali, desesperadas. Volto a repetir que essa era uma tragédia anunciada", continuou. De acordo com o governador, são pelo menos 150 imóveis ocupados irregularmente no centro de São Paulo, a maioria deles de particulares.
França também citou dificuldade em desocupar prédios por conta de liminares."Essa subabitação não tem solução, essas pessoas precisam ser tiradas daí. É preciso boa vontade e compreensão do Ministério Público e da magistratura para não dar liminares. Porque quando dão liminares, as pessoas vão ficando lá e quando acontece uma tragédia dessas todo mundo fica triste. Vamos torcer para que tenha alguém ainda vivo ali embaixo".
Durante a manhã, o prefeito Bruno Covas, , disse à imprensa que já estava em tratativas com a União para tomar conta do lugar. "A prefeitura agiu no limite de sua função. Cadastramos as famílias e já estávamos buscando receber esse prédio."
O prefeito acrescentou que agora a prioridade é prestar auxílio aos atingidos. Segundo ele, 191 pessoas foram atendidas nos abrigos da capital.

Cerca de 150 famílias que moravam no prédio que caiu foram cadastradas pela secretaria de habitação. Destas, 25% eram de estrangeiros. Bruno Covas não soube dizer quantos prédios estão invadidos na capital. "Sabemos que oito prédios do entorno estão na mesma situação deste que pegou fogo", afirmou o prefeito.
Antigo morador morreu tentado savar vidas dizem bombeiros
O Corpo de Bombeiros de São Paulo confirmou que um homem, antigo morador dp prédio, é oficialmente a única pessoas que morreu no incêndio. Ele foi identificado como Ricardo, que ajudou no resgate de pessoas no incêndio e que acabou sumindo sob os escombros do prédio desabado.
Ricardo tinha 40 anos e acabou ficando preso dentro do prédio em chamas em uma das muitas vezes que entrou para ajudar a resgatar vizinhos. Em uma das vezes, foi visto carregando quatro crianças.
Segundo o auxiliar de limpeza Cosme Alexo da Silva, 53 anos, que mora em uma ocupação vizinha, Ricardo teria ido do 7º para o 8º andar para ajudar duas crianças gêmeas e a mãe delas, uma coletora de material reciclável identificada como Selma. Moradores acreditam que a mulher e as crianças também estão no meio dos escombros.
Rauan Costa Neto, que mora em outro edifício próximo do que desabou, conhecia Ricardo, mas não soube dizer seu sobrenome. Ruan acredita que Ricardo tenha umairmã e 7 filhos, dentte eles 6 meninas e 1 menino.
Eu conhecia ele porque a gente trabalhava junto. Fazia carga e descarga e contêiner, com coisas da China, bolsa, brinquedo, essas coisas. Ele gostava muito de plantas. O apartamento dele era cheio de plantas. E de gatos", contou Rauan.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]