05 de março, de 2018 | 15:26

Bom clássico

Divulgação
O torcedor do Cruzeiro tem motivos de sobra para comemorar a vitória no clássico do último domingo, 1 x 0 sobre Atlético, pois, além de ter sido na casa do seu maior rival, o Estádio Independência, interrompeu uma sequência de quatro jogos desde o ano passado sem vencer o Galo.

Além disso, a vitória reabilita o time celeste da derrota para o Racing na Argentina, por 4x2, na estreia na Libertadores 2018, o que abalou o seu prestígio junto à torcida celeste. Achei que foi um bom clássico, disputado sob o forte calor do meio-dia em BH, horário atípico do futebol, que agrada a maioria dos torcedores e desagrada jogadores, técnicos, dirigentes e parte da imprensa.

Ao fim, triunfou a equipe de melhor qualidade técnica, um time mais entrosado e ciente do que deveria fazer em campo, que soube administrar o resultado favorável, mesmo com um jogador a menos desde o início do segundo tempo.

Aposta certa
O primeiro tempo foi equilibrado, truncado, com uma chance para cada lado, em cobranças de falta, através de Otero e Robinho. Logo aos 3 minutos, em jogada bem trabalhada do ataque celeste, Rafinha pôs o jovem Raniel na cara do gol e ele, com muita categoria, abriu o marcador para o Cruzeiro.

Três minutos depois, Edílson foi expulso infantilmente, após uma segunda entrada dura em Otero, o que obrigou o técnico Mano Menezes a sacrificar um atacante, Raniel, para recompor a defesa com Lucas Romero.
O interino do Galo, Thiago Larghi, apostou em Cazares no lugar de Roger Guedes, Tomás Andrade no lugar de Érik e Luan no de Patric, com o objetivo de melhorar a qualidade do passe e aumentar o poder ofensivo, mas o sistema de marcação do Cruzeiro foi perfeito e resistiu à pressão até o fim, garantindo a vitória.

O ex-jogador e ex-treinador Jair Pereira, que fez muito sucesso e ganhou vários títulos à frente de alguns dos principais clubes brasileiros nas décadas de 80/90, entre eles o próprio Cruzeiro, costumava dizer que “no futebol a estratégia correta é a que deu certo”.

Nesta linha de raciocínio, Mano Menezes foi muito elogiado e considerado vencedor do duelo dos treinadores, ao apostar no jovem Raniel, ao contrário do que fez e deu errado na Argentina, quando escalou Rafael Sóbis para substituir o artilheiro Fred, lesionado com cinco minutos de partida. Agora, Raniel, 21 anos, revelação da base do clube, fez o gol da vitória e se transformou no herói do clássico.

FIM DE PAPO
• Desta vez a arbitragem não saiu como vilã do clássico, apesar de algumas reclamações do lado atleticano, quanto à uma cotovelada do zagueiro cruzeirense, Léo, em Ricardo Oliveira, que poderia ter resultado na sua expulsão. Neste caso, o árbitro de vídeo poderia ter sido a solução se já estivesse sendo adotado aqui nos nossos grotões. O árbitro Cleisson Veloso Conceição estava de costas e não viu o lance.

• O domingo foi de muitos clássicos tradicionais do futebol pelo país afora. No Pacaembu, Corinthians e Santos empataram em 1 x 1, mas o que chamou mesmo a atenção foi o “apagão” que interrompeu a partida, assistida por 37 mil torcedores, por quase uma hora. Este foi o terceiro “apagão” no estádio em menos de um mês.

• Mais vergonhoso do que o “apagão” foi a atitude do prefeito de São Paulo, João Dória, que estava no estádio assistindo à partida, onde foi torcer para o Santos, seu time do coração, mas preferiu ir embora aos 22 minutos do 2º tempo, assim que a luz apagou, para não ter de dar explicações. O Pacaembu é da Prefeitura paulista e o prefeito atual quer privatizá-lo, por isso não estaria investindo o suficiente para conservar o mais tradicional estádio paulista em boas condições de uso.

• A grande vergonha entre os clássicos aconteceu no Campeonato Carioca, onde o Flamengo derrotou o Botafogo por 1 x 0, no Estádio Nilton Santos. Após ser expulso, Vinícius Júnior, atacante do Flamengo, enquanto saía de campo, foi vítima de um ato repugnante de racismo. É preciso deixar claro que racismo não deixa de ser crime por acontecer num estádio de futebol, sejam quais forem as circunstâncias.

• Dias atrás, o mesmo Vinícius Júnior, ao comemorar um gol marcado contra o próprio Botafogo, fez o gesto do “chororô”, algo simplório e infantil, mas que acabou atiçando a rivalidade imbecil com os botafoguenses. Desta vez foi uma senhora idosa a responsável pelo crime de racismo, chamando-o de “neguinho safado”, entre outras aberrações.

• É estarrecedora a frequência com que deparamos com gente que parece viver no século errado. O jogador de apenas 17 anos, e já negociado com o Real Madrid por R$ 140 milhões, tem todo o direito de comemorar os gols, desde que não faça gestos obscenos ou que atentem contra a moral e os bons costumes. Vinícius Júnior não só pode como deve levar o caso à Justiça, o que, aliás, se fizesse, contribuiria muito com a reeducação dos campos de futebol e até da sociedade. (Fecha o pano!)
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