03 de março, de 2018 | 11:30
Astral elevado
A vitória do Atlético contra o Figueirense, pelo jogo de ida da 3ª fase da Copa do Brasil, deixou mais elevado o astral dos jogadores para disputar o clássico, hoje, no Independência, em relação ao do rival, o Cruzeiro, que perdeu para o Racing, na Argentina, por 4 x 2, em jogo da Libertadores.Gostei da postura do time montado por Thiago Larghi, pois mostrou uma defesa segura, apesar da pressão do time da casa no início e fim do jogo, apostando mais uma vez na velocidade dos atacantes, o que tem sido a fórmula de sucesso do Atlético com o jovem técnico interino.
Jogo diferente e importante para os dois maiores rivais aqui dos nossos grotões, mas se, por um lado, o Cruzeiro tem um elenco melhor e mais entrosado, a motivação dos jogadores do Galo é maior em função dos resultados da semana passada, o que costuma influenciar.
Errar menos
Ficou evidente que o Cruzeiro, mesmo com um time formado na maioria por jogadores experientes, sentiu a estreia na Libertadores, competição que não disputava há três anos. O discurso politicamente correto do técnico Mano Menezes, após a derrota na Argentina, é compreensível, sobretudo quando disse que a Libertadores está só começando e o Cruzeiro estará firme na briga pela classificação”.
O dilema cruel e atroz que ficou para o torcedor celeste, após a derrota inesperada na Argentina, é o seguinte: perder na casa deles é normal, o que não pode é o Cruzeiro vacilar tanto, errar tanto em termos defensivos e ofensivos, pois não se pode culpar só a defesa, uma vez que foram inúmeras, várias, as chances reais de gols desperdiçadas pelos atacantes.
Também é preciso considerar os problemas ocorridos na véspera da estreia, com a morte do pai do goleiro Fábio, além de não poder contar com o lateral Edilson e o zagueiro Léo, impedidos de atuar por conta de suspensões em competições anteriores da Conmebol.
Agora é ter paciência e esperar uma volta por cima na Libertadores, dia 4 de abril, no jogo contra o Vasco da Gama, no Mineirão. E encarar o clássico de hoje com o Atlético como sendo o da recuperação, confiando em mais uma vitória dentro da casa do rival.
FIM DE PAPO
Não é de hoje que, no futebol sul-americano, procura-se copiar coisas que dão certo na Europa. Mas nem sempre o que é bom para eles é bom para nós, pois a diferença cultural e econômica é abissal. Por isso, sou totalmente contra a ideia da Conmebol de final única da Libertadores, em país neutro, como acontece na Liga dos Campeões da Europa. Ao invés dessa bobagem, a Conmebol deveria olhar com maior atenção e exigir dos clubes que tenham mais cuidado com os gramados e a segurança nos estádios.
As distâncias entre os países europeus são menores, o poder aquisitivo e as atrações dos times incomparavelmente superiores às nossas. Por exemplo: Barcelona x Bayern de Munique jogam em qualquer lugar do mundo com casa cheia, pois todos querem ver de perto Messi, Iniesta, Luis Suárez, Alaba, Vidal e Thomas Muller, entre outros craques. Mas, uma final entre Olímpia do Paraguai contra o São Caetano, como em 2002, no Peru ou no Maracanã, com certeza seria um fracasso de público.
Ninguém se assusta mais com denúncias de obras ou compras superfaturadas neste país. Por isso, a informação da própria CBF, de que no Brasileirão a vídeo-arbitragem custaria R$ 50 mil por jogo, não causou estragos. Em Portugal, o mesmo serviço custa R$ 5 mil por jogo, ou dez vezes menos. Um amigo dono de uma produtora de vídeo, que presta serviço a grandes empresas da região, informou à coluna que faria o serviço de vídeo-arbitragem a R$ 3 mil por jogo.
Houve, a meu juízo um exagero muito grande não só na cobertura da imprensa, mas nos cuidados tomados pela direção do hospital e do estafe do jogador Neymar, em relação à sua estadia em Belo Horizonte, para uma cirurgia no dedo mindinho do pé.
Depois a crônica o chama de mimado”, meninão” etc, mas nós mesmos acalentamos este seu jeito fora da curva. Neymar é uma personalidade mundial e tem mais é que curtir a fortuna amealhada como pop star do futebol, mas também não precisava tanta frescura, como um bloco cirúrgico exclusivo, suíte de 288 metros quadrados para ele e seus convidados, e por aí afora.
Vivemos em um país injusto, atolado na mais grave crise de corrupção da nossa história, e todo esse aparato visto em torno de Neymar, para um procedimento tão simples, soa como uma afronta para a maioria da população. Aquela mesma, que está desempregada, sofre ou morre nas filas do INSS para obter uma consulta médica, para fazer um exame que custa apenas R$100, nas filas dos hospitais, postos de saúde, ou atingida por uma bala perdida. (Fecha o pano!)
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