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09 de abril, de 2018 | 15:30

O AÇO, OS EMPREGOS E A SOBERANIA NACIONAL

Luiz Carlos Miranda *

“As indústrias de aço e de alumínio empregam mais de 200 mil trabalhadores no país”

“A política do olho por olho nos deixará todos cegos e o mundo em profunda recessão. Devemos fazer todos os esforços para evitar a queda do primeiro dominó. Ainda há tempo”. A assertiva do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, expõe com inequívoca clareza a perplexidade mundial com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar em 25% as taxas para aço e em 10% para alumínio comprado de empresas estrangeiras.

A defesa firme e intransigente do liberalismo econômico e da liberdade de comércio entre as nações sempre foi um dos pilares da economia e da geopolítica norte-americana. Entretanto, atropelando acordos internacionais, o mandatário norte-americano assume uma postura protecionista e contrária ao contexto de globalização dos mercados. Trata-se de um retrocesso que arranha as relações comerciais e diplomáticas obtidas a base de muita negociação e bom senso.

Essa sobretaxa ao aço e ao alumínio deve afetar em cheio as siderúrgicas brasileiras, caso não seja revista. A repercussão negativa e ameaças de retaliação, contudo, obrigaram os Estados Unidos a reverem as sanções a alguns países, dentre os quais o Brasil estaria incluído, juntamente com Canadá, México. União Europeia, Coreia do Sul, Argentina e Austrália também devem ficar de fora da cobrança.

Mas, temos que reconhecer, as cartas estão na mesa e o Brasil, que é o segundo maior exportador de aço para os EUA e cujas vendas representam um terço das nossas exportações do produto, deve estar alerta. Das 35 milhões de toneladas de aço bruto que o Brasil produz, 15 milhões são exportados para os EUA. O peso dos EUA é maior entre os produtos semimanufaturados - eles compraram 53% do total exportado pelo Brasil em janeiro deste ano. As indústrias de aço e de alumínio empregam mais de 200 mil trabalhadores no país.

Tão importante quanto defender a indústria do aço e a indústria de transformação que vêm se recuperando lentamente de uma grave crise, é imprescindível a defesa do emprego. Essa pode ser a oportunidade de o governo brasileiro fazer uma firme defesa da indústria siderúrgica e do emprego e adotar medidas que defendam os interesses e a soberania da nação.

Como defensor natural das causas nacionais, mineiro, metalúrgico e conselheiro da Usiminas, não devemos nos calar diante dessa afronta. Embora a Usiminas não esteja, ainda, diretamente afetada com essa medida, caso ela se concretize, não podemos permitir que uma decisão unilateral e hostil prejudique os postos de trabalho dos brasileiros e brasileiras. Portanto, com as restrições impostas pelo governo americano, poderá haver uma fuga para o Brasil do excedente de aço que deixará de ser exportado para os EUA, ai sim, o mercado nacional de aço e alumínio estará frontalmente atingido. A hora é de arregaçar as mangas, resistir contra essa atrocidade americana, para manter a soberania nacional e os empregos dos brasileiros na indústria do aço.

* Advogado e membro do Conselho de Administração da Usiminas.

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