15 de janeiro, de 2018 | 17:19

Sobre o penta

Divulgação
A torcida do Cruzeiro terminou o ano de 2017 comemorando o penta na Copa do Brasil, conquistado com muito suor e sacrifício, depois de passar por adversários do calibre de São Paulo, Palmeiras e, na final, o Flamengo, numa decisão dramática por pênaltis.

O que chamou a atenção, não só nesta decisão entre celestes e rubro-negros, mas na maioria dos jogos disputados pelas competições do nosso calendário ano passado, sobretudo aqueles entre os nossos melhores times, é que todos eles, sem exceção, andam cerimoniosos demais na hora de atacar os rivais.

O que vem a ser isso? Cada vez mais cautelosos, cerimoniosos, fechados atrás com todos os onze jogadores marcando o adversário, para sair em contra-ataques, o que explica o grande número de vitórias dos visitantes em relação aos mandantes, sobretudo, no Campeonato Brasileiro.

Pode haver, sim, um ou outro mais ousado, mais corajoso, mas, em geral, parece que o nosso futebol, quero dizer, os times nacionais, estão perdendo o ímpeto, perdendo o espírito ofensivo, perdendo a “vontade de ganhar”, como na frase atribuída a Vanderlei Luxemburgo.

Méritos totais
Não quero com isso tirar o mérito do Cruzeiro na conquista da Copa do Brasil, de jeito nenhum, até porque nenhum outro time o mereceu, mas o jogo decisivo contra o Flamengo foi de uma enorme pobreza técnica, falta de graça, atração, espírito ofensivo que... francamente, nem de longe parecia uma decisão entre dois grandes clubes, que em priscas eras ou nos tempos recentes já tiveram elencos considerados excepcionais.

Sim, haja pênaltis, muitos pênaltis, para decidir um jogo como aquele, sem gols. Uma decisão em que os times, em dois jogos, 180 minutos de futebol, só fizeram um gol de cada lado. Quanta pobreza técnica!

Era o Cruzeiro de um lado, o Flamengo do outro, ambos cheios de cautela e de constrangimento para fazerem trabalhar os goleiros Muralha e Fábio, no tempo regulamentar. Isso, na decisão de uma Copa do Brasil.

Aliás, vale lembrar que Fábio e o contestado Muralha não trabalharam mesmo. Foi quase uma noite de folga para ambos, ou seja, os dois foram espectadores privilegiados.

Muralha apareceu mais em uma ou duas saídas atabalhoadas do gol, como é do seu feitio. Fábio apareceu no finzinho, aos 42 do segundo tempo, para salvar o Cruzeiro num chute de Guerrero.

Foi a melhor jogada de Guerrero, a melhor jogada do Flamengo e a melhor defesa nos 90 minutos. Fábio faria a melhor defesa da noite na cobrança de pênalti de Diego, para dar o título ao seu time.

FIM DE PAPO
Na esteira da conquista do pentacampeonato da Copa do Brasil, com o moral de ser o técnico mais longevo no trabalho entre os clubes da Série A, Mano Menezes foi aclamado pela torcida celeste e teve o seu trabalho reconhecido pela nova diretoria, que renovou seu contrato por mais duas temporadas.

As mudanças no atual elenco campeão não foram muitas, com a chegada de reforços pontuais de qualidade, entre eles o artilheiro Fred, para suprir uma lacuna há muito detectada, o que coloca o time celeste na rota para buscar o tri da Libertadores.

Mano Menezes também foi categórico e oportuno na sua primeira entrevista neste ano, ao rechaçar o rótulo de “melhor elenco” do país dado pela imprensa nacional e espalhado aqui nos nossos grotões pela mídia tupiniquim. O rival Atlético padeceu deste mal nos últimos anos e não soube como combater e se livrar deste pseudo e prejudicial “favoritismo”.

Na verdade, o atual time do Cruzeiro, quando tiver todos os novos contratados à disposição, terá que se desfazer de algumas características negativas, marca registrada de Mano Menezes nos times por onde passa. O time tem posse de bola e um falso controle do jogo, mas cria poucas tramas de perigo, poucos lances decisivos na área do adversário.

Mano reclamou muito da falta de um centroavante “definidor”, mas foi ele mesmo quem abriu mão de Ramon Ábila para valorizar o ineficiente Rafael Sóbis, além de avalizar a contratação do desmiolado Sassá. Agora terá à sua disposição Fred, mais decisivo e experiente, capaz de suprir a falta de gols da equipe, desde que o esquema tático da equipe o favoreça.

A torcida celeste já se acostumou a ver o time ganhar títulos importantes e não tolera dirigentes do futebol que vivem dando explicações ou desculpas burocráticas, convencionais e rotineiras diante de fracassos. Por isso aprovou as primeiras ações da nova diretoria, que saiu da mesmice e conseguiu - em tempo recorde - pagar dívidas urgentes, além de fazer contratações que a princípio agradaram.

Mas esta lua de mel só vai continuar caso o Cruzeiro ganhe títulos, a começar pelo Estadual, que não vale muito ou nada e mesmo assim não ganha há três anos, cuja estreia está marcada para amanhã, no Mineirão, diante do fraquíssimo Tupi, de Juiz de Fora.

Muito difícil, mas como estamos no início da temporada, e embora improvável, pode acontecer uma zebra. O foco, claro, é ganhar o tri da Libertadores, mas perder o Estadual novamente poderá causar danos e, dependendo do que vier acontecer, pode até comprometer o planejamento do ano inteiro. (Fecha o pano!)
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário


Mais Lidas