07 de outubro, de 2017 | 10:14

Caminhão de melancias

Diz um ditado aqui nos nossos grotões que “prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”. Não gostaria de tocar nesse assunto, mas tornou-se inevitável, pelo fato do Cruzeiro pós-eleição ter se transformado em um autêntico barril de pólvora. No olho do furacão está o ex-presidente e fundador do Ipatinga, Itair Machado, que a meu juízo, teve mais acertos do que equívocos à frente do Tigre.

Seria cretinice de minha parte não reconhecer sua luta, pois iniciava o mês devendo R$ 1 milhão de reais, não tinha fontes seguras de arrecadação, então saía feito louco captando recursos para pagar fornecedores, jogadores, funcionários, e ainda tinha de se preocupar com o time em campo. Nem sempre conseguia, atirava para todos os lados, magoou muita gente, mas era o que podia fazer pela sobrevivência do clube.

E para quem hoje o acusa de ter levado o Ipatinga à falência, a realidade é bem outra, pois o clube só não fechou as portas graças ao seu apoio financeiro, dado a todos os presidentes que o sucederam, desde a malfadada aventura de transferir a sede para Betim, em 2012.

Penso que agora, mais maduro, tendo à disposição uma estrutura com a grandeza do Cruzeiro, Itair Machado pode ter êxito e ganhar títulos importantes, deixando seu nome escrito positivamente na história gloriosa do clube. Há cerca de dois anos não conversamos sequer por telefone, mas daqui vai um conselho ao amigo Itair: ouça mais, fale menos, espere a poeira baixar. O futebol, dizia o saudoso Osvaldo Faria, é como uma carga de melancias, que só se ajeita com o caminhão em movimento.

Não digeriu
A torcida do Atlético ainda não digeriu o fracasso do time na final da Copa Primeira Liga, quando perdeu o título nos pênaltis para o modesto Londrina, um time pequeno do interior do Paraná, que disputa a série B nacional.
A equipe teve uma pequena melhora com a chegada do técnico Osvaldo Oliveira, mas a fase ruim de alguns jogadores importantes, além da ruindade de outros, tem comprometido os resultados.

Para piorar, na quarta-feira, no Independência, contra o São Paulo, adversário direto na luta para fugir do rebaixamento, além de Elias suspenso, o capitão Léo Silva vai ficar de fora de novo, por conta de uma contusão muscular. E aí... deve jogar o fraquíssimo zagueiro Felipe Santana.

Neste caso, recorro ao bordão do jornalista Renato Maurício Prado, ex-Fox Sports: - “Peguem os coletes salva-vidas, rápido, rápido... Todos aos botes”!

FIM DE PAPO
O Ipatinga tem hoje um jogo-chave contra o Democrata, em Sete Lagoas, visando o acesso à Segunda Divisão estadual, em 2018. A partida começa às 10h, na Arena do Jacaré, com ampla cobertura da imprensa regional. Além da transmissão tradicional pela Rádio Vanguarda AM, os jogos do Tigre podem ser vistos ao vivo na TV Cultura/canal aberto e cabo ou pela internet. O sucesso de audiência é comprovado pelos milhares acessos e manifestações nas redes sociais.

Em campo, o time do atacante Paulo Henrique, artilheiro dessa “terceirona” com 14 gols, tem correspondido. O Ipatinga lidera com 28 pontos ganhos, e se vencer hoje ficará 5 pontos à frente do Democrata, terceiro colocado. Classificam-se dois e faltam cinco rodadas para o fim da disputa, mas o Tigre folga numa delas.

A expectativa é que a classificação seja confirmada contra o Atlético B, no próximo sábado, quando são esperados mais de 10 mil torcedores no Ipatingão, o maior público do ano, aumentando ainda mais sua boa média de 4 mil por partida, superior à do América na Série B nacional.

Há muito tempo a Seleção Brasileira não me traz empolgação, bem como à maioria dos torcedores. O fato da maior parte dos jogadores atuar no exterior, sem vínculo com os clubes nacionais, contribui para este afastamento, mas há também o descrédito causado pelos escândalos mundiais recentes, envolvendo nossos principais dirigentes. O trabalho do técnico Tite à frente da Seleção, este sim, sem nenhuma dúvida, é digno dos maiores elogios.

Mais um cartola velhaco caiu na rede da Polícia Federal. Agora está preso Carlos Arthur Nuzman, simplesmente o presidente do Comitê Olímpico Nacional (COB), encarregado de coordenar, fomentar, organizar todos os esportes especializados no país. Nuzman tinha tudo para passar à história do esporte nacional como um grande dirigente, mas pisou no tomate.

Incrível como ainda não pegaram o presidente da CBF, que não pode sequer sair do país sob risco de ser preso, além dos dirigentes dessas federações estaduais que dão sustentação e se beneficiam do esquema nefasto, que há décadas domina o futebol nacional. (Fecha o pano!)