22 de fevereiro, de 2018 | 09:23

Tragédia de Mariana no palco

Grupo de Teatro Nervoso leva montagem ao palco em Timóteo

A maior tragédia socioambiental da história do país é lembrada pelo grupo Teatro Nervoso no espetáculo Rejeitos, uma criação coletiva dirigida por Camila Vaz. A peça será apresentada no domingo (25), às 20h, no Teatro da Fundação Acesita, em Timóteo, com ingressos a R$15.

O rompimento da Barragem de Fundão, no subdistrito de Bento Rodrigues (distrito de Santa Rita Durão), em Mariana, em novembro de 2015, deixou 19 mortos, devastou fauna e flora e poluiu a água da Bacia do Rio Doce até a foz no Oceano Atlântico.

O espetáculo traduz, em linguagem teatral, um intenso trabalho de pesquisa dos atores em artigos de jornais e notícias da mídia, fotos, vídeos e entrevistas com moradores atingidos pela catástrofe, explicou Camila Vaz.

Os fotógrafos Nilmar Lage e Rodrigo Zeferino, de Ipatinga, e Pedro Bastos, de Belo Horizonte, fizeram a cobertura fotográfica do acidente e cederam imagens dramáticas dos fatos.

O grupo participou ainda de palestra com Camila Brito, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) do Vale do Aço.

“O grupo foi impactado, sobretudo, pelos relatos dos moradores dos povoados de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana, e do município de Barra Longa, os mais prejudicados pela lama.

Os moradores desses lugares perderam amigos e familiares, perderam casas, memórias, objetos pessoais, dinheiro, empregos que dependiam do rio e da natureza e a própria relação entre eles e o espaço que habitavam”, detalhou a diretora.

O impacto do desastre na vida das pessoas foi convertido pelos atores em cenas individuais, apresentadas no palco pelo elenco formado por Nilmara Castro, Camila Mendonça, Natália Fonseca, Marcela Fernanda, Marisa Sathler, Júnia Reis, Monica Mendes, Nick Viana e André Rissi.

A diretora, Camila Vaz, formada em Teatro pela UFMG, acumula a função de sonoplasta do espetáculo. A arte visual é assinada por Gustavo Jácome, com apoio do fotógrafo Nilmar Lage.


Na trilha sonora, duas músicas falam do rompimento da barragem: Quando vale?, da banda belo-horizontina Djambê, e Homem versus Homem, do grupo Cavalo Motor, de Governador Valadares. A produção e iluminação é de Michel Ferrabiamo, com realização do Teatro Nervoso e Casa Cult.

O Grupo Teatro Nervoso está ligado à Casa Cult Darci Di Mônaco, espaço cultural criado em 2013 para divulgar a memória do pioneiro do teatro ipatinguense. Entre as atividades desenvolvidas estão a formação de intérpretes e a promoção de eventos artísticos e culturais.

O Teatro Nervoso nasceu do curso livre de teatro da Casa Cult, no qual apresentou a peça de mesmo home, do dramaturgo Luiz Carlos Góes. Rejeitos é sua segunda criação, recebendo novos atores e a direção de Camila Vaz, que também é atriz, dubladora e contadora de histórias.

Para a coordenadora da Casa Cult Isabella Ribeiro, Rejeitos traduz duas vitórias. “De um lado, a continuidade e amadurecimento do trabalho de um coletivo de teatro que nasceu em nossa casa.

E de outro, o nosso repúdio a um desastre ambiental que nos atingiu também em Ipatinga, e cujas reparações continuam ineficazes mais de dois anos depois. Esta é a nossa forma de não deixar que essa terrível tragédia seja esquecida” concluiu.

SERVIÇO:
Rejeitos
Grupo de Teatro Nervoso
Domingo (25) – 20h
Teatro da Fundação Acesita
Ingressos – R$15
Informações: (31) 98845-3319