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02 de outubro, de 2017 | 17:12

Absurda violência

Margarida Drumond de Assis

É mesmo de causar terror à população brasileira o crescimento da violência que vem se dando em todo o país. Em locais onde antes se ouvia dizer sobre assaltos que ocorriam à noite, hoje é comum ver-se reportagens dando conta de que os bandidos ali estão agindo até mesmo de dia, sem qualquer constrangimento. E o que dizer então de regiões, aonde a violência vem num crescendo, como a que temos visto, ultimamente, no Rio de Janeiro? Os tiroteios que por mais de uma semana ocorreram na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, são prova inconteste dessa grave situação.

Tudo começou no domingo (17) do passado mês de setembro, quando dois criminosos de uma mesma facção, até o ano 2000 aliados, passaram a caçar um ao outro e integrantes, no intuito de trazer para si o domínio do tráfico na favela da Rocinha: um tiroteio iniciado e que vai chegando ao décimo dia. O país acompanha incrédulo a esse terror, e o pânico já se instalou naquela capital: pessoas têm evitado sair de suas casas; crianças nem à escola estão indo; os campos de futebol também deram mostra do impacto dessa violência com a diminuição do público assistindo aos jogos.

Estranho é que nem com a presença da polícia e das Forças Armadas, ali atuando para combater traficantes de drogas fortemente armados, o tiroteio cessou. E mil homens de tropas federais ocuparam a comunidade, no que repercutiu em mais tiroteio na Rocinha. Eram embates entre os criminosos de facções, a de Rogério Avelino, o Rogério 157, e a de Antônio Bonfim Lopes, o Nem, e também entre os que compõem uma mesma facção. Como se diz, é tiro pra todo lado! Com isto, o pavor vivido pelos moradores da Rocinha e dos da cidade como um todo, pauta-se, e muito, no fato de os bandidos terem armas potentes, como fuzis e granadas. Além do mais, sabe-se que a eles a vida pouco ou nada importa. A Polícia Civil do Rio, conforme divulgado, logo registrou a morte de três homens, todos eles envolvidos no crime, além de um adolescente de treze anos baleado. Dentre os homens, dois seriam de uma organização criminosa, enquanto o outro teria roubado um carro naquela favela. Também se registrou apreensão de nove fuzis e dez granadas, enquanto mais de vinte mandados de prisão saíram, sendo cinco efetivadas, e hoje muito mais se constata estando dezenas de traficantes envolvidos nos tiroteios, mais apreensões feitas enquanto outros vão sendo indiciados.

Nada fáceis os tempos que vivemos e, para aflição geral, piores vêm se tornando dia a dia: de um lado, a morte literalmente falando, por armamentos pesados e assaltos, com os bandidos agindo indiferentes até mesmo às câmeras de segurança; de outro a morte de sonhos de tantos brasileiros, à mercê de inescrupulosos governantes que nos tiram o direito à segurança, à saúde, à educação. Só na Rocinha, nestes dias, mais de 3 mil crianças estão sem poder ir às aulas. A comunidade vive em dificuldades, tenta se manter com seus vencimentos, muitas vezes parcos, para cobrir as despesas diárias; já os traficantes, estes, não, vivem ancorados na garantia de que têm quem lhes compre a droga, convictos então de altos rendimentos. Daí, sem dúvida, o poderio que ostentam com suas casas luxuosas e armas muitas vezes de uso restrito das forças de segurança. E nos perguntamos até quando essa absurda violência?

* Professora, jornalista e escritora, 40 anos de literatura, 16 livros editados. Contato: [email protected], www.margaridadrumond.com.

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