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20 de outubro, de 2017 | 16:47

No que podemos confiar?

Semana passada, mais um escândalo ligado a indústria automotiva foi revelado e passou meio despercebida pela mídia brasileira, dado é claro, o vulto dos investimentos das montadoras em propaganda e marketing, razão pela qual, acredito eu, muitos fizeram cara de paisagem. Depois da Volkswagen estar envolvida em escândalo de falsificação de resultados de emissões de poluentes em motores a diesel (em setembro de 2015, a montadora admitiu que, para burlar inspeções, usou um programa de computador em 11 milhões de carros em todo o mundo), agora a indústria automotiva se tornou vítima ou até, quem sabe, cúmplice de uma das suas principais fornecedoras, a Kobe Steel do Japão. Novas revelações surgiram depois que a empresa admitiu, no fim da semana passada, que falsificou dados sobre a qualidade dos produtos de alumínio e cobre utilizados em carros, aeronaves, foguetes espaciais e equipamentos de defesa - um novo golpe para a reputação dos fabricantes japoneses para produtos de qualidade.

Caro leitor, afinal de contas: no que podemos confiar? Normalmente estereotipamos os produtos chineses e os que adquirimos no comércio do Paraguai como de qualidade duvidosa. Aceitamos pagar menos porque vale o risco de ele não cumprir o que prometeu. A fase da desconfiança com produtos japoneses remete-se a década de 1970 e já foi superada há muito tempo. O Japão, desde então, sempre foi exemplo a ser seguido, sobretudo, para quem estudou a Teoria Geral da Administração e conhece os benefícios do Toyotismo, do Kaizen, Kaban, CCQ e tantas outras. Da mesma forma, a honestidade alemã com seus equipamentos de infraestrutura industrial, de tecnologia médico-hospitalar e automotivos.

Passamos a ter que conviver com uma sofisticada “indústria” que cria a sensação de falsa segurança burlando fiscalizações, padrões e legislações. Tudo em nome do lucro a qualquer preço! Essa face do liberalismo econômico é jogada por debaixo dos tapetes pelos seus árduos defensores, como que tudo que se propõe, em teoria econômica, não tivesse prós e contras.

É duro dizer que mazelas que entendíamos como “made in brazil” manifestam-se em países de primeiro mundo. Em nome de uma competitividade desmedida vale tudo. Quantos recalls observamos nos últimos anos? O mais recente e confesso, decepcionante, é o da Nissan, montadora de automóveis cuja marca tornava-se “icônica” para a mídia especializada e era exemplo mundial de qualidade. A Nissan anunciou, no fim de julho, um recall para o reparo dos airbags fabricados pela empresa japonesa, Takata, responsável pelo equipamento que causou ao menos 19 mortes pelo mundo e resultou no maior recall da história. Air bag, meus senhores!!

Para lembrar
Ao todo foram convocados 145.902 carros pela Nissan. Entre eles, são 80.378 unidades que vão precisar trocar o gerador de gases do airbag do motorista dos modelos Tiida, Tiida Sedan, Grand Livina, Livina X-Gear e Frontier, fabricados entre 2012 e 2014. E outros 116.77 para a substituição do gerador de gases do airbag do passageiro, os modelos são o Tiida, Tiida Sedan e Frontier, fabricados entre 2007 e 2014. De toda a convocação, em 51.253 unidades precisarão ter trocadas ambas as bolsas infláveis.

Composição do Aço
O escândalo da Kobe pode parecer, na superfície, que seus clientes são vítimas de uma fraude. Por outro lado, não há garantias no underground dos altos negócios que se configure “bandidos” e “mocinhos”. Como resposta para o difícil momento que a siderúrgica está passando, O CEO da terceira maior fabricante de aço do Japão insistiu que os produtos atingidos não parecem oferecer riscos à segurança e afirmou que a empresa vai tomar ações rápidas e apropriadas quando encontrar casos que gerem dúvidas sobre a segurança dos produtos. Espera-se que as reputações de grandes marcas mundiais não continuem sendo afetadas por situações como essa. Precisamos continuar confiando...

*Consultor
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