
29 de janeiro, de 2018 | 16:30
Festa Azul
O Cruzeiro passou sufoco na primeira etapa, mas não decepcionou a sua torcida na região e de todo o Leste do estado, gente que, em alguns casos, viajou mais de 300 km até Ipatinga só para ver seus ídolos de perto.O time comandado pelo técnico Mano Menezes sofreu um gol no finzinho do primeiro tempo, mas conseguiu a virada na etapa final, através do artilheiro Fred, que marcou o primeiro gol neste retorno ao clube, e Rafinha, principal destaque individual da equipe, na vitória de 2 x 1 sobre o aguerrido Tombense.
A torcida celeste comemorou muito o resultado. Afinal de contas, o Cruzeiro não jogava na região havia 11 anos, desde que decidiu e sagrou-se campeão estadual, em 2006, ao derrotar o Tigre, naquela final histórica por 1 x 0. Que venham agora outros grandes jogos, grandes eventos não só do Cruzeiro, mas do Atlético também e de quem mais tiver interesse, o que será bom para todos os segmentos da comunidade regional.
Velhos erros
Só o futebol pode se dar a esse luxo. Vamos imaginar que uma peça de teatro ou um show da moda, desses hoje rotulados de sertanejo universitário” que andam bombando por aí, estreasse pedindo desculpas antecipadas, alertando para as improvisações, falta de entrosamento dos atores, músicos da banda etc e coisa e tal.
Claro que haveria consequências desastrosas, a começar pela ausência do público ou a sua escassez nos primeiros dias, causando um prejuízo financeiro e moral incalculável para os promotores.
Mas no futebol, o que tem sido visto de norte a sul do país é exatamente o contrário, onde as direções técnicas e jogadores dos grandes clubes, alegando falta de tempo para a preparação física e técnica neste início de temporada, usam este argumento para justificar o mau futebol apresentado.
Foi assim no empate em 2 x 2 do Atlético, domingo, no Independência, contra o modestíssimo Patrocinense, da simpática Patrocínio, cidade localizada na região do Alto Paranaíba, com apenas 90 mil habitantes.
Desta vez usando a equipe considerada titular, o Atlético apresentou os mesmos erros do passado recente, falta de criatividade no meio de campo, força e poder de definição no ataque, defesa mal posicionada. Além de uma passividade inexplicável. Foi, enfim, um resultado ridículo.
FIM DE PAPO
Meio sem graça, o zagueiro e capitão Leonardo Silva teve de responder ao fim da partida perguntas da imprensa amiga” da capital, sobre o trigésimo gol marcado com a camisa do Galo, fato que o transformou no maior zagueiro-artilheiro na história do clube. A marca é pessoal, e nada acrescenta ou traz algum ganho, ponto extra, nenhum centavo a mais aos cofres do clube.
Para se ter uma ideia da disparidade abissal a favor do Atlético, em relação à Patrocinense, basta dizer que toda a folha salarial daquele clube, segundo informação do seu presidente, Maurício Cunha, não ultrapassa R$ 140 mil por mês, o que vem a ser inferior, por exemplo, ao salário do lateral Patrick, reserva do Galo bastante contestado pela torcida alvinegra, que ganharia algo em torno de R$ 150 mil mensais.
O público pagante divulgado no Estádio Ipatingão, no sábado, no jogo entre Tombense x Cruzeiro, foi de 14.751 torcedores, com uma arrecadação de R$ 781.290,00. O site da Federação Mineira não divulga o borderô ou balanço do jogo, contendo a discriminação das despesas e receitas, mas o Tombense, por ser o mandante, deve ter recebido cerca de R$ 500 mil livres, deixando satisfeitos seus dirigentes. Caso tivesse jogado em seu acanhado estádio na cidade de Tombos, não lucraria mais do que R$ 100 mil.
Na sexta-feira (26), o Atlético ingressou na Câmara Nacional de Resoluções e Disputas da CBF contra o artilheiro Fred, solicitando o pagamento da multa contratual de R$ 10 milhões, caso se transferisse para o Cruzeiro até 31 de dezembro de 2018. O vice de futebol celeste, Itair Machado, prometeu uma posição oficial do clube para hoje à tarde, dizendo se vai pagar a multa em nome do jogador ou se deixará a decisão para a justiça trabalhista.
Se for levado para o lado jurídico, ao pé da letra, há controvérsias quanto à legalidade da cláusula contratual, que estipula a multa de R$ 10 milhões a ser paga pelo jogador Fred e que seria assumida pelo Cruzeiro. Pelo lado moral, paga-se, não se discute. Mas, desde priscas eras, o que vem a ser verdade e moral, no âmbito das relações entre os políticos, clubes, federações e demais atores do futebol no nosso país?
O ex-presidente Tancredo Neves costumava dizer que o que vale é a versão, e não o fato, ou a suposta verdade. Velha raposa da política aqui nos nossos grotões, Tancredo dizia que cada acontecimento tinha tantas avaliações que quase nunca se sabia o que realmente acontece, ou quem estava no seu direito, sendo de fato o justo, correto e verdadeiro. (Fecha o pano!)
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