08 de outubro, de 2017 | 12:15
Mudanças climáticas e falta de chuvas prejudicam a lagoa da Usipa
Uso excessivo de água rebaixa o lençol freático e as nascentes já começam a dar sinais da fragilidade; efeito prático é visto em seca assustadora de lagoa
A Associação Esportiva e Recreativa Usipa acompanha, com pesar, a precária situação da lagoa situada nas dependências do clube, que está com o volume do espelho dágua bem abaixo do normal. Dia a dia se vê a redução do nível de água. Embasado em informações técnicas do Centro de Biodiversidade da Usipa Cebus -, o clube esclarece:
A redução da oferta hídrica é causada por vários fatores:
- Climáticos: Com as condições meteorológicas causadas pelos fenômenos El Niño e La Nina, vivemos períodos de estiagem severa há alguns anos. Em 2017 a previsão não é diferente, com chuvas abaixo da média em grande parte do país, inclusive no Sudeste. A falta de chuvas ou sua concentração em períodos muito curtos dificulta a recarga do lençol freático e aumenta o escoamento, e com a pouca acumulação, a recarga fica comprometida.
- Consumo: Segundo informações da Agência Nacional de Águas (ANA), o consumo hídrico no país aumenta consideravelmente e em muitas regiões a demanda se aproxima muito da capacidade de oferta. Isso se deve ao aumento do tamanho dos reservatórios nas residências, ao desperdício e as perdas por vazamentos. A água que deveria estar acumulada nos lagos e no subsolo está nas piscinas e caixas dágua dos moradores ou escorrendo pelas ruas.
- Ambientais: Práticas ambientais inadequadas, desmatamento, queimadas, impermeabilização do solo e perfuração de poços artesianos sem autorização legal favorecem a escassez hídrica. Os poços artesianos não retratam o consumo real de proprietários e são fonte de desperdício; o aumento do consumo de água sem custo” custa caro ao meio ambiente. No solo, a impermeabilização dificulta a recarga em áreas críticas como as margens dos cursos dágua. As queimadas e desmatamentos retiram a cobertura vegetal e provocam o escoamento sem infiltração das chuvas.
Por que falta água na Usipa?
A Usipa é abastecida por uma nascente situada no Parque Zoobotânico da Usiminas, uma área revegetada na década de 1980 e que está em estágio avançado de recuperação, tendo sido transformada em Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) em 2016. Nesta área há três nascentes, mas só uma delas a que abastece a Usipa - continua ativa, porém, com vazão reduzida.
Existe uma quarta nascente fora da área do Parque Zoobotânico, em propriedade particular, mas que drena para a área do parque, não está preservada e também se encontra seca.
A Usipa é uma área com muito verde nas encostas, mas a área recuperada corresponde apenas a uma vertente dos morros que a circundam. As outras vertentes compõem os bairros Caladinho (Coronel Fabriciano) e Bom Jardim (Ipatinga), que se encontram totalmente degradadas com pastagens e grandes aglomerados urbanos e todos os problemas advindos do uso incorreto do solo, como impermeabilização, desmatamento e queimadas.
O crescente custo, irregularidade do abastecimento e medo da falta dágua aumenta o uso dos poços artesianos. O Vale do Aço usa a água captada de aluvião, ou seja, água dos rios acumulada no subsolo. Estudos mostram que a área aluvionar do Vale do Aço é extensa, graças ao terreno arenoso e relevo ondulado.
Mas o uso excessivo dessa água vem rebaixando o lençol freático e as nascentes já começam a dar sinais da fragilidade. A falta de água não se limita à lagoa da Usipa, mas a todo o Sistema Lacustre do Médio Rio Doce, que tem mais de 100 lagoas.
Muitas pessoas ainda acham que a água é um bem inesgotável e usam-na de forma inadequada por pensarem que não tem custo ou que ele está embutido no valor da conta do clube ou do hotel. A Usipa busca formas de reduzir o consumo e orienta funcionários e associados sobre o desperdício. Ainda assim, tem um consumo de água volumoso para a época de escassez atual.
Conclui-se que o desrespeito ao meio ambiente, a falta de visão de futuro e a ideia errônea de que a água é um recurso ilimitado levaram à realidade vista hoje na Usipa e em diversos recursos hídricos de Minas Gerais e outros estados. A Usipa sabe da importância da reeducação e trabalha para isto, mas, infelizmente, a situação da lagoa escapa de seu controle.
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Professor João Fernando
09 de outubro, 2017 | 17:09Uma realidade que a Usipa poderia ter evitado! Isso era previsível Usipa e vcs sabiam que essa situação iria chegar nessa calamidade e nada fizeram por não entender que o meio ambiente é uma prioridade.
Vejam bem o reflexo da administração:
Não somente o nível da lagoa que está escassa mas também esta a cada ano mais escasso o seu número de associados.
Será por que?
Será por que a Usiminas deixou de ser a maior patrocinadora do clube? Deixou de ser uma empresa cidadã?
A Usiminas deu uma banana para a Usipa e hoje ele não tem recursos nem para se manter. A lagoa é esse reflexo e não apresente desculpas climáticas ou vizinhos alheios, a questão é a falta de investimento.”
Emilio
09 de outubro, 2017 | 13:59Inacreditável, lamento profundamente.Clube que frequentei por muitos anos junto com familiares.”
Adalberto Jose dos Santos
09 de outubro, 2017 | 01:13Muito lamentável ver a lagoa da usipa nessa situação, que não é diferente de outros mananciais de nossa região e de praticamente de toda a região sudeste. Tenho uma pequena propriedade dentro da zona de amortecimento do parque estadual do rio doce (perd) e acompanho a diminuição da água a cada ano, ao ponto de cursos d'água que atravessam o perd para desaguar no rio doce, estarem secos. É muito preocupante!”
Arthur
08 de outubro, 2017 | 20:21Vamos continuar abarrotando o vale do deserto doce com eucalipto meus amiguinhos... da nada não, pode confiar...”