01 de outubro, de 2017 | 09:30

Especialista alerta sobre Leishmaniose: “De 100 exames, cerca de 70 dão positivo”

O gerente do Centro de Controle de Zoonoses em Ipatinga, médico veterinário Fernando Anacleto, admitiu que a situação é preocupante na cidade com o maior número de casos da doença, na região

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A vacinação nos cachorros é uma forma de prevenir a leishmaniose visceralA vacinação nos cachorros é uma forma de prevenir a leishmaniose visceral
O Vale do Aço registrou, ao longo desses últimos quatro anos, 163 casos de Leishmaniose, dos quais 97 são de Ipatinga, 21 de Coronel Fabriciano, 38 de Timóteo e 7 de Santana do Paraíso. A informação é da Superintendência Regional de Saúde (SRS), em Coronel Fabriciano. Em todo o estado, a doença já levou à morte 43 pessoas este ano, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde.

O gerente do Centro de Controle de Zoonoses em Ipatinga, médico veterinário Fernando Anacleto, admitiu em entrevista ao Diário do Aço que a situação é preocupante na cidade com o maior número de casos da doença, na região.

Anacleto relata que, há 10 anos, o Vale do Aço vem registrando aumento de casos de Leishmaniose em cães e em humanos, tornando-se uma grande preocupação para o centro de zoonoses. “Em 2017, tivemos três casos de óbito. Vale ressaltar que dois deles iniciaram tratamento em 2016 e tiveram óbito neste ano. As crianças e os idosos são os que possuem maiores riscos de morte”, salienta.
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Fernando Anacleto alerta sobre sintomas, prevenção e ações para enfrentar a LeishmanioseFernando Anacleto alerta sobre sintomas, prevenção e ações para enfrentar a Leishmaniose

O veterinário explica que há duas patologias distintas. Uma é a Leishmaniose Tegumentar Americana, e a outra a Leishmaniose Visceral. “A primeira é uma patologia que acomete o homem e, eventualmente, pode acometer o cão, porém, tem como reservatório os animais silvestres e o vetor também é outro. Já a Leishmaniose Visceral, que tem a canina e humana, possui como maior reservatório o cão”, detalha.

Sintomas
Fernando Anacleto explica que são vários os sintomas nos casos de Leishmaniose. A sintomatologia maior é o emagrecimento progressivo do cão, às vezes alguma lesão em ponta de orelha, na cauda ou em outra parte do corpo. Mas ao mesmo tempo em que surgem vários sintomas, às vezes pode não ter sintomatologia nenhuma. É uma doença muito silenciosa”, explica.

Nos seres humanos, os principais sintomas da leishmaniose visceral são febre intermitente com semanas de duração, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia, palidez, aumento do baço e do fígado, comprometimento da medula óssea, problemas respiratórios, diarreia, sangramentos na boca e nos intestinos.
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Leishmaniose é transmitida por um mosquito, quase invisível, o flebotomíneo, que se reproduz em meio a matérias em decomposiçãoLeishmaniose é transmitida por um mosquito, quase invisível, o flebotomíneo, que se reproduz em meio a matérias em decomposição

Exames
Em relação aos exames, o gerente aponta os procedimentos que são feitos no Centro de Zoonoses para descobrir se o animal possui Leishmaniose. “Atualmente, fazemos dois exames. Tem um em que a gente coleta uma gotinha de sangue. Essa é uma triagem para fazer o segundo exame. Nos casos que dão positivo, coletamos o sangue do animal e mandamos para um laboratório de referência. Se lá der positivo também, esse cão está contaminado com leishmaniose visceral”, informa.

O gerente acrescenta que a média dos resultados de leishmaniose é considerada elevada. “Hoje em dia, de 100 exames que enviamos para o laboratório, 73% estão dando positivo nos cães”, destaca.

Tratamento
Fernando Anacleto explica que o tratamento para um cão infectado varia entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil, e deve ser feito a cada seis meses. “Porém, não existe a confirmação de cura para o animal. “Por isso que é muito preocupante, porque o cão está próximo ao homem e é uma patologia que tem um índice de mortalidade muito alto, quando atinge humanos”, observa.

Prevenção
O veterinário lembra que há meios de se prevenir a leishmaniose dentro de casa. A doença é transmitida por um mosquito, quase invisível, conhecido como flebotomíneo. O inseto se reproduz na matéria orgânica em decomposição. Com isso, medidas práticas como manter o quintal sempre limpo, sem folhas, sem fezes de animais e sem galinheiro é a primeira ação. “E existe também repelente para usar no cão. Além disso, as pessoas devem procurar orientações de veterinários ou até mesmo do centro de controle zoonoses”, explica.



Dedetização
Fernando Anacleto explica que, caso a pessoa descubra que seu animal foi contaminado, ela pode pedir para que o Centro de Controle Zoonoses dedetize a sua casa. “É possível agendar, mas é uma dedetização muito complicada, porque faz diretamente na parede, tem que remover todos os móveis da casa. Mas é feita focando em uma parte da casa, porque o mosquito não tem o voo muito longo, então não varia muito de lugar”, conta.

Inquérito canino
Segundo o gerente, atualmente o Centro de Controle de Zoonoses tem como missão de realizar um inquérito canino em Ipatinga para ver quantos cães tem na cidade, e a partir daí, realizar um estudo das áreas de maiores contaminações e fazer a triagem em todos os cães dessas áreas para obter a situação real da cidade. “O kit que a gente recebe é do governo e temos uma cota por mês de recebimento, então não está abrangendo ainda toda a cidade, por isso estamos fazendo um inquérito canino. Assim, junto com o estado, vamos tentar uma abrangência maior de números de animais pesquisados na cidade”, conclui.

Repórter: Tiago Araújo
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