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03 de abril, de 2018 | 10:00

Governo de Minas Gerais economiza mais R$ 1,5 milhão por ano com a confecção de uniformes por detentos

Mais de 347 mil peças foram produzidas pelos próprios presos dentro de dez presídios do Estado em 2017. Em 2018 a produção já alcançou 98 mil unidades

Reprodução SEAP
Além da vantagem financeira, soma-se a profissionalização da mão de obra carceráriaAlém da vantagem financeira, soma-se a profissionalização da mão de obra carcerária

O sistema prisional mineiro funciona como um grande polo industrial têxtil. A instalação de confecções equipadas com máquinas de costura, corte e silk em dez unidades prisionais do Estado, todas administradas pela Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), garantiu a produção de 347.565 peças de uniformes e chinelos que são usados pelos próprios detentos do sistema prisional do Estado.

A produção com a utilização de mão de obra prisional garantiu aos cofres públicos uma economia de cerca de R$ 1,6 milhão em 2017. Nos dois primeiros meses de 2018 a economia já chega a R$ 370 mil.

Além da vantagem financeira, soma-se a profissionalização da mão de obra carcerária, a agilidade na produção e a pontualidade na entrega das vestimentas. As peças com maior índice de economia são as calças masculinas e femininas.

Produzidas pelas mãos de presos, elas custam atualmente R$ 15,50, mas se fossem adquiridas em licitação custariam R$ 23,50. Essas cifras da economia são calculadas a partir do preço médio do vestuário dos detentos no comércio varejista, comparando com todas as despesas necessárias para a produção.
Divulgação
Nos dois primeiros meses de 2018 a economia já chega a R$ 370 milNos dois primeiros meses de 2018 a economia já chega a R$ 370 mil


As fábricas estão instaladas na Penitenciária Doutor Manoel Martins Lisboa Júnior (Muriaé), Penitenciária de Formiga, Penitenciária Professor Jacy de Assis (Uberlândia), Penitenciária de Teófilo Otoni, Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho (Ipaba), Penitenciária Francisco Floriano de Paula (Governador Valadares), Presídio de Caxambu, Presídio de Itajubá, Presidio de Pouso Alegre e Presídio Floramar (Divinópolis).

Atualmente são 219 presos dedicados às atividades: 67 mulheres e 152 homens. De segunda a sexta-feira, em horário comercial, eles assumem seus postos em máquinas de corte de tecidos e diferentes costuras e ainda a silkagem de camisetas e calças, com a sigla Seap.

Os presos têm direito à remição de pena, ou seja, para cada três dias de trabalho, um a menos no tempo de sentença e parte deles recebe 3/4 do salário mínimo.

Para o diretor de Trabalho e Produção da pasta, Felipe Oliveira Simões, a utilização da mão de obra carcerária e das estruturas existentes nas unidades são de grande importância, pois vão de encontro à meta estratégica de aumentar o número de presos trabalhando no Estado.

“Os servidores que estão na ponta (unidades prisionais), são a força motriz do sistema prisional. Sem eles não é possível desenvolver esse importante trabalho de humanização”, diz Simóes.

Vai e volta de mercadoria

A cada três meses um caminhão sai do almoxarifado central, em Belo Horizonte, para fazer entrega de material nas unidades prisionais, em diversas regiões de Minas Gerais. O veículo não retorna vazio para a capital, o que significa também uma economia para o Estado.

Na semana passada, esse caminhão voltou do Sul de Minas, especificamente do Presídio de Itajubá, com quase 30 mil itens de uniforme: calças masculinas e femininas, camisetas masculinas e bermudas femininas.

A unidade possui três galpões separados para a confecção dos uniformes: um de corte de tecidos e silkagem, outro de calças masculinas e femininas e o terceiro destinado às camisetas.

A existência de um depósito de 300m² no Presídio de Itajubá torna a unidade uma espécie de apoio regional para algumas unidades próximas. No galpão são armazenadas as bobinas de tecido vermelho, com 2,20 metros de largura e 100 metros de comprimento, que chegam a pesar entre 35 e 38 quilos.

O diretor de Atendimento da unidade, Leandro Rodrigues Palma, tem sempre presos em processo de treinamento, nas várias etapas do processo de fabricação. “A mão de obra é nosso melhor recurso, basta saber aproveitá-la”, garante.

Leandro Palma tem notícia de um egresso de Itajubá que abriu uma confecção na cidade de Monte Sião, conhecida pela confecção de peças em tricô. “O aprendizado nas oficinas de produção de uniforme teve um significado tão importante na vida deste homem, que o tornou um empresário do ramo”, relata orgulhoso o diretor.

Outras duas cidades da região também são famosas pela produção de roupas: Borda da Mata e Jacutinga. O trio de cidades faz parte dos sonhos de alguns dos detentos que atuam nas oficinas de uniforme dos Presídios de Caxambú, Itajubá e Pouso Alegre. Muitos vislumbram o empreendedorismo no ramo de confecção em algum destes municípios quando ganharem a liberdade.

Almoxarifado Central

São 7 mil metros quadrados de área de armazenamento, no bairro do Morro Alto, em Vespasiano, sob a coordenação de Sander Junior Pinto de Oliveira. O almoxarifado central da Seap está sob a responsabilidade deste servidor, que ainda cuida da logística de todo o material recebido e enviado.

Esta semana foram enviadas para o Presídio de Ipaba 50 bobinas de tecido e, no local, encontram-se pilhas de peças de uniformes prontas para serem distribuídas: calças, bermudas, camisetas e casacos. Há ainda lençóis, também costurados por presos.

Sander Oliveira explica que somente 15% das camisetas são compradas, mas a meta é produzir todas as peças necessárias. “As unidades prisionais têm espaço, equipamentos e principalmente mão de obra para produzir toda a quantidade demandada. Estamos nos preparando para isto”.
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