14 de dezembro, de 2017 | 13:55

Brasil é o país com maior concentração de renda do mundo

O estudo indica ainda que a desigualdade econômica está diretamente ligada à pobreza e somente a redução do primeiro problema pode combater o segundo

Marcos Santos / USP Imagens
Contexto social e econômico guarda relação, também com o índice galopante de crimes contra o patrimônio e a baixa escolaridade de uma camada expressiva da populaçãoContexto social e econômico guarda relação, também com o índice galopante de crimes contra o patrimônio e a baixa escolaridade de uma camada expressiva da população


Dados divulgados nesta semana mostram que o Brasil lidera a lista de países com a maior concentração de renda do mundo. A Pesquisa Desigualdade Mundial 2018, coordenada pelo economista Thomas Piketty, compilou dados entre 2001 e 2015 e mostra uma estimativa segundo a qual 27,8% de todo o dinheiro no país está nos bolsos de apenas 1% dos cidadãos. Os números destacam a desigualdade social brasileira e colocam o país à frente de países do Oriente Médio, onde 1% dos habitantes possuem 26,3% das riquezas.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo indicam que há limitações quando o assunto é medir a desigualdade no mundo, já que nem todos os países oferecem dados sobre a distribuição de renda. A saída é buscar contas públicas, dados de renda familiar, declarações de imposto de renda, entre outras fontes.

O estudo indica ainda que a desigualdade econômica está diretamente ligada à pobreza e somente a redução do primeiro problema pode combater o segundo. “A pobreza é essencialmente uma forma de desigualdade. Não acho possível separar as duas”, explica Marc Morgan Mil, responsável pelos dados do Brasil na pesquisa, em entrevista ao jornal El País.

Este contexto guarda relação, também com o índice galopante de crimes contra o patrimônio e a baixa escolaridade de uma camada expressiva da população.

Os 10% mais ricos

Levando em conta a faixa de 10% mais ricos da população, o país cai apenas uma posição, ficando em segundo lugar, atrás apenas do Oriente Médio. Por lá, 61% da renda fica nas mãos dos 10% mais ricos, enquanto por aqui a distribuição é ligeiramente menos desigual: 55% do dinheiro nas mãos dos 10%.

Menos poder

A pesquisa chama a atenção para a perda de poder dos governos mais ricos nas últimas décadas. “Desde os anos 1980, ocorreram grandes transferências de patrimônio público para privado em quase todos os países, ricos ou emergentes. Enquanto a riqueza nacional aumentou substancialmente, o patrimônio público hoje é negativo ou próximo de zero nos países ricos”, explica o estudo, destacando que isso atrapalha na hora de combater a desigualdade. Com menos dinheiro, o trabalho fica mais difícil.

Os menos desiguais

De acordo com o estudo, a Europa é a região com o menor índice de desigualdade. Na região, os 10% mais ricos detêm 37% do total do dinheiro. Por lá, há políticas mais rígidas para a evasão fiscal, regimes de cobrança de imposto de renda progressivos, entre outras medidas.
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