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11 de novembro, de 2017 | 09:25

MARTINHO LUTERO E A DEFESA DA LIBERDADE DE PENSAMENTO

Hiltomar M. Oliveira *

Martinho Lutero foi um incansável e invencível lutador pela defesa do direito de liberdade de expressão individual, porque cedo compreendeu e viveu a angústia dos espíritos aprisionados no círculo de ferro da ignorância e da corrupção religiosa do início do Renascimento.

Embora destinado a ser um doutor da lei por seu pai, quando em uma viagem foi surpreendido por uma violenta tempestade, temeu por sua própria vida e fez a promessa de tornar-se monge.

Se o Direito, então, perdeu um grande talento, a defesa da liberdade humana, por meio da reta obediência à consciência, ganhou um defensor e um revolucionário implacável na pessoa de Lutero, que transformaria o cristianismo e assentaria um dos pilares da economia moderna, com a introdução do protestantismo como inspiração para o capitalismo moderno, segundo Max Weber.

Contrariando, ao mesmo tempo, o poder espiritual da Igreja Católica Romana e o poder dos reis e imperadores de seu tempo, pregava Lutero que a salvação do homem vem pela justificação pela fé. Esta sua crença fundamental foi o epicentro de uma revolução religiosa e política, que culminou nos movimentos conhecidos como Reforma e Contrarreforma e mergulhou a Europa na primeira grande guerra mundial da História: a Guerra dos Trinta Anos, que deixou o velho continente semidestruído.

Dotado de uma infatigável capacidade de trabalho (escreveu mais de 80 volumes), traduziu, pela primeira vez, a Bíblia no idioma alemão, rompendo com uma tradição milenar da Igreja e colocando o homem simples e ignorante em condição de entender a palavra de Deus sem interlocutores. Eis aí uma das grandes conquistas alcançadas graças a este espírito indomável e corajoso que não se curvou ao maior poder político e religioso de seu tempo.

Lutero defendeu, até o último suspiro, a fé na capacidade realizadora e de trabalho do homem, na possibilidade de ele poder obter a sua salvação através da fé, pela afirmação da liberdade de pensamento do indivíduo como instrumento contra as injustiças dos poderosos, o que bem expressou do seguinte modo: “Deus nosso Pai fez todas as coisas dependerem da fé de modo que quem tem fé tenha tudo e quem não tem fé nada tenha” e ainda: “Quando começamos a ter fé, começamos ao mesmo tempo a morrer para este mundo e a viver para Deus na vida futura. Assim, a fé é na verdade morte e ressurreição.”

Amado e odiado, amaldiçoado e abençoado, benquisto e malquisto, respeitado e controvertido, Lutero deu início a um movimento religioso que se espalhou pelo mundo inteiro, de tal forma que este nunca mais foi o mesmo depois dele.

Neste ano em que se comemoram os cinco séculos da Reforma Protestante, a Seccional do Vale do Aço do Instituto dos Advogados de Minas Gerais presta esta singela homenagem a este grande espírito defensor do maior e mais importante dos direitos do homem: o da liberdade.

* Presidente da Seccional do Vale do Aço do IAMG
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