08 de abril, de 2018 | 07:01

Lula inicia cumprimento de pena por corrupção e lavagem de dinheiro

Essa é a segunda vez que Lula entra para o cárcere; em 1980, o então metalúrgico paulista foi preso por incitar greve

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a primeira noite na cela especial na sede Polícia Federal em Curitiba, Paraná, para cumprir sua pena de 12 anos e um mês de reclusão por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá. Esse processo tem outros condenados em segunda instância que também serão recolhidos ao cárcere.

Depois de mais de 48 horas da expedição do decreto de prisão pelo juiz Sérgio Moro, o ex-presidente Lula, condenado pela Operação Lava Jato, entregou-se à Polícia Federal pouco antes das 19h de sábado (7).

Lula deixou o prédio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde refugiou-se nas horas seguintes à expedição do mandado de prisão, e seguiu para a superintendência da PF em Curitiba, onde cumprirá a pena.

Em último discurso, Lula convocou os aliados a se tornarem "milhões de Lulas pelo País". “Não adianta eles tentarem me parar. Eu não vou parar porque não sou ser humano, sou uma ideia e estou com vocês", disse. O ex-presidente tentou deixar o prédio às 17 horas, mas foi impedido por militantes contrários à rendição. Eles gritavam "cercar, cercar e não prender", enquanto dirigentes do PT pediam que saíssem dos portões do sindicato.

O ex-presidente entregou a agentes da PF, colocado em um carro, levado para o aeroporto de Congonhas e transferido para Curitiba em um avião da Força Aérea Brasileira. Do aeroporto de Curitiba, foi levado em um helicóptero para a cadeia.

A cela especial do político fica na cobertura do prédio da superintendência da PF. Essa é a segunda vez que Lula é preso. Em abril de 1980, o então metalúrgico paulista foi preso por incitar greve.
Lula, que já militava no meio sindical ficou 31 dias preso e foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional; no cárcere, ficou sem comer por dois dias.

Confronto deixou feridos

Manifestantes favoráveis ao petista entraram em conflito com policiais. Oito pessoas ficaram feridas, três precisaram ser hospitalizadas.

Gleisi Hoffmann, presidente do partido, se reuniu com chefe da PF para discutir presença de simpatizantes ao petista no perímetro da sede da superintendência. Era para ser um ato pacífico, mas terminou em conflito.

O tenente-coronel Mário Henrique do Carmo, informou que manifestantes arremessaram pedras contra policiais militares, que reagiram com balas de borracha. Um agente foi ferido na cabeça durante conflito. Segundo ele, as bombas de efeito moral partiram somente da Polícia Federal.

A Polícia Militar tinha sido chamada para manter isolamento no entorno da superintendência da Polícia Federal. Um quarteirão à esquerda e outro à direita do prédio foram fechados para garantir o funcionamento do órgão e atendimento ao público.

O comando da PM paranaense vai utilizar imagens da polícia e da imprensa para identificar a origem das duas explosões no meio do grupo petista que deram origem ao tumulto que terminou em conflito com policiais.


Repercussão internacional

O deputado espanhol Pablo Iglesias, cofundador do partido político espanhol Podemos, declarou apoio ao ex-presidente Lula. "Nossa solidariedade ao povo brasileiro que está lutando contra a deriva autoritária: liberdade para Lula!"

“Discurso de Lula antes da prisão imitou Martin Luther King”, manchetou nesse domingo do jornal espanhol El País. O estadunidense The New York Times informa: "Ex-presidente do Brasil termina impasse para ir à prisão".

Na Europa: "Lula decide se entregar e ir à prisão um dia depois do prazo da Justiça", noticiou o jornal espanhol El País. Em Portugal, o diário Público estampa frase do petista e destaca na capa: "Acabou. Lula da Silva entrega-se à polícia".