20 de janeiro, de 2018 | 10:01
Boa discussão
Neste primeiro mês do ano, tenho aproveitado o período insosso das competições na sua fase inicial, sobretudo os retrógrados estaduais, para abordar temas do futebol que ficam impossibilitados de uma análise mais detalhada no dia a dia, devido ao nosso calendário maluco, que prevê jogos quase três vezes por semana.Um assunto que nunca sai de pauta, e que sempre que é lembrado provoca discussões, teses, achismos vários, mas sobretudo muitas lamentações: a derrota de 3 a 2 da nossa Seleção para a Itália na Copa de 1982 e, consequentemente, sua eliminação precoce da competição há 36 anos atrás.
Não há, pelo menos lá fora, quem duvide ter sido aquela Seleção dirigida por Telê Santana, onde desfilavam craques da linhagem de Zico, Falcão, Cerezo, Sócrates, Éder Aleixo, Luisinho, Junior, entre outros, uma das melhores de todos os tempos, mesmo que não tenha levantado a taça de campeão.
Aqui no Brasil há uma certa implicância por ela não ter sido campeã do mundo, o que acabou respingando em alguns dos craques daquela época, como por exemplo Zico, que passou a ser considerado um jogador de Maracanã”, que só sabia jogar neste estádio”, tudo escrito assim entre aspas, para deixar mais claro que nada disso faz parte do meu pensamento, ou de quem sabe apreciar o bom futebol.
Faço aqui uma defesa de Zico, não que eu seja flamenguista, mas em nome de todos os outros craques daquela Seleção de 82, como Luisinho e Cerezo, responsabilizados injustamente pela derrota contra a Itália, como se fossem os únicos a errar naquela partida.
De mais a mais, Zico, Falcão, Cerezo, Luisinho, Junior, Sócrates, não deixaram de ser craques só porque não conquistaram uma Copa. Como Zizinho não conquistou, como Puskas e Di Stefano não conquistaram, como Cruyff não conquistou, como Lionel Messi ainda não conquistou e outros tantos craques do mais alto nível do futebol mundial.
Causou estragos
Cá entre nós”, como dizia o saudoso comentarista político Carlos Chagas, a derrota daquela seleção em 1982 nos causou um mal sem precedentes, sendo o principal, a meu juízo, o raciocínio grosseiro que passou a nortear o nosso jogo, que pode ser resumido assim: Se perdemos jogando bonito, temos que jogar feio para ganhar”.
Foi quando surgiu, com toda pompa, a filosofia do chamado futebol-força”, a partir da definição de que nossos jogadores de meio de campo tinham apenas de marcar, fazer faltas, parar as jogadas de qualquer jeito, quando nasceram os então chamados cabeças de área", que não sabiam jogar, só davam pontapés nas canelas dos adversários, quando o futebol brasileiro caiu na mediocridade.
Então abro um parêntese: não só o brasileiro, mas, em grau menor, o futebol de um modo geral, no mundo inteiro, retrocedeu.
A reabilitação um tanto tardia do jogo bonito veio neste século, começando pela Europa e, por incrível que pareça, chegando aos poucos ao Brasil (logo o pentacampeão mundial), como se manifesta agora na consciência de que volantes e zagueiros também têm que jogar com a bola no pé, sem esquecer nem mesmo os goleiros; que o passe, a troca de passes, é uma necessidade, e que a qualidade técnica só faz bem para o futebol do mundo inteiro.
Como tudo na vida, o futebol é cíclico, pois vivemos agora uma nova era onde a qualidade é fundamental, época de craques da mesma estirpe dos citados de 1982, como Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, que encantam o mundo e entram para a história, ganhando ou não uma Copa, o que aliás nenhum deles já conseguiu. Quem sabe daqui a alguns meses, na Rússia?
FIM DE PAPO
Daqui a pouco vamos respirar o clima da Copa do Mundo. O país vai parar novamente nos dias de jogos da seleção. Um nome certo na equipe do técnico Tite é o volante Paulinho, que no fim do ano passado estreou no Barcelona e já conquistou também a sua posição de titular em um meio de campo cheio de estrelas do time catalão, que pode ser uma tarefa tão ou mais difícil do que na seleção.
Paulinho pode ser um modelo para os jovens volantes que o futebol brasileiro está voltando a formar. O volante que sabe jogar bola, que sabe jogar com a bola, e que não apenas participa da marcação no meio de campo, como também se infiltra no ataque e na área do adversário para marcar gols.
Felizmente para o futebol mundial, e muito graças ao Barcelona montado por Pep Guardiola, que fez e ainda faz escola no mundo inteiro, já se foi o tempo em que a missão do volante era entrar em campo para dar porrada nos adversários. O tempo do chamado "cabeça de área", o jogador que sabia simplesmente marcar, já virou coisa do passado. E de um passado que esperamos nunca mais volte.
A primeira rodada do Campeonato Mineiro não mostrou surpresas. Cruzeiro e América venceram em casa o Tupi e Patrocinense, respectivamente, embora o Galo, com um time reserva, tenha tropeçado diante do Boa Esporte, porém, como o jogo foi em Varginha, o empate sem gols teve impacto menor.
O que chama atenção até aqui são os horários de alguns jogos, imposto pela emissora de TV detentora dos direitos de transmissão, com o do Cruzeiro x Caldense, ontem, às 21h30, em Poços de Caldas, além do confronto Galo x Raposa, dia 3 de março, domingo, às 11h, e ainda por cima no Independência, onde já se comprovou não haver as mínimas condições para sediar o nosso maior clássico estadual. (Fecha o pano!)
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