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08 de março, de 2018 | 17:33

Denúncias de malversação de recursos públicos volta à tona em sessão da Câmara de Vereadores, que decidiu

O atual prefeito administra o município com base numa liminar do TSE em uma ação que tramita na Justiça eleitoral

Oscar Llorente
 Sessão da Câmara de Dionísio que decidiu encaminhar denúncia ao Ministério Público Sessão da Câmara de Dionísio que decidiu encaminhar denúncia ao Ministério Público

O município de Dionísio vive momentos de turbulência por causa de uma disputa política entre o grupo ligado ao prefeito Farias Menezes de Oliveira (PSL) e o ex-prefeito José Henriques Ferreira. Aliados até bem pouco tempo, o racha entre os dois trouxe instabilidade e é motivo de preocupação por causa da crise agravada pelo desemprego e a baixa arrecadação, entre outros.

O atual prefeito administra o município com base numa liminar do TSE em uma ação que tramita na Justiça eleitoral, por crime eleitoral durante a campanha de 2016 (ele teve a posse impedida pelo Juiz eleitoral de São Domingos do Prata e pelo TRE, este por 7 a 0, mas recorreu ao TSE, onde conseguiu a liminar até que seja julgado o mérito). Em junho de 2017, Farias chegou a ser afastado por 19 dias da prefeitura pelo TRE e só retornou após conseguir a referida liminar em Brasília.

O capítulo mais recente dessa disputa ocorreu na quarta-feira (7) quando a Câmara de Vereadores se reuniu com o plenário lotado para discutir a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar supostos “desmandos, indícios de corrupção e malversação de recursos públicos” do atual prefeito. A denúncia foi protocolada por José Henriques em fevereiro deste ano. Semelhante à outra denúncia encaminhada ao Ministério Público em 2017, o documento analisado pelos vereadores aponta três indícios de supostas irregularidades cometidas pela Prefeitura de Dionísio: gastos de R$ 589.362,04 com despesas de manutenção e conservação de veículos; pagamento de R$ 63.373 por serviços gráficos; e compra de kit escolar no valor de R$ 114.974.

Sem CPI

Para criar a CPI seriam necessárias as assinaturas de três vereadores, ou seja, um terço dos nove parlamentares. Entretanto, apenas o vereador José Geraldo Ferreira, o Zé Botelho (PSL), manifestou interesse em endossar o documento. Sem quórum, o presidente do Legislativo, José Ronaldo Mendonça, o Ronaldinho (PSL), foi orientado pela assessoria jurídica da Câmara a encaminhar um requerimento, anexado à denúncia e assinado por todos os vereadores, ao Ministério Público da comarca de São Domingos do Prata e ao Ministério Público Federal, em Ipatinga. Todos os vereadores assinaram o documento e a previsão era de que até esta sexta-feira ele seria protocolado nos órgãos mencionados.

A saída encontrada, além de aliviar a pressão sobre os vereadores - carros de som vinham rodando pelo município fazendo crer que a Câmara tinha poderes para cassar o prefeito -, economizou cerca de R$ 50 mil que seriam gastos com a instalação da CPI e o assessoria técnica. “Tudo isso é muito desgastante, gera insegurança na população e atrapalha investimentos no município”, cita Ronaldinho, lamentando que recentemente havia a possibilidade de uma empresa se instalar no distrito de Baixa Verde, mas com o cenário político atual, os investidores desistiram do empreendimento. Na quinta-feira, uma comitiva de políticos do município se deslocou até Aracruz (ES) para negociar com a Fibria a contratação de mão de obra local para o corte de eucalipto na região.
 O vereador Zé Botelho foi o único a defender instalação de CPI contra prefeito atual O vereador Zé Botelho foi o único a defender instalação de CPI contra prefeito atual

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Reclamações

Zé Botelho, por sua vez, defendeu a denúncia por entender que a situação no município é a mais precária possível. “Não tem veículos, a saúde está problemática, não tem obras. Onde nós vamos só recebemos reclamações. O prefeito tem que mudar o jeito de administrar porque como está não dá”, desabafou o vereador.

Já o vereador Carlos Humberto de Barros, o Kaká (PSL), entende que a cidade está vivendo um momento difícil, tumultuada e sem perspectivas. “Aqui é muito difícil as partes se sentarem para conversar e resolver o impasse”, avaliou. Para ele, encaminhar a denúncia ao Ministério Público foi a melhor alternativa encontrada.

Requentada
Para o procurador geral do município, Welington Venâncio, a denúncia protocolada na Câmara era requentada, pois é o mesmo assunto que já tramita no Ministério Público. Ele informou que, preliminarmente, “o MP apontou que não há irregularidades nas questões do kit escolar, da gráfica e da contratação de empresa para instalação de software para emissão de Nota Fiscal Eletrônica”. “Somente na questão da manutenção dos veículos é que foi decidido aprofundar as apurações”, explicou.






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