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07 de dezembro, de 2017 | 16:30

Se pudéssemos voltar ao passado...

O desligamento das áreas primárias da usina de Cubatão, em 2016, gera controvérsia até hoje. À época, alguns analistas entendiam que tal decisão era um procedimento tardio, dado o baixo nível da demanda e a instabilidade política que, no curtíssimo prazo, impedia sinais de retomada da economia brasileira. Por outro lado, quem conhecia mais de perto, era pressionado por uma decisão que inviabilizaria a retomada, no futuro, das operações. Segundo informações de fontes, o custo para recoloca-las em atividade é o mesmo ou até superior ao da construção de uma nova usina.

No entanto, uma reportagem divulgada pela Agência Estado, na quarta-feira (6), questiona a estratégia adotada em janeiro de 2016, pela Usiminas. Segundo a reportagem, a paralisação da área primária da usina de Cubatão, como medida para combater sua crise financeira, deve começar a pesar para a empresa.

Desde aquele momento, a companhia teve que repensar seu fornecimento de placas para laminar na usina e terá que encontrar uma solução, principalmente agora, que o mercado começa a dar sinais de alguma melhora. Segundo a reportagem, questionamentos em torno da decisão começam a ser feitos. Será que foi erro da antiga administração da companhia fechar a área primária, visto que sua reabertura não ocorreria em prazo menor do que cinco anos?
Ainda sobre a reportagem, consta que nos bastidores, a CSA, a principal fornecedora de placas para a laminação na usina de Cubatão desde a paralisação da área primaria. A CSA, recentemente, foi vendida para a Ternium, sócia da Usiminas e tem como foco o abastecimento da sua unidade mexicana, deficitária de placas, e que acaba de anunciar uma nova laminadora, o que aumentará a demanda.

Em 2015, conheci os parques industriais da Ternium no México e sua estratégia de produção que se concentrava na aquisição de placas. Ao contrário da Usiminas que é uma usina integrada, a Ternium “pega” o processo a partir da laminação (a quente e a frio), já na fase de acabamento sofrendo, em seguida, a imersão para revestimento em galvanização que lá, no caso, é realizado pela Tenigal (joint venture entre Ternium e Nippon).

Altamente dependente de fornecedores espalhados pelo mundo e expostos a problemas de toda sorte, tanto na geopolítica dos países de origem quanto às políticas comerciais internacionais, sobretudo, as setoriais relativas a de subsídios do aço, “fazer em casa” tornou-se prioridade para o grupo Ternium. Ao contrário do que se especulava, a aquisição da CSA não tem como foco o fornecimento de placas a terceiros (muito menos à Usiminas) e, sim, proteger-se à pressão de preços e outros inconvenientes da aquisição de placas por meio de outras siderúrgicas para que pudessem atender ao seu principal cliente, a indústria automotiva.

O que diz a Usiminas? Segundo a reportagem da Agência Estado, a Usiminas afirmou que faz parte de sua estratégia diversificar seus fornecedores de placas "tendo em vista as perspectivas de melhoria do cenário econômico interno". A companhia afirmou, ainda, que o fornecimento por parte da Ternium Brasil (ex-CSA) segue conforme memorando de entendimento assinado originalmente em junho deste ano e ratificado por unanimidade no mês de novembro passado pelo Conselho de Administração. Por outro lado, o desenvolvimento de novos materiais tem sido outra afronta à demanda pelo aço, o que torna desafiadora a capacidade de agregação de valor em novos tipos de aço conseguir torná-lo viável sempre em comparação a utilização desses materiais substitutos. Esta capacidade do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Usiminas poderá definir, com mais precisão, se foi erro ou acerto o fechamento das áreas primárias de Cubatão. Por ora, se pudéssemos voltar ao passado, acredito que a decisão seria, pelo menos, postergada.

* Consultor


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