22 de janeiro, de 2018 | 15:46
Futebol mediano
Na última coluna da série onde aproveito as férias e a falta de boas competições para analisar de modo mais detalhado o nosso futebol, farei hoje um balanço do último Campeonato Brasileiro, em tese, a maior competição e a mais importante do calendário nacional.O Corinthians, campeão, sem dúvida foi o melhor time disparado do primeiro turno, mas caiu de produção no segundo, onde chegou a fazer campanha de time rebaixado. Mas quando todos pensavam que a taça de campeão escaparia de suas mãos, acordou após a vitória de 3 x 2 sobre o maior rival, Palmeiras, engatando novamente a série de vitórias que o levariam ao título com três rodadas de antecipação.
Do ponto de vista da qualidade do futebol, não houve nenhum time no último Campeonato Brasileiro que pudesse ser considerado muito bom” ou ótimo”, o que fez do nível da competição e de seus participantes apenas regular, ou seja, sinônimo de mediano”. Analisando sob o ponto de vista da qualidade técnica, o próprio campeão, Corinthians, foi o melhor exemplo de futebol mediano”, pois em nenhum momento fez uma exibição de encantar a sua torcida.
Nossos representantes
O que dizer então dos nossos representantes? No caso do Cruzeiro, menos mal que tenha terminado em 5º lugar, mas em nenhum momento fez uma campanha de postulante ao título. A conquista do pentacampeonato na Copa do Brasil, o segundo mais importante torneio do nosso calendário, que lhe garantiu o direito de disputar este ano a Copa Libertadores, foi o que salvou a sua temporada, cujo desenho era de um grande fracasso.
Fez agora, de fato, boas e pontuais contratações, manteve o técnico Mano Menezes para continuar ao bom trabalho que vem realizando, mas, para ter alguma chance de conquistar pela terceira vez a Libertadores, terá de fazer a teoria se transformar em resultados práticos, pois nome só não ganha jogo e o rótulo de melhor elenco” do país não é garantia de nada.
No Galo, por razões financeiras, a nova diretoria mudou o perfil da equipe ao buscar no mercado jogadores mais jovens e que ainda querem um lugar ao sol, na contramão da política de contratações adotada pelos antecessores nos últimos anos.
Aproveitou também o fato de não se classificar à Libertadores para reformular o elenco, que terminou a temporada sob uma saraivada de críticas, por conta da faixa etária alta, além dos altos salários pagos a alguns jogadores que deram pouco ou nada do retorno almejado. Como diria o comentarista paulista, Roberto Avallone, o Galo este ano tornou-se um ponto de interrogação”.
FIM DE PAPO
Sempre ao final de cada temporada na Europa, a Fifa elege o melhor jogador do mundo, que recebe o prêmio chamado Bola de Ouro”. No mesmo evento, a entidade também divulga a sua seleção do ano, com os melhores jogadores em todas as posições. Em 2017, novamente a Fifa escalou um trio de atacantes na sua seleção, que não merece nenhum tipo de contestação: Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar.
Não por acaso, foram estes mesmos três que disputaram também o título de melhor do mundo em 2017. E ganhou novamente Cristiano Ronaldo. Agora, se há uma escolha fácil para mim, analisando somente este século do futebol, é esta de melhor jogador do mundo, cujo título ora tem ficado com o português, ora com o argentino. Os dois são craques indiscutíveis em qualquer ponto da história do futebol.
Cristiano Ronaldo é o mais festejado por quem dá muito valor às estatísticas, aos números, pois o que este português mais tem acumulado são títulos, recordes em marcas pessoais e com o seu clube, o poderoso Real Madrid, além da seleção de Portugal, em quantidade de gols, inclusive gols que decidem jogos e campeonatos. É um homem decisivo, matemático, ou para usar a palavra da moda na mídia: cirúrgico”.
No meu caso, depois de muitos anos de janela vendo o futebol um pouco diferente da maioria, sempre vou colocar o argentino Lionel Messi como o melhor do mundo, o que não atrapalha a admiração que tenho pelo português.
Aprecio mais o jogo bem jogado, espetáculo, os jogadores com suas atuações coletivas e individuais, dribles, passes, visão do campo, criatividade e improvisação. Nesses aspectos, a meu juízo, o craque argentino só não superou o maior de todos, o nosso Rei” Pelé, que, em uma entrevista dias atrás, também o considerou melhor que CR-7.
Quanto a Neymar, que outra vez ficou em terceiro lugar, penso que ainda não virou adulto, mesmo do alto de seus 25 anos bem vividos, abaixo de Ronaldo (32) e Messi (30). Penso também que Neymar está no caminho e tem tudo para chegar lá, talvez este ano, se levar o Brasil ao título mundial na Rússia.
Com a bola, indiscutivelmente, tem tudo para ser eleito o próximo número um do mundo. O problema está na cabecinha dele, que oscila muito, às vezes miolo mole, às vezes miolo cozido, às vezes cabeça de vento. Mas quando deixar de ser meninão e virar adulto, vai ganhar a Bola de Ouro fácil. (Fecha o pano!)
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